segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Thelema; uma das muitas religiões que surgiram no advento desta nova era. Com pouco mais de uma centena de anos, e desconhecida pela grande maioria da população mundial, este novo formato de fé que mistura filosofia, religião, política, misticismo e magia, ainda levanta muitos questionamentos sobre suas práticas e fundamentos. "O quê significa isso?", "Faze o que tu queres? Então posso fazer o que eu quiser?", "Crowley? Aquele satanista?", "Mas vocês acreditam em Deus?"...Muitos hão de pensar que tais questões estão exclusivamente ligadas ao vulgo, aqueles que estão de fora, que apenas ouviram falar sobre essa estranha palavrinha grega e seu Profeta...mas será que esta é de fato a realidade?

Segundo os fundamentos thelêmicos, para declarar-se thelemita o indivíduo precisa apenas: aceitar o Livro da Lei como livro sagrado e Faze o que tu queres!*

A aparente simplicidade destes pré-requisitos, podemos supor, servem com perfeição aqueles que veem em Thelema apenas um sistema filosófico ou de fé, pura e simplesmente. Entretanto, não demora muito para que qualquer um perceba em seu conteúdo, uma série de detalhes ocultos e intrincados, que se apresentam sem qualquer aviso prévio aos incautos.  Thelema é uma religião complexa, repleta de elementos absorvidos de outras religiões e sistemas esotéricos, que formam não apenas sua cosmogonia como essencialmente sua aplicação prática.

Para aqueles que não se pretendem aprofundar em sua complexidade; pensamento e crença são suficientes. Para todos os outros, muito estudo e fundamento são uma 'obrigatoriedade'! E é com foco nesta ideia que David Shoemaker nos apresenta seu livro "Living Thelema", publicado pela editora Anima Solis Books, com 274 páginas e 30 capítulos. Living Thelema não é um livro para iniciantes, sua terminologia e citações diversas deixam claro que se este é o seu primeiro contato com o tema, é melhor começar com um livro mais introdutório. Ainda sim, Shoemaker inicia seu título com um capítulo inteiro dedicado a cabala e sua influência dentro do sistema thelêmico.

Dividido em três partes, o autor nos fornece informações práticas e teóricas, bibliografia e indicações de leitura, além de abordar, de maneira bastante sensata mas não menos direta, algumas questões mais "sensíveis" de dentro do universo thelêmico, como aquelas relativas a Ordens e a legitimidade de suas linhagens.

Em sua primeira parte, intitulada "Tools of the Journey", o autor se dedica a tratar exclusivamente dos aspectos místicos e mágicos do Caminho. Fala sobre rituais e suas nuances, fornece métodos e práticas desenvolvidas por ele próprio, para auxiliar em sua Busca. Ressalta a importância de tornar-se um receptáculo para seu Sagrado Anjo Guardião, inflamando a si mesmo, durante todo o tempo, para este objetivo maior.

Na segunda etapa, "Perspectives on the Path of Attainment", trata de elementos mais internos, levando em consideração os sentimentos, questionamentos, vitórias e desafios de cada etapa do caminho iniciático de um thelemita. Destaque para a ótima explanação sobre a importância do ego na jornada do magista e as diferenças, tão comumente ainda tratadas sob a visão do antigo aeon, das fórmulas de LVX e NOX.

Em sua parte final, "Life Outside the Temple", David finaliza seu título tratando de elementos científicos, suas prováveis relações com os ensinamentos Tradicionais, física quântica, psicologia e demais assuntos relacionados.

Muitos podem pensar que este livro, em consideração ao seu título, trate do passo a passo da vida de um thelemita, ou que ao menos lhe sirva como guia neste sentido. Não se engane. Como dito inicialmente, o título é voltado para aqueles que possuem uma aspiração mística e/ou mágica dentro do caminho thelêmico, sem dar grandes introduções aos temas abordados, partindo do princípio de que:

 1°  você saiba o que quer nesta religião 
 2° conheça minimamente seus fundamentos e estrutura. 

Mas, ainda sim, se estiver em dúvida sobre de que forma exercer o seu "Faze o que tu queres", não se sinta intimidado, esta pode ser uma ótima indicação para a sua decisão neste sentido.


Living Thelema fala para thelemitas que optaram pelo caminho operacional de Thelema. Para aqueles que além da filosofia e da fé, estão dispostos a viajar no Astral, jogar Tarô, fazer rituais evocatórios e invocatórios, além de estudar e praticar tudo aquilo que lhes for possível! David Shoemaker nos traz não apenas contribuição de conhecimento prático e intelectual, como alternativas para diversas situações psicológicas e mágicas. Com sua larga experiência nestes dois campos, além do ótimo trabalho que já desempenha em seu podcast no youtube, chamado Speech in Silence, o autor nos fornece imparcialidade em sua escrita, e incentivo ao senso crítico racional, sugerindo que cada um, apesar de suas colocações, encontre sempre, por si mesmo, o método que melhor lhe aprouver! 

por Allan Trindade



* Há muitos anos atrás, enquanto estudava para a Fraternidade da A.'. A.'. , penso ter encontrado esta afirmação em algum dos libri sagrados. Entretanto, em pesquisa recente, de sites e pessoas do Brasil e do exterior, até a presente data de 14/04/2016, não encontrei tal fundamento para esta afirmação. Portanto, tratar a sentença dada acima como uma errata e desconsiderá-la totalmente. Em caso de atualização de informações uma nova nota será incluída aqui.




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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Assassinatos. Falta de saneamento básico. Doenças. Tortura. Roubo. Mentira. Corrupção. Ignorância. Pobreza. Desafetos. Superstição. Sujeira. Vício.  Ilusão. Ciência. Religião.  Muitos poderiam tentar sugerir em que lugar afastado no mundo se ilustra este cenário. Outros tantos poderiam dizer categoricamente ser este o pano de fundo do lugar em que vivem. Entretanto, é provável que sua imaginação esteja lhe traindo neste momento e lhe distanciando algumas centenas de anos da realidade.

Os livros de história, filmes e discursos parecem descrever este local como seu exato oposto; um lugar onde, emoldurado por uma bela arquitetura sinônima, pessoas de gabarito educacional e exemplo de cortesia, dividiam as ruas de calçamento calcário em meio a lírios, rosas e carruagens guiadas por Andaluzes de marcha pomposa e crina trançada. Porém, a realidade é que na Europa do século XVI, ser rico era quase um fator cármico de casta, saber ler e escrever era um privilégio. O clima frio e a falta de condições (ou de interesse) para o asseio pessoal, fazia com que alguns seres humanos vivessem como ratos  em um esgoto a céu aberto, compartilhando seu lugar no mundo com toda sorte de animais e pragas, doença e todo tipo de sujeira, externa e interna, do corpo e da alma, exportando e importando desgraça, na ânsia de sobreviver.

Paracelsus e a Alquimia Medicinal é um livro escrito por Robson Fernandes de Farias, publicado pela editora Gaia, no ano de 2006, com 74 páginas. Com 4 capítulos, o livro possui introdução, um capítulo dedicado a biografia de Paracelso, um terceiro dedicado a seus feitos alquímicos e químicos e considerações finais do autor.

Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, ou como é comumente conhecido, Paracelso. Referência obrigatória para todo estudante sério de Alquimia, Paracelso foi nascido na Suíça no ano de 1493, porém, manteve durante toda sua vida uma rotina de peregrinação pelos meandros da Europa do século XV e XVI. Influenciado por seu pai, Wilhelm von Hohenheim, professor de Alquimia Teórica e Prática na Escola de Mineração, dedicou-se inteiramente ao estudo da Medicina, Mineralogia e Química até o dia de sua morte, sob circunstâncias controversas, no ano de 1541.

De personalidade forte e gênero tempestuoso, o menino mirrado, de caracteres físicos afeminados, era uma pedra nos sapatos de religiosos e eruditos de sua época. Convicto de suas capacidades e conhecimento, Philippus declarava-se superior em qualidade, competência e ética, não só daqueles que lhe eram contemporâneos, mas principalmente de Aulus Cornelius Celsius, famoso médico romano do século I, a qual tomou como referência para sua alcunha de Paracelsus; aquele que é maior que Celsus. 

Nascido em um dos períodos mais negros da história Europeia, este médico – alquimista, dedicou sua vida na tentativa de curar as mazelas do corpo e do espírito do povo. Entretanto, sua postura antagônica a predominância comportamental da época, lhe dificultavam o trabalho, e é possível que no íntimo de sua humanidade, a díspar de sua aparente prepotência divina, também necessitasse de algum consolo, já que era assolado pelo mal do alcoolismo.

Brigou com os ‘representantes de deus’ e com o mundo. Diferenciava alquimistas e médicos; tratando os primeiros como verdadeiros e humildes sábios, e reservava para os outros o adjetivo de pomposos ignorantes. Foi responsável pelo desenvolvimento de um dos ramos alquímicos mais práticos já vistos, a Espagíria. Viveu uma vida simples e humilde, com o objetivo único de colaborar com o conhecimento verdadeiro, na intenção de desvencilhá-lo da mesquinharia e a falta de compaixão, dominantes em sua época. Morreu sem deixar riqueza ou herdeiros...mas seu nome e sua sabedoria são lembrados até os dias de hoje.

Este é um título biográfico, no qual expõe a humanidade de um homem, que até hoje é referência para cientistas e ocultistas. A baixa quantidade de páginas impressiona em princípio mas seu conteúdo compensa qualquer má impressão neste quesito. Entretanto, apesar de uma vasta bibliografia, o autor, Robson de Farias, peca ao fazer citações atribuídas a Paracelso sem lhes dar as devidas referências de rodapé. Portanto, a não ser que você consulte todos os livros usados para esta pesquisa, você não saberá de que fontes especificamente as citações foram tiradas.

O livro tem um estilo simples, mas gostoso de ler. E apesar do peso e do drama reais a qual a história é retratada, a narrativa cativa, e provavelmente atenderá as expectativas inclusive de leigos dos dois campos, uma vez que a linguagem neutra utilizada pelo biógrafo, não apele para os termos excessivamente técnicos, sejam eles de cunho científico ou esotérico. Certamente uma confortável leitura para um clima mais ameno, acompanhado de um chá, num domingo ao fim de tarde!


por Allan Trindade


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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Posted by Resenha Oculta | File under : , , , , , , ,
"Vervm sine mendacio, certvm et verissimvm:
Qvod est inferivs est sicvt qvod est svperivs, et qvod est svperivs est sicvt qvod est inferivs, ad perpetranda miracvla rei vnivs." 

Se a Astrologia está para os céus, é a Geomancia, arte de adivinhação através de símbolos pré-estabelecidos, que está para a Terra. Sua origem se perde nos anais da história, e segundo a afirmação de alguns autores, a Geomancia foi largamente utilizada por diferentes povos ao redor do mundo, sob diferentes formas; desenhos intuitivos, sementes lançadas a esmo, ossos e, nos tempos modernos, cartas, compõem o aparato de possibilidades de uso que este tipo de arte nos oferece. No ocidente, parece ter alcançado seu ápice e desenvolvimento por volta do século XVI, entretanto, caiu em desuso quase absoluto pelos ocultistas modernos, e parco, ou nulo, é seu ensino e uso por magistas e Sociedades Secretas dos dias de hoje. Entretanto, uma autora francesa foge a regra, e nos fornece um livro que nos faz um convite para deixar de olhar tanto para o céu, e buscar um pouco mais de conhecimento sobre o solo que pisamos.

Geomancia - o Tarô da Terra é um livro escrito por Chantal Mehiel, com 212 páginas, publicado pela editora Pensamento. O livro traduzido para o português perde o efeito de seu título homônimo original em francês. Geomancia em francês é géomancie, e esta é a razão da autora para usar o título Geomancia para designar seu método, que causa um efeito para os falantes de língua francesa que é totalmente nulo para nós, lusófonos, uma vez que Geomancia para nós seja exatamente geomancia.
O livro vem em formato de kit, acompanhado de um livreto adicional - como daqueles que acompanham caixas de tarô - e 64 cartas.

A autora inicia seu título dando uma introdução aos leitores sobre sua experiência mística, onde fora salva, segundo ela, graças a uma intervenção divina de uma santa a qual sua mãe era devota. Tanto quanto a inutilidade deste meu comentário nos parece essa introdução, que, ao menos segundo o teor da descrição, não tem a menor relação com o tema do livro.

Segue então introduzindo o leitor aos tipos de leitura indicadas e os métodos de tiragem das cartas. No campo intuitivo, assim como em qualquer outro oráculo, será preciso que você conheça cada um dos 16 símbolos oferecidos pela geomancia, seus nomes e significados. Ter uma noção básica de latim pode ajudá-lo, uma vez que todas suas figuras sejam tratadas por esta língua, e saber sua tradução há de auxiliar no processo da associação e significado do símbolo. Outra dica é manter em mente que eles são sempre opostos uns aos outros, portanto oito pares, que se complementam em um sentido positivo e negativo. Por exemplo:

Puella e Puer
Puella em latim é menina e Puer, menino. Conhecer os aspectos comuns associados à feminilidade e a masculinidade automaticamente te levarão a sugerir o significado de cada um destes símbolos. O resultado é mais simples do que possa parecer, mas não se preocupe, você encontrará tudo isso dentro do conteúdo do livro.

Seu método é um ótimo facilitador para iniciantes que estão acostumados ao uso de cartas como sistema divinatório. 64 são as que acompanham o livro e são compostas, metade por um ponto, metade por dois pontos. Ao embaralhá-las, seu único trabalho será de retirar quatro delas do monte, em posição horizontal e dispô-las na vertical, formando assim uma figura geomântica.

O pequeno livreto que fecha este conjunto é mais uma repetição do mesmo conteúdo do livro principal, em formato menor e reduzido, e funciona apenas como um guia rápido, talvez para uso em consultas pessoais nas quais você leve as cartas dentro de uma caixa ou algo do tipo...essa nos parece ser a única explicação plausível para a existência dele.

A autora nos oferece uma obra introdutória, simples no conteúdo, mas bastante útil e eficiente para aquilo que se propõe. Seu método é prático e limpo, objetivo e bastante direto. Nele você encontrará informações sobre como jogar e respostas pré-prontas para perguntas de diferentes aspectos da vida pessoal e social. Divididas sob os temas: consultas do cotidiano, consultas mensais, consultas de aniversário, dentre outras, cada grupo deste é subdividido em diferentes aspectos que vão lhe dar as respostas para questões que mais lhe aprouver.

O resultado é esse: um conjunto de cartas que compõem figuras geomânticas acompanhadas de um livro para consultar as respostas.  

Não espere por grandes explanações esotéricas, ou históricas sobre a geomancia. Este título é essencialmente prático e consultivo...uma ótima sugestão para todos aqueles que nunca tiveram contato com o tema.


por Allan Trindade


terça-feira, 28 de julho de 2015

Como prêmio por ter ido bem na escola, tio conta a seu sobrinho, a história de um pobre menino chamado Ojesed. Com uma forte sede por conhecimento, e sem condições financeiras de ter seus sonhos realizados, Ojesed se sente injustiçado pelo destino por não ter recursos para estudar. Considerando o fato de não ter tido uma madrinha para lhe abençoar no dia de seu batismo, como um dos motivos para seu triste destino, ignora os argumentos de sua mãe de que fora entregue as bençãos de "Nossa Senhora", sendo desta forma tão ou mais abençoado que os outros. Convicto de que isso não passa de uma desculpa, esbraveja a esmo sua infeliz condição, quando, neste momento, é surpreendido por uma fada, a Estrela D'Alva, enviada por sua então madrinha, para lhe ensinar sobre os reinos elementais...

Ojesed é desta forma levado para o primeiro destes reinos, o reino dos pigmeus, ou, como o autor passará a chamar doravante, o reino dos gnomos!...

No Mundo dos Elementais é um livro escrito por Vasariah S. I. , publicado no ano 2000 , com 248 páginas, pela editora Vasariah . O livro conta o início da saga de Ojesed e tem uma intenção didática, disfarçada pelo romance literário. Dividido em 15 capítulos, sempre introduzidos por breve diálogos entre tio e sobrinho, é repleto de lições ocultistas, que se dão entre a Fada e o menino em sua viagem.  Com uma intenção clara de expor conceitos esotéricos e mágicos em suas linhas, o autor nos fornece orações, pantáculos, rituais e até mesmo receitas de plantas e ervas, tanto para uso cerimonial, quanto para a labuta medicinal. É um livro introdutório para os conceitos da Alta Magia, que tem por objetivo trazer ao leitor um entendimento geral sobre práticas, ideias, e fórmulas esotéricas.

Vasariah assina seu nome com as siglas S. I. , provável referência para seu grau dentro de alguma Ordem martinista, uma vez que estas sejam as iniciais de Superior Incógnito usado por estas Sociedades. Sendo assim, não nos impressiona o teor proselitista encontrado em seu romance, onde não mede esforços para deixar claro o fundo religioso do livro, profundamente cristão em suas orações e conceitos. Levando em consideração que o autor se coloca apenas como narrador de sua história, e não como um dos presentes, poderíamos considerar que toda esta conceitualização tendenciosa faz parte apenas da personalidade dos personagens apresentados, entretanto, pelo teor didático que o livro possui, além dos motivos de Ordem já citados, não nos resta dúvidas sobre as intenções evangelistas de Vasariah apresentadas neste romance.

O primeiro conceito exposto é o da Viagem Astral, seguido pelo uso de paramentos, ensinado pela fada ao menino, para que possam transitar com segurança por outros planos. Introduz o leitor a diferença entre elemental e elementar, e ao fabrico e uso de pantáculos e inclui ainda um curioso cálculo que mede o raio de atuação de um pantáculo em relação a seu tamanho. Faz referências a Cabala, apresentando classificações de anjos e suas hierarquias, à Astrologia, à Botânica Oculta, fala longamente sobre a Alquimia Espagírica, e até sobre Macumba, na tentativa de fazer uma distinção entre Umbanda e Quimbanda, elevando a primeira e denegrindo a segunda.

No campo filosófico, não bastasse o excesso de cristianismo contido no livro, o título ainda nos leva a reflexões curiosas sobre alguns conceitos apresentados. Em um dos primeiros casos observados pela dupla, um dos gnomos, fala longamente sobre os "por ques" que eles, elementais, devem atender aos chamados de nós, seres humanos, que, segundo a apresentação do autor; estamos para servir a deus assim como os elementais estão para servir a nós. Porém, a estranheza nos surge quando, dentre grande parte da narrativa, além dos elementais apresentados serem profundamente organizados em sua sociedade, possuindo inclusive um código penal, e demonstrar tão ou mais equilibrada  a relação que que eles possuem com a natureza em comparação a relação humana para esta, dizem eles almejarem acima de tudo a possibilidade de um dia encarnarem como membros da nossa raça! Que superioridade há de ser esta humana então?...resta saber!

No campo esotérico e literário, além das matérias citadas, o autor se utiliza de algumas técnicas básicas de ocultamento para dar nome a alguns de seus personagens. Ojesed é nada mais que a palavra Desejo lida de trás para frente. Ramak, um gnomo que obsedia um menino, é um jogo de letras para Karma, assim como seu defensor no julgamento, Sacpuldes, é Desculpas.

No Mundo dos Elementais é fraco em sua história e só vale a leitura caso você consiga separar romance, de proselitismo, de ensino didático!

por Allan Trindade



segunda-feira, 29 de junho de 2015

Uma busca rápida pelo tema Ocultismo na internet e dois nomes se apresentarão sem muita demora em sua pesquisa: Aleister Crowley e Goetia! Aleister Crowley? Um Mago britânico que cruzou o mundo em sua Busca através do conhecimento e do desvelar dos mistérios da Magia...Goetia? um sistema mágico por muito tempo evitado tamanha a força de seu rito e a potencialidade de seus 72 demônios. O quê eles tem em comum? A fama! A fama de serem capazes, a fama de serem terríveis! Entretanto, a fama nem sempre acompanha a realidade e é função dos buscadores da verdade descobrirem, por si mesmos, o quanto de realismo há entre as histórias fantásticas e os buchichos do vulgo...

A Goetia Ilustrada de Aleister Crowley é um livro escrito por Lon Milo DuQuette e Christopher Hyatt, com 158 páginas e publicado no Brasil pela Madras editora. O livro divide-se em dois aspectos básicos que se interpenetram: o relato das experiências dos autores com evocações goéticas e instruções básicas sobre os processos evocatórios, incluindo-se nestes a adaptação para conceitos atuais de Magia e Thelema, tais como: substituição dos nomes usados no exergo e triângulo para o panteão thelêmico, adaptação prática de alguns itens do Arsenal Mágico prescrito nos grimórios originais, sugerem uma nova visão sobre o que é um demônio segundo conceitos modernos e como tratá-los, além de novas ilustrações dos espíritos e seus sigilos feitos por David Wilson.

Crowley “participa” de forma direta e indireta no livro. Em seu aspecto indireto, contribui com o sistema desenvolvido por ele mesmo para dar uma nova roupagem, segundo a organização dos autores neste livro específico, para as prescrições evocatórias encontradas no grimório original, o Lemegeton. De forma direta, possui um capítulo inteiro chamado “A interpretação iniciática da Mágicka Cerimonial” , no qual dá a sua opinião sobre o que são os demônios evocados, que para ele, podem ser explicados como “os espíritos da Goetia são porções do cérebro humano. Seus selos representam, portanto, métodos de estimular ou regular essas regiões particulares (através do olho).” p.20

Os autores (e não nos fica claro quem, já que os capítulos não são assinados) parecem colocar em pauta a opinião dos "psicologistas", que defendem uma opinião puramente psicológica das manifestações, através de relatos de experiências pessoais que sugerem uma consciência parahumana, e uma individualidade dos seres evocados, que não concebe o conceito absolutista e antropocêntrico de que os demônios são meras expressões da nossa psiquê. E só por isso o livro já vale a leitura. Toda essa conceitualização absolutamente psicológica da Magia surge no séc. XIX e exclui, sob alguns aspectos, a existência de seres que possuem sua própria individualidade e vida, em planos existenciais que não aqueles necessariamente relacionados ao ser humano.

No campo prático, o livro não nos traz os elementos originais, portanto, caso você não tenha lido As Clavículas de Salomão/Lemegeton ainda, recomendamos que o faça previamente à leitura deste título. O ritual é dedicado a thelemitas, que também sejam familiarizados com o Sistema Enochiano, uma vez que traz, como evocação preliminar, uma das Chamadas deste sistema. E continua com descrições técnicas sobre o uso do Ritual Menor do Pentagrama, etc...e segue sugerindo, como uma possibilidade de trabalho a ser executado, evocações para a solução de problemas psicológicos, que nos fazem concluir que, segundo a visão dos autores, psicologia e espiritualidade caminham juntos, sem se excluir.

Como ponto negativo, nos parece extremamente desnecessário o uso do subtítulo Evocação Sexual para o livro, uma vez que apenas um curto capítulo à seu final disserte sobre a prática do sexo como uma alternativa ritualística, porém, que de tão pobre em sua descrição, mais trará dúvidas sobre o tema, que virá a instruir de alguma maneira...  

O livro apresenta paralelos entre Tradição e modernidade; Psicologia, Magia, Thelema e Magia Salomônica...para os já familiarizados com tais sistemas, vale a leitura, para todos os outros, recomendamos a aquisição prévia de um título mais introdutório.


"O mal é o inimigo. O mal são os deuses de outros homens. O mal são os terrores da noite. O mal é o esmagador sentimento de desmoronar.
Contudo, todas essas imagens são contrassensos. O mal, assim como outras ideias, existe porque nós, como humanos, existimos.
A natureza não conhece o Mal, nem o Bem, nem, aliás, a Lei. Estas são criações da mente humana, "explicações" que nos ajudam a aquietar os "terrores da noite". A mente humana exige a crença em "sua" ideia de "ordem" unicamente pelos propósitos da mente humana.

Assim, a natureza do mal é a natureza humana." p.35

por Allan Trindade



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Posted by Resenha Oculta | File under : , , , , , , , , , , ,
Em um belo dia de primavera, uma jovem e virgem donzela faz a frente de uma procissão nas ruas da Grécia Antiga. Em suas delicadas mãos, um rústico e quase invisível incensário libera uma espessa fumaça aromática de Aloé, Rosas, Óleo de Oliva, Almíscar e Âmbar Gris. 

Fileiras e mais fileiras de bancos sustentam o peso de homens e mulheres ajoelhados em oração. Caminhando no centro em direção ao altar, um velho homem recita palavras em latim, ininteligíveis para a maioria dos presentes, enquanto balança um rico turíbulo de prata contendo incenso, na Inglaterra. 

Uma grande fogueira ao centro aquece todas as pessoas reunidas do lado de fora de suas cabanas, vestindo roupas de couro, penas na cabeça, e pinturas faciais, enquanto seu xamã lhes defuma com um amarrado de linhas de algodão e sálvia, na América do Norte.

Música, dança e alegria preenchem os corações de homens e mulheres vestidos de branco, dentro de um terreiro, enquanto entram em transe e defumam o lugar com orégano, café, manjericão e arruda, no Brasil.

Do oriente ao ocidente, de norte a sul, do esotérico ao exotérico, seja no passado ou no presente, as defumações sempre tiveram sua presença garantida dentro de rituais religiosos ou mágicos. Com diferentes peculiaridades que poderiam variar desde a inclusão de sangue e vísceras, até o uso de excrementos em sua composição; fosse para agraciar alguma divindade, cura, limpeza de ambientes, proteção, ou ainda para amaldiçoar a vida de alguém, o uso de defumações pode ser encontrado em praticamente todas as culturas antigas.

O Uso Mágico e Espiritual de Incensos e Defumadores, de M. E. Caland, publicado no Brasil pela Editora Pensamento, com 166 páginas nos dá um ótimo panorama sobre sua importância e uso ritualístico. Dividido em seis capítulos, o autor nos introduz a um mundo de teoria e prática desta arte tão negligenciada pelos magistas da modernidade. Caland é didático, classifica funções e métodos, origens e usos para cada uma das defumações apresentadas. Em seu argumento histórico, nos faz viajar para tempos antigos onde grandes rituais eram feitos em homenagem a Deuses e entidades, de diversas partes do mundo.

Apesar da aparente baixa quantidade de páginas, o livro é completo e faz jus a seu subtítulo: Aromas para curar, sonhar, amar, meditar e estimular, e vai além, já que dá instruções sobre como fazer seu próprio turíbulo, altar de incenso, tabelas de correspondência astrológica, associação de cores e dias da semana, dentre outras. Suas receitas não são apenas aromáticas, e grande parte delas incluem um objetivo mágico para seu fabrico e objetivo, tais como: incenso para prosperidade, incenso para vingança, incenso para círculos mágicos, incenso para favorecer os estudos... Além de incensos místicos, como: incenso de Pan, de Saturno, do Sol, etc...

Quem já sentiu o aroma de um incenso de rosa musgosa, quem já foi defumado dentro de um terreiro de macumba, ou ainda quem naquele momento de paz e tranquilidade acendeu um incenso para aromatizar e harmonizar o ambiente, sabe o quão poderoso é o cheirar de um aroma como esses. Entretanto, nos dias atuais, ervas são substituídas por produtos sintéticos que de longe são uma vaga memória do que seria o cheiro de determinado componente em seu estado herbal, ou natural.

Ir até a loja de produtos exotéricos e pagar menos do que o valor de um café na compra de um pacote de incensos, é o mesmo que querer investir miséria para obter riqueza...não dá! Produzidos de forma industrial, com bastões neutros, incensos combustíveis baratos são feitos a partir de óleos sintéticos que simulam, através de composições químicas, os aromas de ervas e demais elementos naturais, porém, de forma limitada e ruim.

Cada objeto ritual deve ser pensado de forma séria e dedicada, e o negligenciar de uma ferramenta tão importante, quanto os defumadores, pode empobrecer ou ainda, tornar o seu rito menos eficaz se levarmos em consideração, que sim, inteligências parahumanas existem e são atraídas para o nosso plano por associação e correspondência. Se não se oferta como presente um desodorante ao invés de um perfume para um alguém querido, então porque ofereces algo ruim, barato e sintético, ao invés de ervas naturais e aromáticas, a seus Deuses?

Adquirir o livro de Caland é não apenas investir em conhecimento prático, mas didático e mágico; é dar-se a chance de elevar seu ritual a um outro nível!

por Allan Trindade


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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Posted by Resenha Oculta | File under : , , , , , , , , ,

Nem sempre o Tarô foi o que ele é nos dias de hoje. Com um curioso histórico que mistura mito e realidade, este conjunto de 78 cartas, carrega em si algumas centenas de anos de sabedoria, crença e superstição. Não são poucos os autores que tentam atribuir-lhe uma origem mítica, milenar e divina, mas hoje, graças à dedicação de pesquisadores sérios e avanço da ciência, é possível afirmar que o Tarô seja um jovem senhor que ainda nem alcançou seus mil anos de existência.

“Mitos e Tarôs – A Viagem do Mago” é um livro escrito por Dicta e Françoise, com 192 páginas, publicado pela Editora Pensamento. Após uma curta introdução ao tema, e um estranho capítulo que trata sobre cabala - que não parece ter a menor relevância para o contexto geral do livro – a intenção das autoras se faz clara: relacionar os 22 arcanos maiores do Tarô a mitologias de diferentes religiões existentes ao redor do mundo. A proposta é ousada, e concebe que há uma similaridade tamanha entre os Arcanos e determinados mitos, que estes são associáveis e de certa maneira, podem ser o fundamento da origem daquela carta.

A introdução a cada capítulo, que é também a justificativa para relação feita, em geral, não ultrapassa o número de dois parágrafos. O primeiro deles, o Arcano I, por exemplo, é associado ao mito de Orfeu, justificado como tendo sido este de maneira igual, um mago. E isso é tudo! Todo o restante do capítulo segue tratando exclusivamente do mito em questão, ignorando a premissa inicial em correlacionar verdadeiramente os elementos encontrados no Arcano, com o personagem exposto.

A proposta do livro em unir mitologias aos Atos não se sustenta, vide a falta de elementos históricos e gráficos, que de fato, façam sentido para um sincretismo de conceitos tão distintos. O Tarô, em sua proposta inicial, não tem por objetivo ter suas lâminas engessadas a pensamentos filosóficos outros que não aqueles que ele próprio possa fornecer. Veja que um mito, uma história mitológica, possui uma estrutura muito própria, associada à cultura, crenças e perspectivas de um determinado povo. O Tarô se cria de forma independente a estes elementos básicos, e, portanto, tal associação soa como tendenciosa e sem sentido. Lembremos que desde a sua criação até os dias de hoje, o Tarô foi e é usado também como jogo lúdico, sem qualquer apelo místico ou esotérico.

Como dito anteriormente, a formatação a qual concebemos o Tarô atualmente, é recente. Nem sempre este conjunto de Arcanos possuiu 78 cartas ou teve em sua estrutura os mesmos elementos simbólicos que são representados nos dias de hoje. Portanto, a insinuação de que sua origem tenha sido formatada em algum ponto específico da história, ou em outras palavras, que cada carta tenha sido posta ali de maneira pensada, em um momento único por autores contemporâneos, e não como uma consequência natural de diferentes percepções em diferentes momentos, mais uma vez, não encontra fundamento em um argumento verdadeiramente científico, por assim dizer.

O livro é falho, incompleto e dispensável. Mitos e Tarôs seria melhor descrito como “Mitos e uma pitada de Tarô – A viagem das autoras”.


por Allan Trindade


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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Se tivéssemos de classificar uma Ordem de primeira importância dentro do esoterismo ocidental quando o assunto é magia, esta certamente seria a Golden Dawn. Fundada em 1888 por três maçons saídos da Societas Rosacruciana in Anglia, a Ordem Hermética da Aurora Dourada destacou-se dentre os meios ocultistas de sua época, como uma das Ordens Mágicas mais importantes, surgidas após muitos séculos de obscurantismo e ignorância.

De completos anônimos a celebridades, de 'santos a bestas', a Ordem reuniu em suas fileiras gente de todas as estirpes, de todos os anseios... Num mundo onde a ciência finalmente respirava os novos ares do progresso, onde a religião era finalmente posta em seu devido lugar de coadjuvante descartável para a história humana vindoura, as expectativas de um novo século traziam consigo as esperanças de um novo misticismo.

Muitas foram as Ordens criadas, muitas foram as lendas inventadas, muitas foram as histórias contadas, mas pouquíssimos foram os nomes imortalizados. E foi nesse furacão de novas promessas que surgiram aqueles que seriam os precursores de uma nova era do conhecimento oculto. Aqueles que seriam legitimados como organizadores de um conjunto de sistemas esotéricos, que tinham por objetivo conhecer o passado, alterar o estado do presente, ou as tendências do futuro, de acordo com suas próprias vontades.

Magia! Se as pessoas temiam tanto esta palavra, a ponto de mandar outras para serem queimadas vivas em fogueiras, talvez fosse esta a solução para os problemas que a vida podia oferecer. Porém, para evitar que tais ensinamentos fossem utilizados de forma desmedida e irresponsável, era preciso que todo conhecimento fosse organizado de forma sistemática, e processado de forma gradativa, para que cada adepto, a seu próprio tempo, tivesse então a chance de compreender a profundidade dos conceitos expostos.

Tanta liberdade, tantas expectativas, e tanto poder foram como um “Big Bang” que explodiu criando através de si um universo de novas realidades. Porém, tal qual um reflexo natural do nosso mundo, assim o é com a Golden Dawn: uma Ordem de objetos visíveis e invisíveis.

Sobre os visíveis, Israel Regardie nos deixou um ótimo legado...sobre os invisíveis, R. A. Gilbert nos abrilhanta com mais uma de suas obras.

O FEITICEIRO E SEU APRENDIZ é uma antologia organizada por R. A. Gilbert, publicado pela Editora Pensamento, com 225 páginas. O título é sugestivo, transfere a ideia da organização de seu conteúdo. Dividido em duas partes, cada capítulo é completo em si, e não possui qualquer conexão com a monografia anterior, ou sucedente. Isso porque, tal qual sugere seu subtítulo "Escritos Herméticos Desconhecidos", o livro reúne diversos textos esparsos, de diferentes idades e origens, que até o presente momento eram desconhecidos do público em geral, por nunca terem sido previamente publicados.

Samuel Lidel Matthers ocupa seu primeiro capítulo, trazendo a público comentários sobre Cabala, Qliphot, análises bíblicas, opiniões sobre a origem e complexas tiragens do Tarô, etc ...sem grandes introduções ou dissertações, mas que funcionam bem para a necessidade de uma consulta rápida. Sua participação é curta, e é fato que, fosse só por isso, o livro não valeria tanto investimento. Porém, a importância da obra encontra-se em seu segundo capítulo. Seu autor, J. W. Brodie-Innes apresenta-se como um pesquisador de qualidade rara dentre o contexto ocultista. Diz ele:

"Defendo o ponto de vista de meu velho amigo de infância, Charles Darwin, de que o dever de um investigador honesto é registrar imparcialmente todos os fatos que puder apurar e, depois, declarar com clareza as deduções que deles extraiu, deixando os leitores à vontade, para aceitar ou rejeitar suas teorias, mas estando certo de lhes haver relatado todos os fatos de que tem conhecimento."

Tal introdução é mais que confortante para um mundo onde o achismo impera sobre o saudoso senso crítico. Seus capítulos resumem-se, em sua maioria, a relatos de experiências vividas pelo autor em suas diversas buscas investigativas sobre os mistérios do oculto. Mediunidade, Mitologia, Tarô, Khemetismo, Astrologia, Bruxaria são alguns dos temas abordados. Innes é imparcial, expõe suas vivências de modo claro, objetivo, sem proselitismo ou tendencionismos infundados, mas com o bom senso e a clareza sincera de quem apenas deseja saber e compartilhar. Bastava que tal antologia trouxesse os escritos de Brodie-Innes e esta já valeria o investimento.

Comparativamente falando, nos parece estranho que Gilbert sugira que o Feiticeiro seja Mathers e o Aprendiz seja Innes. Mathers será para sempre lembrado na história como um dos homens que fundou uma das Ordens Mágicas mais importantes da história da humanidade, mas é fato que, como Aprendiz, John Willian Brodie-Innes era um ótimo mestre!

por Allan Trindade



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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Eu até hoje me pergunto quantas prováveis biografias sobre o "Homem mais terrível do mundo" existem. Quantas existem e quantas ainda hão de existir, afinal de contas, Crowley parece estar a cada dia mais em evidência midiática. Bandas, filmes, documentários, livros, sociedades secretas, pesquisadores, cristãos e malucos, sempre que podem, usam o nome da Grande Besta 666, seja para propagar ideias, ou difamar a imagem daquele que segundo os Thelemitas, é o Profeta da Nova Era...

Filho de pais cristãos fanáticos, fundamentalistas e protestantes, herdeiro de uma fortuna milionária, o garoto que em princípio parecia seguir o caminho do pai, e passar seus anos de forma medíocre e com medo de castigos divinos, resolveu revolucionar e viver uma vida verdadeiramente mágica!

A Magic Life é um livro escrito por Martin Booth, de 507 páginas, que vai lhe dar uma boa visão sobre os aspectos mais humanos de Aleister Crowley. O livro faz jus ao subtítulo de ser uma biografia, já que conta a história de um dos magos mais famosos do mundo, do momento do seu nascimento, até virar cinza...

Direto, sem apelos, por vezes constrangedor, em tantas outras inspirador, e certamente intenso...esta é a sensação ao virar de cada página, em cada capítulo da história daquele que viria a declarar a si mesmo como o novo redentor de toda a humanidade.

Cristão evangelizador, milionário, inconsequente, drogado, perverso, maldito, louco, libertário, gênio, bissexual, poeta, alpinista, devasso, pecador, anticristo, artista, profeta, mago,...a Besta! Com tantos adjetivos fica difícil imaginar, como tão poucas páginas, poderiam resumir todo o histórico de vida deste homem que influenciou - da música ao cinema - e continua influenciando - da literatura a política -, gerações desde o século xx até os dias de hoje.

Martin Booth é excepcional em sua função, e seguindo o contra fluxo da maioria daqueles que ainda insistem em fazerem biografias de forma tendenciosa, desempenha seu papel com a qualidade da imparcialidade e da escrita clara e sem dualismos esperada de um ótimo biógrafo.


Conquanto que você não espere - apesar do título que dá nome ao livro - extensas explanações sobre questões mágicas (ou mágickas?), sejam elas baseadas na terminologia usada por ocultistas, ou explicações sobre 'questões de Ordens'...encontrará nas páginas deste livro todas as informações necessárias para, caso queira, fazer parte de toda a turba da atualidade e também expressar sua opinião sobre um dos homens mais polêmicos do mundo...afinal de contas, não seria difícil imaginar que, caso ainda não tivesse sido criada, teria sido Crowley o autor da máxima: 
“Falem bem ou falem mal, mas falem de mim!”


por Allan Trindade

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Na antiguidade o conhecimento era algo restrito e elitista. Reservado em muitos casos as altas hierarquias sociais, e ao clero, saber ler e escrever era um privilégio de poucos. Livros eram difíceis de serem confeccionados, caros e em muitos casos, perigosos! Escrever sobre aquilo que mexia com o imaginário popular era sempre um risco...principalmente quando o assunto era religião. Em função de dar credibilidade para alguma obra, ou ainda para se isentar de eventuais problemas futuros, muitos livros publicados na Idade Média eram então atribuídos a personalidades famosas, com um bom apelo social, que podiam oferecer três vantagens: dar visibilidade para a obra, alavancar sua venda, e ainda salvar o verdadeiro autor de virar "churrasco" nas mãos dos cristãos...

Clavícula de Salomão é publicado pela Pallas Editora, adaptado por Irene Liber, com 199 páginas, capa dura e um ótimo acabamento gráfico. Apesar de uma pequena introdução sobre sua origem mitológica, no qual descreve o pseudo recebimento deste conhecimento por Salomão através de um dos anjos do Deus de Israel, o livro é essencialmente prático e muito útil para consultas rápidas. Repleto de tabelas, pantáculos planetários, rituais diversos, e toda uma atualização moderna para a construção e consagração do seu templo pessoal, vestimentas e armas mágicas. Seu subtítulo, "As Chaves para a Magia Cerimonial" parece fazer jus, ao menos em princípio, à seu conteúdo.

A autora foi feliz em sua participação: adaptou linguagem e elementos antigos do título original para a logística e praticidade dos tempos modernos. É um livro de ótimo apelo para ocultistas interessados em um manual atual de magia. Dividido em duas partes, no Livro I, intitulado de "Fundamentos da Arte Mágica", você encontrará informações sobre os Espíritos que governam os planetas, utilização do uso de perfumes e defumadores, as oferendas corretas a serem ofertadas paras os Espíritos, roupas, armas e paramentos gerais, suas funções, inscrições e consagrações. Já o Livro II, "Operações da Arte Mágica", descreve rituais específicos para objetivos específicos, tais como: operações para interrogar os Espíritos, operações para amizade e amor, para proteção em viagens, contra roubos e logros, para obter riqueza e prosperidade, etc...

Mas há também aquilo que (infelizmente) não está lá...

O Clavicula Salomonis, seu título em latim, não é apenas famoso per se, mas também por, conforme acreditado por alguns, ter contido em sua origem um capítulo inteiramente dedicado a algumas entidades infernais, classificadas por 72 nomes, pantáculos, aparência e áreas de atuação, conhecidas como os Demônios da Goétia.
Intitulado de Lemegeton, e referido por muitos como o sistema Goético, ou simplesmente Goétia, tal livro - seja ele considerado um capítulo ou um grimório em si - não faz parte do conteúdo desta publicação em específico. A falta deste, que para alguns seria o único motivo para adquirir o grimório como um todo, não parece desfalcar em nada a qualidade desta edição publicada pela editora Pallas.

Ter este livro em sua biblioteca pessoal não só lhe facilitará em muito a consulta sobre questões que necessitam de uma resposta rápida, como poderá lhe fornecer o conhecimento necessário para o sucesso a médio e longo prazo, para operações realmente transformadoras...

por Allan Trindade


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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Não se iluda: ser escritor, pertencer a Sociedades Secretas ou até mesmo ser um dos nomes mais destacados do esoterismo ocidental, não torna ninguém isento de falhas e erros. Se considerarmos que pela história esta parece ser uma regra, Papus, certamente, não é uma exceção!

Mas antes de continuarmos, entenda uma coisa: Esoterismo não é religião! Esoterismo é o conjunto de conhecimentos Tradicionais, e em muitos aspectos Ocultos, que dão base para a formação daquilo que vulgarmente se chama religião, ao que nós comumente nos referimos como Exoterismo.

O ABC DO OCULTISMO, publicado pela editora Martins Fontes, e escrito por um dos ocultistas mais famosos do século XX, Papus, é uma decepção em muitos momentos. Com um total de 345 páginas, a intenção do autor em escrever uma obra que seja uma espécie de introdução ao ocultismo, nos parece em princípio, bastante válida, e tenta resumir em capítulos distintos temas base para uma continuidade de estudos a posteriori do assunto em questão.

Lotada de referências externas a escritores modernos e antigos, em especial Alexandre Saint-Yves d'Alveydre - o criador do Arqueômetro -, além de todo um belo conjunto de imagens que ilustram suas explicações, a primeira vista, o livro pode soar como obrigatório a qualquer um que se pretenda ser ocultista algum dia. E de fato, por ser um escritor clássico, citado em qualquer conversa trivial sobre o esoterismo, há de se ter o mínimo de conhecimento sobre as ideias que o autor expressara em vida, para se ter o mínimo de noção opinativa.

Entretanto, antiguidade não é desculpa para falta de bom senso. O livro é péssimo em seu princípio, completo de referências a dados pseudo científicos (ou em outras palavras, e até em certos momentos, mitológicos), além de afirmações convictas sobre a existência de "realidades" que carecem do mínimo fundamento factual. Dentre estes absurdos, afirma categoricamente que Atlântida existiu[pg.3], nos fornece um mapa sobre sua localização[pg.4 e 5] e ainda se propõe a indicar os locais de migração "dos povos que lá viveram" para o resto do mundo. Porém, talvez o maior de todos os disparates esteja mesmo na página 117: " ... As erupções vulcânicas são produzidas por curto-circuitos da eletricidade vital terrestre, e o centro da Terra é habitado por seres de forma humana, mas com brânquias. ..."

Não obstante, abusa do neologismo até não poder mais...e mesmo assim vai além, e entope o leitor com extensa nomenclatura pseudo rebuscada, que se pretende diferenciar nuances encontradas dentro de sistemas e filosofias, que por mais que possam fazer sentido para um estudante mais avançado, são absolutamente descartáveis e desnecessárias para o buscador iniciante. Neste sentido, Papus mais parece uma espécie de Omar Khayyam - não o original, mas o charlatão brasileiro - com seu extenso conhecimento geral, que como um prestidigitador, desvia a atenção do público com diversos movimentos desnecessários para por fim, exibir seu grande truque...

Alguns de seus capítulos parecem compensar as baboseiras expostas em seu princípio. Fornece reflexões interessantes sobre Magia e até mesmo toma partido e comenta sobre o quanto alguns, moldados e condicionados pelos preconceitos da crença dominante, excluem de seu contexto esta palavra, mesmo que, sob nomenclatura diversa, lhe sejam adeptos. Traz ainda abordagens simples sobre os temas: Maçonaria, Egito, Alquimia, Astrologia etc...simples não por carecerem de coerência ou faltarem em qualidade, mas por terem a proposta única de serem uma introdução ao tema.  Veja que ainda assim, não estamos concordando com todas as afirmativas expressadas pelo autor, mas em alguns aspectos, podemos dizer que ainda há aquilo que se possa aproveitar.

O livro contém um ensinamento oculto, indireto por assim dizer. Nos leva a compreender sobre aquela necessidade clássica; é preciso saber separar o joio do trigo...ou, de forma mais direta e menos elegante; aquilo que presta, do resto!

Eu sinceramente espero que os absurdos encontrados neste título não sejam um reflexo geral de toda a imagem de tão aclamado ocultista, para que, quem sabe, possa afirmar doravante, que a primeira impressão não é a que fica...


por Allan Trindade

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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Uma das palavras que mais despertam a curiosidade das pessoas é sem dúvidas Ouija! Seja por conhecer seu significado, ou não, após uma pequena explicação, qualquer um terá algo para dizer sobre a brincadeira do copo, do compasso, ou o jogo dos espíritos...

Desde que me interessei mais pelo tema, percebi a carência de material escrito sobre tal item em língua portuguesa...que certamente não padece do mesmo problema em inglês. E foi nesta busca que sem muito esforço encontrei Ouija: The Most Dangerous Game de Stoker Hunt. Eu estava procurando por um livro introdutório sobre o assunto, que me desse uma noção didática tanto da história, quanto dos aspectos práticos para a utilização do tabuleiro. De fato, o título parece ter se encaixado bem em minhas expectativas iniciais...


Com um total de 156 páginas, Ouija é escrito em estilo jornalístico; investigativo e imparcial. 
Dividido em 5 capítulos, o autor cita casos históricos e famosos e ainda vai em busca de adeptos de diversas religiões, e de não religiosos, para saber o que praticantes e estudiosos de diferentes vertentes tem a dizer sobre " o jogo mais perigoso ". Cristãos, wiccas, espiritualistas, ateus, parapsicólogos... cada um em seu tempo, dissertam sobre as vantagens, desvantagens, ambas, ou nenhuma das duas, de "brincar" com este famoso e curioso tabuleiro.

É um livro introdutório, que desperta sua curiosidade em saber o que as pessoas que se dedicam, ou se dedicaram a testar tais evocações, tem a dizer de acordo com suas próprias experiências. É muito mais informativo que prático, porém, com isso não quero dizer que não há instruções sobre como iniciar uma sessão. Tais instruções são deixadas para o final, e se resumem a basicamente aquilo que todos nós já sabemos: bastam alguns pedaços de papel com letras escritas, uma mesa,  um copo e uma pequena prece...sem muito mistério ou complicação.

Contudo, talvez haja uma razão para o subtítulo do livro ser "The Most Dangerous Game"...é fato que, de acordo com os relatos, sejam eles de cunho espiritualista ou psicológico, iniciar uma sessão de Ouija sempre resultará algum efeito. Dois casos merecem destaque e valem a pena serem citados aqui para justificar tais argumentos. O primeiro surgiu a partir de um teste científico da Toronto Society of Psychical Research intitulado “The Philip Experiment”. A ideia era simples: Philip era um personagem criado a partir da mente dos cientistas que supostamente vivera em algum ponto do passado. Toda a história (inventada) de Philip foi decorada pelos voluntários na tentativa de que, mesmos conscientes de que tudo não passava de fantasia, pudessem produzir algo de real... curiosamente, resultados e efeitos dos mais diversos foram alcançados através deste experimento.


Já o segundo, conta a história de Pearl Curran, uma mulher que através de sua curiosidade, entrou em contato com um espírito de nome Patience Worth, e através dela, recebeu diversos prêmios de poesia e escrevera o equivalente a 29 livros, que segundo a análise de técnicos literários, não podiam mesmo terem sido escritos pela simples dona de casa.

Alguns dirão que tudo não passa de automatismo, ou autossugestão, outros dirão ser a Ouija um instrumento de evocação de espíritos, ou como diríamos em termos mágicos, uma verdadeira Arma necromântica. O trabalho de pesquisa executado pelo autor realmente nos deixa no meio do caminho sobre qual dos lados acreditar, mas isso é um questionamento que virá apenas após você ter a plena certeza de que se tentar, a Ouija vai funcionar!

por Allan Trindade

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segunda-feira, 6 de abril de 2015

“Por que algumas pessoas falam tão mal da Wicca?”...“Por que algumas pessoas ridicularizam a Wicca?”...“Por que existe tanta variedade na Wicca?”...“ Afinal de contas, o que é a Wicca?”...

Fazia pouco tempo que havia chegado à conclusão de não saber nada sobre a estrutura dogmática desta religião, quando me deparei com um nome em uma de minhas pesquisas na internet: Mario Martinez. Li todo o conteúdo de seu site e, curioso em me inteirar um pouco mais sobre o assunto, decidi estabelecer um contato mais próximo com o autor, que se deu através de algumas poucas trocas de emails, que não podiam mesmo ter continuidade vide meu parco conhecimento sobre o assunto. Era preciso me aprofundar mais, e foi assim, que numa feira itinerante, encontrei um de seus livros...

Wicca Gardneriana possui 185 páginas, escrito por Mario Martinez e publicado pela editora Gaia. Dividido por capítulos encabeçados por temas específicos, tais como: “As Bases Wiccanianas”, “A Deusa e o Deus”, “Desenvolvendo Nosso Poder Pessoal”, “Wicca, Sexo e Nudez Ritual”, alguns ainda contém subdivisões que se propõem a citar certas especificidades dentro do tema geral. O livro é uma introdução, mas é também um guia prático em alguns aspectos para todos aqueles que se pretendam em algum momento, percorrer o Caminho e aceitar o desafio de se tornarem Sacerdotes Wiccanianos. Porém, nem tudo é tão perfeito quanto parece...

Dotado de uma exaltação constante à 'Magia Natural Europeia', o autor leva os mais desavisados a crer que existira em algum momento, alguma espécie de unidade continental na bruxaria em seus tempos ancestrais, à que se refere constantemente como a "Antiga Religião" [pg.22]; pensamento que me parece um tanto fantasioso por questões óbvias de etnia, logística, educação, religião, geografia, etc., de várias épocas em diversos países da Europa, além de carecer de embasamento histórico para tais afirmações.

Diz que deuses como Dionísio, Baco e Cernunos possuem as mesmas características divinas e físicas, chegando ao ponto de afirmar [pg.22] que Dionísio e Baco possuíam chifres! Num outro momento [pg.109] alega que “...plantas possuem um sistema nervoso tremendamente desenvolvido, demonstram sentimentos e preocupações...”. Eu destacaria ainda outros pontos, mas estes me pareceram ser os mais absurdos. Entretanto, não quero com isso dizer que o trabalho como um todo seja descartável, já que todas as vezes que fala única e exclusivamente sobre a Wicca, sem usar de subterfúgios pseudocientíficos ou ainda de estranhos sincretismos, parece haver coerência.


É um livro que eu certamente não recomendo, vide a quantidade de erros contidos e proselitismo exacerbado, a não ser que assim como eu, o encontre a um preço barato em uma feira qualquer...


por Allan Trindade

segunda-feira, 30 de março de 2015

Encontrei este livro por um acaso, se é que podemos dizer que o acaso existe. Como de costume, antes ou depois da escola, sempre entrava em uma livraria que fica próxima ao prédio. Naquele tempo, eu tinha prometido para mim mesmo que não ia mais comprar livros físicos, já que eles pesam e ocupam espaço...e espaço é sempre um problema quando sua casa são praticamente suas malas. 

Caminhando entre algumas estantes, na ilha de novidades, no centro do setor de ocultismo, pilhas e pilhas de livros em promoção. Minha mente insistia: 'livros físicos não!',...mas meus olhos me conduziam ao pecado. E foram eles os culpados da visão deste título que com um belo adesivo vermelho de 5,00 euros chamava ainda mais minha atenção. Um pouco impressionado pela quantidade de páginas, 562 para ser mais exato, dei uma folheada despretensiosa para ver seu conteúdo. Muito bem editado, com imagens, fotos, notas e um índice a qual relacionava seus 12 capítulos. Após ler o prefácio, concluí: sou de fato um pecador, e o pior, sem o menor arrependimento!

The Book of English Magic, escrito por Philip Carr- Gomm & Richard Heygate é uma daquelas graciosíssimas surpresas que são colocadas em nossos caminhos em momentos em que menos esperamos. O livro contém doze capítulos divididos em diferentes temas e que basicamente são uma introdução bastante completa para estudantes iniciantes e avançados de ocultismo. Sua leitura é de um inglês acessível, mesmo para aqueles que não são totalmente fluentes no idioma, e ainda contém uma extensa introdução a cada tema exposto, entrevista com praticantes dos sistemas pesquisados, bibliografia e indicações de cursos e websites para se aprofundar na matéria de seu interesse, além de servir como um ótimo guia turístico para todos aqueles que pretendem visitar a Inglaterra.

Como o nome pode sugerir para alguns, o título é razoavelmente pretensioso, no que tange a ideia dos autores quanto aos sistemas mágico-esotéricos expostos em seu conteúdo. Conforme dito anteriormente, o livro é de fato uma introdução e um resumo dos principais sistemas mágicos utilizados e/ou estudados por grande parte dos ocultistas ocidentais nos dias atuais. Sendo assim, é sempre importante manter em mente que apesar de a maioria destes sistemas terem tido uma maior visualização após grandes nomes do esoterismo britânico, eles não são necessariamente ou exclusivamente pertencentes ao Reino Unido, seja por sua origem ou desenvolvimento.  

A citação de grandes nomes, tais quais, Samuel Lidell Mathers, Wyllian Wynn Westcott, William Robert Woodman (fundadores da Golden Dawn) Dion Fortune (uma das mais proeminentes membros da Ordem), Aleister Crowley (membro de igual destaque e organizador do sistema Thelêmico), Arthur Edward Waite (responsável pela criação de um dos baralhos de tarô mais famosos do mundo ilustrado pelas mãos de Pamela Colman Smith), são como que uma obrigatoriedade quando tratamos do tema, porém, é preciso lembrar ainda que muitos destes foram influenciados por indivíduos que não eram ingleses, tal como Eliphas Lévi, francês nascido sob o nome Alphonse Louis Constant, que foi por sua vez, segundo os próprios citados, o grande inspirador para o renascimento da magia ocidental no século XX, além de outros.

Não obstante, os próprios sistemas em si são oriundos de diferentes regiões da Europa, e em alguns casos, África e Ásia...logo, apesar de seu florescimento e merecido mérito pertencerem a terra da Rainha, mais justo seria intitular o livro como The Book of European Magic.

Detalhes a parte, o resumo da obra pode ser descrito como; indispensável! The Book of English Magic é um livro para se ter, ler, reler, praticar, curtir e compartilhar!

por Allan Trindade

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segunda-feira, 23 de março de 2015

“Aleister Crowley e o Tabuleiro Ouija” é um livro curioso por vários fatores, que incluem desde o seu título, até seu conteúdo. Publicado no Brasil pela Madras editora, com um total de 158 páginas, é escrito por Jerry Edward Cornelius, ex-membro da OTO e thelemita há décadas. Porém, pouquíssima referência a estes temas serão encontradas no interior deste título...

Como era de se esperar, o autor inaugura o livro relatando uma parte da história e desenvolvimento do tabuleiro Ouija. Sem citar casos famosos como os das Irmãs Fox, foca sua descrição em grande parte sobre aspectos judiciais e disputas de patentes do tabuleiro...o que é certamente interessante notar, vide o quanto de materialidade está por trás de algo tão comumente relacionado à espiritualidade.

Cornelius intitula o livro com o nome de Crowley, pois baseia parte de seus argumentos em uma nota escrita pela Besta para um jornal, sobre a utilização do jogo dos espíritos. Entretanto, vai além, e possui uma intenção clara de tentar elevar o tabuleiro - que segundo o autor possui sua má fama em função da indústria de cinema e sua má utilização pelo vulgo - a uma Arma mágica que deveria fazer parte do Arsenal de todos os magistas. Para isso, ao invés de criar um sistema novo que pudesse então ser utilizado como uma contribuição extra aos sistemas já existentes, prefere, através de um discurso profundamente proselitista, relacionar a Ouija ao Sistema Enochiano...e é sobre esta base que grande parte do livro é desenvolvida.

Se você é uma pessoa que espera uma visão imparcial ou mais “científica” sobre os “por quês” do tabuleiro, terá que se acostumar com as afirmações constantes e incisivas de que, por exemplo, os seres evocados através da Ouija são elementais que se utilizam das Cascas astrais para enganar os participantes de uma sessão, fingindo desta forma serem entes queridos ou personalidades famosas. Segundo o autor, seja para seu bel prazer, ou ainda para o ganho de algum tipo de recompensa, tais entidades - se não evocadas através de um sistema mágico Tradicional - tal qual o é o Enochiano, só trarão aos partícipes problemas de menor ou maior intensidade. 

Acredito, que ao ter escrito tal livro, o autor tenha posto seus argumentos a prova e, portanto, tenha praticado o que indica ser eficiente antes de todas suas afirmações. Baseado nisso acho válida a ideia de experimentar unir estes dois métodos tão aparentemente distintos. Entretanto, não me parece que tal junção seja realmente necessária, visto que ambos os sistemas possuem cada um a sua maneira, seus próprios procedimentos, objetivos e são completos per si...portanto, e como sempre, a escolha é sua!

Considerações à parte sobre seu conteúdo didático cabem ainda alguns comentários sobre a péssima tradução e revisão feita para este livro no Brasil. A seguir relaciono alguns dos pontos aos quais em princípio pensara serem apenas exceções, mas que logo em seguida, por sua constância, notei serem infelizes erros grosseiros, inadmissíveis em alguns pontos, que infelizmente me fazem desconfiar da obra traduzida como um todo:

pg 83:     Livro da Revelação ao invés de Apocalipse
pg 95:     “é imaterial” ao invés de “é irrelevante
pg 142:   “The Temple of the Holy Ghost” como “O Templo do Espectro Sagrado” ao invés de “O Templo do Espírito Santo”.

Aleister Crowley e o Tabuleiro Ouija não é um livro para inexperientes no campo do psiquismo, do espiritualismo ou da magia. Sua versão brasileira, vide os problemas citados acima, que podem ser ainda maiores em número, não é recomendada para qualquer um!


por Allan Trindade