segunda-feira, 29 de junho de 2015

Uma busca rápida pelo tema Ocultismo na internet e dois nomes se apresentarão sem muita demora em sua pesquisa: Aleister Crowley e Goetia! Aleister Crowley? Um Mago britânico que cruzou o mundo em sua Busca através do conhecimento e do desvelar dos mistérios da Magia...Goetia? um sistema mágico por muito tempo evitado tamanha a força de seu rito e a potencialidade de seus 72 demônios. O quê eles tem em comum? A fama! A fama de serem capazes, a fama de serem terríveis! Entretanto, a fama nem sempre acompanha a realidade e é função dos buscadores da verdade descobrirem, por si mesmos, o quanto de realismo há entre as histórias fantásticas e os buchichos do vulgo...

A Goetia Ilustrada de Aleister Crowley é um livro escrito por Lon Milo DuQuette e Christopher Hyatt, com 158 páginas e publicado no Brasil pela Madras editora. O livro divide-se em dois aspectos básicos que se interpenetram: o relato das experiências dos autores com evocações goéticas e instruções básicas sobre os processos evocatórios, incluindo-se nestes a adaptação para conceitos atuais de Magia e Thelema, tais como: substituição dos nomes usados no exergo e triângulo para o panteão thelêmico, adaptação prática de alguns itens do Arsenal Mágico prescrito nos grimórios originais, sugerem uma nova visão sobre o que é um demônio segundo conceitos modernos e como tratá-los, além de novas ilustrações dos espíritos e seus sigilos feitos por David Wilson.

Crowley “participa” de forma direta e indireta no livro. Em seu aspecto indireto, contribui com o sistema desenvolvido por ele mesmo para dar uma nova roupagem, segundo a organização dos autores neste livro específico, para as prescrições evocatórias encontradas no grimório original, o Lemegeton. De forma direta, possui um capítulo inteiro chamado “A interpretação iniciática da Mágicka Cerimonial” , no qual dá a sua opinião sobre o que são os demônios evocados, que para ele, podem ser explicados como “os espíritos da Goetia são porções do cérebro humano. Seus selos representam, portanto, métodos de estimular ou regular essas regiões particulares (através do olho).” p.20

Os autores (e não nos fica claro quem, já que os capítulos não são assinados) parecem colocar em pauta a opinião dos "psicologistas", que defendem uma opinião puramente psicológica das manifestações, através de relatos de experiências pessoais que sugerem uma consciência parahumana, e uma individualidade dos seres evocados, que não concebe o conceito absolutista e antropocêntrico de que os demônios são meras expressões da nossa psiquê. E só por isso o livro já vale a leitura. Toda essa conceitualização absolutamente psicológica da Magia surge no séc. XIX e exclui, sob alguns aspectos, a existência de seres que possuem sua própria individualidade e vida, em planos existenciais que não aqueles necessariamente relacionados ao ser humano.

No campo prático, o livro não nos traz os elementos originais, portanto, caso você não tenha lido As Clavículas de Salomão/Lemegeton ainda, recomendamos que o faça previamente à leitura deste título. O ritual é dedicado a thelemitas, que também sejam familiarizados com o Sistema Enochiano, uma vez que traz, como evocação preliminar, uma das Chamadas deste sistema. E continua com descrições técnicas sobre o uso do Ritual Menor do Pentagrama, etc...e segue sugerindo, como uma possibilidade de trabalho a ser executado, evocações para a solução de problemas psicológicos, que nos fazem concluir que, segundo a visão dos autores, psicologia e espiritualidade caminham juntos, sem se excluir.

Como ponto negativo, nos parece extremamente desnecessário o uso do subtítulo Evocação Sexual para o livro, uma vez que apenas um curto capítulo à seu final disserte sobre a prática do sexo como uma alternativa ritualística, porém, que de tão pobre em sua descrição, mais trará dúvidas sobre o tema, que virá a instruir de alguma maneira...  

O livro apresenta paralelos entre Tradição e modernidade; Psicologia, Magia, Thelema e Magia Salomônica...para os já familiarizados com tais sistemas, vale a leitura, para todos os outros, recomendamos a aquisição prévia de um título mais introdutório.


"O mal é o inimigo. O mal são os deuses de outros homens. O mal são os terrores da noite. O mal é o esmagador sentimento de desmoronar.
Contudo, todas essas imagens são contrassensos. O mal, assim como outras ideias, existe porque nós, como humanos, existimos.
A natureza não conhece o Mal, nem o Bem, nem, aliás, a Lei. Estas são criações da mente humana, "explicações" que nos ajudam a aquietar os "terrores da noite". A mente humana exige a crença em "sua" ideia de "ordem" unicamente pelos propósitos da mente humana.

Assim, a natureza do mal é a natureza humana." p.35

por Allan Trindade



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Posted by Resenha Oculta | File under : , , , , , , , , , , ,
Em um belo dia de primavera, uma jovem e virgem donzela faz a frente de uma procissão nas ruas da Grécia Antiga. Em suas delicadas mãos, um rústico e quase invisível incensário libera uma espessa fumaça aromática de Aloé, Rosas, Óleo de Oliva, Almíscar e Âmbar Gris. 

Fileiras e mais fileiras de bancos sustentam o peso de homens e mulheres ajoelhados em oração. Caminhando no centro em direção ao altar, um velho homem recita palavras em latim, ininteligíveis para a maioria dos presentes, enquanto balança um rico turíbulo de prata contendo incenso, na Inglaterra. 

Uma grande fogueira ao centro aquece todas as pessoas reunidas do lado de fora de suas cabanas, vestindo roupas de couro, penas na cabeça, e pinturas faciais, enquanto seu xamã lhes defuma com um amarrado de linhas de algodão e sálvia, na América do Norte.

Música, dança e alegria preenchem os corações de homens e mulheres vestidos de branco, dentro de um terreiro, enquanto entram em transe e defumam o lugar com orégano, café, manjericão e arruda, no Brasil.

Do oriente ao ocidente, de norte a sul, do esotérico ao exotérico, seja no passado ou no presente, as defumações sempre tiveram sua presença garantida dentro de rituais religiosos ou mágicos. Com diferentes peculiaridades que poderiam variar desde a inclusão de sangue e vísceras, até o uso de excrementos em sua composição; fosse para agraciar alguma divindade, cura, limpeza de ambientes, proteção, ou ainda para amaldiçoar a vida de alguém, o uso de defumações pode ser encontrado em praticamente todas as culturas antigas.

O Uso Mágico e Espiritual de Incensos e Defumadores, de M. E. Caland, publicado no Brasil pela Editora Pensamento, com 166 páginas nos dá um ótimo panorama sobre sua importância e uso ritualístico. Dividido em seis capítulos, o autor nos introduz a um mundo de teoria e prática desta arte tão negligenciada pelos magistas da modernidade. Caland é didático, classifica funções e métodos, origens e usos para cada uma das defumações apresentadas. Em seu argumento histórico, nos faz viajar para tempos antigos onde grandes rituais eram feitos em homenagem a Deuses e entidades, de diversas partes do mundo.

Apesar da aparente baixa quantidade de páginas, o livro é completo e faz jus a seu subtítulo: Aromas para curar, sonhar, amar, meditar e estimular, e vai além, já que dá instruções sobre como fazer seu próprio turíbulo, altar de incenso, tabelas de correspondência astrológica, associação de cores e dias da semana, dentre outras. Suas receitas não são apenas aromáticas, e grande parte delas incluem um objetivo mágico para seu fabrico e objetivo, tais como: incenso para prosperidade, incenso para vingança, incenso para círculos mágicos, incenso para favorecer os estudos... Além de incensos místicos, como: incenso de Pan, de Saturno, do Sol, etc...

Quem já sentiu o aroma de um incenso de rosa musgosa, quem já foi defumado dentro de um terreiro de macumba, ou ainda quem naquele momento de paz e tranquilidade acendeu um incenso para aromatizar e harmonizar o ambiente, sabe o quão poderoso é o cheirar de um aroma como esses. Entretanto, nos dias atuais, ervas são substituídas por produtos sintéticos que de longe são uma vaga memória do que seria o cheiro de determinado componente em seu estado herbal, ou natural.

Ir até a loja de produtos exotéricos e pagar menos do que o valor de um café na compra de um pacote de incensos, é o mesmo que querer investir miséria para obter riqueza...não dá! Produzidos de forma industrial, com bastões neutros, incensos combustíveis baratos são feitos a partir de óleos sintéticos que simulam, através de composições químicas, os aromas de ervas e demais elementos naturais, porém, de forma limitada e ruim.

Cada objeto ritual deve ser pensado de forma séria e dedicada, e o negligenciar de uma ferramenta tão importante, quanto os defumadores, pode empobrecer ou ainda, tornar o seu rito menos eficaz se levarmos em consideração, que sim, inteligências parahumanas existem e são atraídas para o nosso plano por associação e correspondência. Se não se oferta como presente um desodorante ao invés de um perfume para um alguém querido, então porque ofereces algo ruim, barato e sintético, ao invés de ervas naturais e aromáticas, a seus Deuses?

Adquirir o livro de Caland é não apenas investir em conhecimento prático, mas didático e mágico; é dar-se a chance de elevar seu ritual a um outro nível!

por Allan Trindade


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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Posted by Resenha Oculta | File under : , , , , , , , , ,

Nem sempre o Tarô foi o que ele é nos dias de hoje. Com um curioso histórico que mistura mito e realidade, este conjunto de 78 cartas, carrega em si algumas centenas de anos de sabedoria, crença e superstição. Não são poucos os autores que tentam atribuir-lhe uma origem mítica, milenar e divina, mas hoje, graças à dedicação de pesquisadores sérios e avanço da ciência, é possível afirmar que o Tarô seja um jovem senhor que ainda nem alcançou seus mil anos de existência.

“Mitos e Tarôs – A Viagem do Mago” é um livro escrito por Dicta e Françoise, com 192 páginas, publicado pela Editora Pensamento. Após uma curta introdução ao tema, e um estranho capítulo que trata sobre cabala - que não parece ter a menor relevância para o contexto geral do livro – a intenção das autoras se faz clara: relacionar os 22 arcanos maiores do Tarô a mitologias de diferentes religiões existentes ao redor do mundo. A proposta é ousada, e concebe que há uma similaridade tamanha entre os Arcanos e determinados mitos, que estes são associáveis e de certa maneira, podem ser o fundamento da origem daquela carta.

A introdução a cada capítulo, que é também a justificativa para relação feita, em geral, não ultrapassa o número de dois parágrafos. O primeiro deles, o Arcano I, por exemplo, é associado ao mito de Orfeu, justificado como tendo sido este de maneira igual, um mago. E isso é tudo! Todo o restante do capítulo segue tratando exclusivamente do mito em questão, ignorando a premissa inicial em correlacionar verdadeiramente os elementos encontrados no Arcano, com o personagem exposto.

A proposta do livro em unir mitologias aos Atos não se sustenta, vide a falta de elementos históricos e gráficos, que de fato, façam sentido para um sincretismo de conceitos tão distintos. O Tarô, em sua proposta inicial, não tem por objetivo ter suas lâminas engessadas a pensamentos filosóficos outros que não aqueles que ele próprio possa fornecer. Veja que um mito, uma história mitológica, possui uma estrutura muito própria, associada à cultura, crenças e perspectivas de um determinado povo. O Tarô se cria de forma independente a estes elementos básicos, e, portanto, tal associação soa como tendenciosa e sem sentido. Lembremos que desde a sua criação até os dias de hoje, o Tarô foi e é usado também como jogo lúdico, sem qualquer apelo místico ou esotérico.

Como dito anteriormente, a formatação a qual concebemos o Tarô atualmente, é recente. Nem sempre este conjunto de Arcanos possuiu 78 cartas ou teve em sua estrutura os mesmos elementos simbólicos que são representados nos dias de hoje. Portanto, a insinuação de que sua origem tenha sido formatada em algum ponto específico da história, ou em outras palavras, que cada carta tenha sido posta ali de maneira pensada, em um momento único por autores contemporâneos, e não como uma consequência natural de diferentes percepções em diferentes momentos, mais uma vez, não encontra fundamento em um argumento verdadeiramente científico, por assim dizer.

O livro é falho, incompleto e dispensável. Mitos e Tarôs seria melhor descrito como “Mitos e uma pitada de Tarô – A viagem das autoras”.


por Allan Trindade


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