quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Filho da Puta! Sem dúvidas um dos palavrões mais conhecidos por toda a cultura ocidental e que, de tão difundido, costuma ser facilmente compreendido até mesmo por aqueles que não dominam o idioma de quem o verbaliza. Não é preciso falar espanhol para entender um hijo de puta, italiano para figlio di puttana ou mesmo um fils de pute em francês. Os ingleses, embora fortemente influenciados pelo Latim, porém de linguagem de cognição não tão simples para os falantes das línguas previamente citadas, amenizaram um pouco para as putas e atribuíram as cadelas o mesmo sentido com seu son of a bitch.

Embora não se saiba com precisão as origens para este tipo de xingamento, as elucubrações parecem óbvias: ser filho da puta é ser primariamente um bastardo, filho de um pai desconhecido ou ausente e de uma mãe profissional do sexo, ou ainda que tivera relações antes do casamento. Estas raízes, se analisadas sob a perspectiva religiosa, encontram muito de seus fundamentos no Judaísmo e Cristianismo, religiões de forte inclinação moral que tendem a demonizar qualquer tipo de exceção a sua forma tradicional de enxergar o sexo e seus relacionados, sendo a prostituição um dos maiores pecados considerados nestas doutrinas. Ser filho da puta para eles é então sempre o outro. Aquele que está fora. Que por si ou através de sua progenitora não cumprira suas convenções sociais ou religiosas. 

Mas quão irônico seria se aquela velha história sobre Natal, manjedouras, Belém e magos. Herodes, perseguição e Egito. Anjo, virgindade, Maria e José escondessem uma verdade surpreendente nas entrelinhas da Bíblia Sagrada sobre o judeu que é o principal ícone da fé cristã:

de que Jesus é, literalmente, o filho de uma puta?!

MARIA CHOROU AOS PÉS DE JESUS é um livro feito por Chester Brown, com 283 páginas, divididas em duas partes e publicado no ano de 2017 pela editora WMF Martins Fontes.

Se você é cristão ou tem simpatia por esta religião, por favor, pare por um segundo e se pergunte quão sensível é sua fé. Quais atitudes, elementos ou ideias são capazes de te ofender quando o assunto é a sua crença? Ter isso em mente pode ser determinante para definir se você deve adquirir este livro ou mesmo continuar lendo esta resenha. O assunto aqui é prostituição. Mas não apenas aquele conceito bíblico de que prostituição pode se referir a qualquer atitude que desagrade ao Deus de Israel e suas diretrizes, mas especificamente aquela prostituição que nós conhecemos bem, direta ou indiretamente: a prostituição do corpo em função do sexo.

Chester Brown é um desenhista, do tipo que faz quadrinhos, e já tratou deste assunto antes em sua outra publicação de nome Pagando Por Sexo, recomendada para aqueles que tenham interesse em saber mais sobre o assunto, incluindo questões legais e ideológicas, tais como o posicionamento de feministas em relação a este tema, e as divergências que envolvem todo este universo a nível secular. Este livro em específico não será resenhado por nós por não tratar do tema religião ou ocultismo, mas nós o recomendamos. Caso tenha interesse em adquirir, você pode fazê-lo através deste link: https://amzn.to/2ShII0R

Aqui o método se repete: o autor introduz o leitor através de diversas histórias em quadrinhos e em seguida, explica cada um dos elementos apresentados, as razões para suas conclusões, referências bibliográficas e todos os elementos que compõem a defesa de uma tese. Tudo começa em Gênesis e a história das oferendas dos irmãos para Javé, encerrada pelo fratricídio de Caim contra Abel. Seguida de Tamar e suas artimanhas para engravidar de Judá. Raabe e a salvação de Naate e Abade. Noêmi, Rute e a sedução de Boaz para desposá-lo. A traição de Davi contra um de seus soldados mais fieis, Urias, apenas para transar com sua mulher, Betsabá. Além da parábola dos Talentos, do Filho Pródigo,  do descontentamento de Simão e Judas sobre a ação de Jesus em relação a Maria de Betânia, e o dilema de Mateus em relação a Maria, mãe do nazareno. Assim se encerram as histórias. E que o legente tenha em mente que Chester não tem a intenção de reproduzi-las sempre de forma literal conforme contadas na Bíblia, mas, em alguns casos, dar uma outra interpretação sobre o que as entrelinhas talvez queiram dizer.

Numa primeira impressão alguns podem considerar exagero de nossa parte termos salientado a necessidade de certa maturidade emocional e de fé para ler este livro, vide que se baseado nas histórias apresentadas no parágrafo anterior, não há nada assim de tão grave. Aqueles que já leram a Bíblia inteira hão de perceber que lá existem relatos outros muito mais escandalizantes que estes. Entretanto, a polêmica se resume a uma personagem específica e todas as histórias selecionadas por ele tem por objetivo embasar a seguinte teoria: Maria era prostituta, uma meretriz que mesmo estando prometida para José,  ia para cama com outros homens por dinheiro e nem mesmo sabia quem era o pai de seu filho, aquele que viria ser chamado Jesus, um bastardo, por assim dizer.

Segundo o autor, toda esta ideia surgiu a partir da leitura do livro The Illegitimacy of Jesus, e que decidiu expor através de sua arte o provável dilema que Mateus encontrara para escrever seu evangelho e indicar de forma indireta o ofício de Maria. O apóstolo teria criado uma falsa genealogia da pseudo virgem de modo a indicar que se suas ancestrais eram prostitutas,  os leitores mais atentos perceberiam que ela assim também o era. E foi por isso que incluiu duas famosas meretrizes, Tamar e Raabe, na ancestralidade de Maria, assim coma aquelas que embora não o fossem de forma declarada, tiveram atitudes comparáveis a, tais como Rute e Betsebá. Assim, contrariando o padrão de não citar mulheres em genealogias, pela análise do conjunto das quatro, no futuro, as pessoas concluiriam que Maria também era uma prostituta, e não dizê-lo de forma direta evitaria a censura dos cristãos de sua época.

Como complemento, esclarece que a  própria Bíblia atesta que vizinhos não acreditavam na virgindade de Maria, tal como em Marcos 6:3 e João 8:41. À sequência de sua defesa, Brown argumenta que tal qual os exemplos das histórias destacadas por ele, o Deus da Bíblia admira os ousados que desafiam suas ordens, sempre os gratificando de alguma forma e que nunca pediu para que sigamos lei alguma, além de dizer que o próprio Jesus não condena a prostituição. Afirmações que parecem pouco razoáveis se confrontadas com passagens como aquela de João 8:11 -  " vá e não peques mais ". Não obstante, estabelece uma série de pontos indicativos que tratam de como a prostituição está sempre presente no contexto bíblico - objetiva ou subjetivamente - sendo este um tema que sem dúvidas merece ser revisto por historiadores e teólogos cristãos.

Em função do tipo de resenha que desenvolvemos aqui, esclarecemos ao leitor que qualquer impressão que o resumo de nossas palavras possa indicar, este deve ser entendido como aquém da ideia exposta por Chester Brown nesta obra. Sua defesa é clara: Maria era prostituta. Porém, a pesquisa apresentada pelo autor dá mesmo sinais interessantes que nos fazem refletir ao menos sobre essa possibilidade, especialmente se não encararmos a prostituição como algo negativo, mas apenas como mais um ofício, nem melhor nem pior que qualquer outro, nem satânico nem santo, apenas e geralmente, injustamente discriminado.

por Allan Trindade


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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

E disse o servo ao faraó:

- Eles se recusam a lhes prestar as devidas honrarias, senhor!
- Não se preocupe com eles, são loucos que cultuam um deus que não podem ver.


COSMOLOGIA EGÍPCIA é um livro escrito por Moustafa Gadalla, com 173 páginas, divididas em 30 capítulos e publicado no ano de 2003 pela Madras editora.

O povo mais supersticioso da história. Assim costumam definir alguns quando pretendem falar sobre o Egito antigo. Uma adjetivação no mínimo infeliz, diga-se de passagem. Infeliz pois ignora a forma como aqueles homens e mulheres do passado enxergavam a vida e o universo a sua volta: sempre como manifestações do divino. O sol que queimava era também aquele que trazia a luz e rompia o medo das trevas. O rio que inundava era também aquele que tornava o solo fértil e garantia a boa colheita. O escaravelho  que com dificuldade rolava seus dejetos pelas areias escaldantes do deserto, fazia deles nascer sua prole e provava que até mesmo da matéria mais rejeitada era possível surgir vida.  O faraó embora humano era ao mesmo tempo um deus. Cada elemento. Cada detalhe. Cada aspecto da vida - e da morte - encontrava sua correspondência com o aqui e o porvir, com o material e o espiritual. Não há nada de supersticioso nisso. Há de pragmático. Para o egípcio antigo o divino se apresenta na prática, e não na especulação daquilo que pode ser. E segundo Moustafa Gadalla, entender isso é o mínimo necessário para aqueles que se pretendam aventurar pela cosmologia egípcia.

Segundo o autor, Heródoto classificou os egípcios como os mais saudáveis, alegres e religiosos do mundo. E isso porque justamente encontravam na vida sempre uma forma de estar em contato com o divino, que era entendido como único, embora seus atributos fossem classificados sob outros nomes e formas, denominados erroneamente de deuses, mas melhor definidos como neteru. A não compreensão disto teria feito com que Akhenaton tentasse eliminar as diversas formas com o que o Divino era então representado.

Levando em consideração a correlação que aqueles povos estabeleciam com o espiritual e o material, os mitos tinham não apenas uma intenção moral, de instruir ideologicamente o povo, mas também científica, já que através dos símbolos era possível entender como o mundo se formara e a própria civilização humana. Segundo Gadalla, foi a ignorância de povos como dos judeus, cristãos e muçulmanos que os levaram a desconsiderar tais conhecimentos e tratá-los sob viés de literalidade, visto que estes tipos abraâmicos absorveram parte da cultura e conhecimento egípcio, porém, mal. Entretanto, Pitágoras teria sido um resultado positivo deste contato.

E por falar neste filósofo, tão celebrado por seus cálculos, números compõem uma grande parte desta publicação. Os mitos da criação apresentados aqui como Nun, sendo o caos primordial: Maat, a ordem; Amen, a força oculta. Estes então dão origem a Atum e toda variedade de aspectos do Divino que se unem não apenas nas histórias, mas também através das somas matemáticas e suas atribuições místicas, a exemplo de Ausar, representado pelo número 3 que se une a Auset, representada pelo número 2, que dão origem ao 5, Heru. Tal como a citação de Plutarco em sua Moralia, vol. V.:

Três (Osíris) é o primeiro número ímpar perfeito; quatro é um quadrado, cujo lado é o número par dois (Ísis), porém, de certa forma, o cinco (Hórus) é como seu pai e de outra forma, sua mãe, pois é feito de dois e três. E panta (tudo) é derivado de pente (cinco) e falam em contar numerando de cinco em cinco.

pg. 49


Há uma insistência  na descrição do autor em dizer que os Baladi são herdeiros daqueles egípcios da antiguidade, e que muitas das ideias entendidas por ele, são verificáveis neste povo que ainda carrega muito daquela antiga tradição. O mesmo pode-se dizer do conceito animista por trás de toda esta conjuntura, que estabelece que a matéria, conforme comumente a concebemos, assim o é apenas por uma convenção ideológica visto que tudo no universo é energia. Sendo assim, o que diferencia o físico do espírito é apenas a velocidade com que as moléculas vibram; quanto mais lenta, mais material, quanto mais rápida, mais espiritual.

Os antigos egípcios e os Baladi não faziam/fazem distinção entre um ser em estado metafísico e um ser com corpo material. Esta diferença é uma ilusão mental, pois existimos em diversos níveis simultaneamente, do mais físico ao mais metafísico. Einstein concordava com esses mesmos princípios...claramente mostrada na Estela de Shabaka (século VIII a.e.c)

Então os neteru (deuses) entraram em seus corpos, através de todos os tipos de madeira, mineral, argila, todas as coisas que crescem nele (terra).
pg. 60

E se os aspectos individuais dos seres eram importantes, a forma como estes seres se relacionavam também o era, por isso a organização social era tão fortemente pensada, a ascendência matriarcal tendo mais importância que a patriarcal, as profissões - geralmente passadas de pai para filho -, o faraó com sua função sacerdotal de garantir boas colheitas iniciando o plantio e praticando os rituais diários de conexão com os deuses, sendo ele próprio considerado uma divindade em si, e o templo, entendido não como um local de adoração pública, mas uma morada terrena de emanação de poder do deus para o povo. O livro se encerra tratando das mudanças de eras zodiacais, a função do homem nesta existência e sobre as mudanças futuras a qual todo universo está submetido.

Esta é uma publicação leve e fluida. Mais preocupada com a ideia geral da cosmovisão egípcia do que se aprofundar em todos os detalhes. O autor faz uma série de críticas sutis e - por vezes - nas entrelinhas, ao dizer que muitos dos pensamentos que temos hoje e consideramos serem gregos, são na verdade egípcios. É uma fonte introdutória para um assunto que, sem dúvidas, exigiria que morrêssemos, voltássemos no tempo e ressuscitássemos para tentar entendê-lo em sua totalidade.

por Allan Trindade


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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Os deuses do nebuloso passado deixaram inumeráveis pistas que só hoje podemos decifrar e interpretar; pela primeira vez, porque o problema das viagens interplanetárias, tão característico de nossa época, já não era problema, mas realidade rotineira, para homens que viveram há milhares de anos. Pois eu afirmo que nossos antepassados receberam visitas do espaço sideral na mais recuada Antiguidade, embora não me seja ainda possível determinar a identidade dessas inteligências extraterrenas ou o ponto exato de sua origem no Universo. Não obstante, proclamo que aqueles "estranhos" aniquilaram parte da humanidade existente na época e produziram um novo, se não o primeiro, Homo Sapiens.

Esta afirmativa é revolucionária. Abala até os alicerces de um arcabouço mental que parecia tão solidamente construído. Meu objetivo é tentar fornecer provas de sua veracidade.

ibidem, pg VIII.


ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS? é um livro escrito por Erich Von Däniken, com 200 páginas, divididas em 13 capítulos, e publicado no ano de 2016 pela editora Melhoramentos.

A arqueologia não aceita este livro. Assim considera von Däniken, pois o mesmo possui ideias ousadas demais para seus modos tradicionais de interpretar o passado. Mas se os cientistas consideram que há algo de errado nesta publicação, o mesmo diz o autor sobre eles, uma vez que segundo seu entendimento, ignoram muitas descobertas avançadíssimas para o contexto primitivo, e vai além, acrescentando os religiosos a sua crítica, alegando que estes costumeiramente referem-se a seus deuses como salvadores, embora isso não se verifique na prática.

Não leia o leitor este livro como se fosse mais uma obra de ficção científica. Não confunda as categorias em que se dividem a literatura que, de uma forma ou de outra, se relacionam com os campos científicos. Há três grandes espécies de livros ligados a essa esfera: livros de Ciência, livros de ficção científica e livros de especulação científica.

A especulação científica não é contrária à Ciência, muito menos pretende tomar-lhe o lugar. Mas também não se submete servilmente a postulados 'consagrados'; isso seria frontalmente contrário à natureza da atitude especulativa, além de que a Ciência, por mais ortodoxa que seja, vez por outra é forçada a substituir seus próprios conceitos, até então considerados inabaláveis e definitivos.
pg. 06

As palavras expostas no parágrafo anterior do Professor Flávio Pereira em sua apresentação, nos dão um bom panorama sobre no que se baseia a ideia central desta obra. Sim, o autor afirma que nós fomos visitados por alienígenas, que estes alienígenas nos ensinaram parte de sua tecnologia e que tinham interesses escusos não apenas para nossa raça, mas com nossa evolução e relação com este planeta. Mas para além disso, deve-se ressaltar que Erich não tem a pretensão de esgotar toda a discussão especulativa que possa se criar em torno dos indícios apresentados aqui, mas de engatilhar a pesquisa e incentivar a curiosidade de todos sobre esta possibilidade, de modo que o assunto extraterrestre não seja tratado com o preconceito do rigor acadêmico, que tende a considerar que algo que não se evidencia não existe, mas fazer com que a ponderação esteja a frente ao cogitar que algo que não se evidencie pode existir ou não.

Tudo começa com um cálculo de possibilidade sobre a vida extraterrestre que leva em consideração os quintilhões de estrelas visíveis por telescópios e que se admitirmos a possibilidade de vida em 1 a cada 1000 , teríamos cerca de 100 milhões de planetas com seres viventes. E que a alegação comum que se faz sobre a necessidade de água e oxigênio para abrigar vida é no mínimo presunçosa uma vez que esta seja uma necessidade nossa. Cita o caso de insetos e bactérias expostos por cientistas a atmosfera reproduzida de planetas gasosos, além de radiação, e que concluíram que muitas destas formas de vida sobreviveram sem efeitos colaterais para si ou seus descendentes.

A partir destas premissas, o autor nos fala sobre a possibilidade hipotética de viajarmos pelo espaço e encontrarmos algum tipo de sociedade semelhante a nossa, porém, tecnologicamente atrasada. Pararíamos lá não apenas para conhecê-los mas também para abastecer nossa espaçonave. Qual seria a impressão que teriam de nós? Muito provavelmente a que nós tivemos caso o mesmo tenha acontecido no nosso passado: consideraríamos os astronautas, deuses!

Pronto! É a partir daqui então que Däniken começa a nos dar uma série de exemplos encontrados ao redor de todo mundo, de indícios de que este tipo de contato fora feito com nossos ancestrais. Mas uma vez que os aliens tenham conseguido aquilo que queriam daqui e de nós, continuaram seus planos maiores, sejam eles de partir em busca de novos mundos, ou ainda aqueles de nos observarem de longe sob a promessa de um dia retornarem para o cumprimento de novos planos. E nós, geração após geração, desenvolvemos rituais, conceitos metafísicos, espiritualidade e religião, para explicar aquilo que no começo era algo absolutamente físico e material, para nos prendermos a ideia de que tudo isso é energético e espiritual.

Assim teriam surgido as pinturas rupestres com seus seres humanoides estranhos, diferentes dos animais, geralmente desenhados de forma facilmente identificável. Os relatos sobre pássaros de metal que vinham das estrelas. Os vimanas descritos no Mahabharata e as armas de poderio semelhante ao de bombas atômicas. Gilgamesh e o dilúvio. Os nephilins e os humanos híbridos. Os alinhamentos perfeitos dos templos sagrados para com as estrelas e seus cálculos precisos. Sobre a Ilha de Páscoa e seus colossos que pesam toneladas. Dentre outros. E que uma vez que partamos definitivamente para a exploração espacial, os problemas humanos se tornarão pequenos, e até mesmo ocultistas e alquimistas abandonarão suas labutas terrenas para explorar os labores do céu.

O livro se encerra com especulações sobre o porquê dos governos fazerem tanto mistério sobre as investigações extraterrestres, e que o investimento na cosmonáutica não apenas nos capacita entender mais sobre o universo a que pertencemos, como nos desenvolve tecnologicamente, uma vez que os avanços feitos nesta área sejam muitas vezes usados, cedo ou tarde, para os benefícios do nosso dia a dia na Terra.

Alguns podem pensar que se um dia fomos tão evoluídos assim tecnologicamente, por que não detemos mais esses conhecimentos? E este é um questionamento dúbio que pode jogar tanto a favor como contra a teoria de Däniken. Pode-se considerar que a necessidade nos fez chegar a certos saberes e que com o passar do tempo, outras prioridades nos fizeram focar outras necessidades. Ou ainda elucubrar que de fato recebemos por empréstimo algumas tecnologias que com o passar do tempo nos foram retiradas por aqueles que por aqui passaram. Se levarmos em consideração que muito do conhecimento científico da antiguidade era restrito as altas esferas sociais - como líderes religiosos e políticos - e que muitas foram as bibliotecas queimadas nos tempos passados, havemos de concordar, conforme dito por um grande mestre do ocultismo ocidental, que o mistério é mesmo inimigo da verdade.

Fato é que muitas das perguntas sobre como e porquê fizemos tais coisas continuam sem respostas. Sendo assim, talvez seja melhor que não tomemos partido nem de um lado, nem de outro. A neutralidade aqui é a melhor das conselheiras: evita o fanatismo e está sempre de portas abertas para o possível; seja este possível aquele que vem dos recônditos mais criativos da nossa mente, da nossa centelha espiritual transcendental que chamamos de Deus ou deuses ou até mesmo dos nossos criadores estranhos e misteriosos advindos do espaço sideral.

por Allan Trindade


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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Em 1910 fui admitido na Ordo Templi Orientis. Dois anos depois sou Baphomet, o Rei Santo e Supremo da Irlanda, Iona e todas as Bretanhas no santuário da gnose...sou o chefe da Ordem inglesa. Começo a preparar rituais novos e melhores, incorporando o Livro da Lei nos ensinamentos da OTO. É 1915 e, tendo capturado, adorado, sacrificado e consumido um sapo sagrado, eu alcanço o grau de Magus... To Mega Therion. Em 1923 sou nomeado chefe internacional da Ordem. Título que levarei pelo resto da vida. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, apenas a sede californiana da OTO sobrevive. As sedes europeias foram violentamente suprimidas pelos nazistas. Eles próprios não eram estranhos ao mundo do oculto. É 1937 e estou ganhando a vida vendendo pílulas do Elixir da Vida. São feitas de calcário, açúcar, goma arábica e meu sêmen. Vendem bem para mulheres ricas.

A memória se apaga - estou na escuridão...uma alma à deriva no vento solar. - Cap. V

ALEISTER CROWLEY é um livro em quadrinhos, capa dura, produzido por Martin Hayes e RH Stewart com 157 páginas, divididas em 8 capítulos e publicado no ano de 2018 pela editora Chave.


Esta é uma obra de ficção baseada em fatos reais. A história começa em Netherwoods, com Crowley já velho, mais precisamente em 1947, quando recebe a visita de William Keyes, um homem interessado em escrever sua biografia. Aleister aceita e a trama então começa a ser contada conforme a memória do mago. Sua infância e a relação conturbada com sua família: cristãos fundamentalistas do segmento Plymouth Brethren, que criam na volta repentina de Jesus. Sua revolta após a morte inesperada de seu pai, culpa, em partes, de suas crenças. O encontro com Julia Baker e Cecil Jones e a entrada na Golden Dawn. A amizade com Allan Benett e o uso de drogas. As práticas com Goetia. O rápido desenvolvimento mágico na Ordem e a confusão com os membros e Mathers. O casamento com Rose e o recebimento do Livro da Lei. A criação da Abadia de Thelema. Sua morte.

Como introdução, esta é uma boa obra de ficção, com um roteiro resumido complementado por alguns elementos fantasiosos.  Embora a distinção de fato e mito possam preocupar o leitor não familiarizado com sua biografia, um capítulo denominado Exegeses se destina a distinguir cada um dos elementos reais dos ficcionais. Portanto, sinta-se confortável para desligar o senso crítico por alguns minutos antes de adentrar nos aspectos factuais da vida do biografado. Entretanto, se quanto ao roteiro e explicações não temos do que reclamar, em relação a arte dos quadrinhos sentimos que deixou a desejar. As ilustrações de RH Stewart são desconexas, não seguem um padrão de traço, em muitos momentos são escuras e confusas, chegando ao ponto de serem sujas até, dando por vezes a impressão de rafe ao invés de arte final.

A cada ano a vida de Crowley parece suscitar mais e mais interesse de ocultistas e curiosos. Conturbada, fascinante, polêmica, satânica, lamentável... são alguns dos diversos adjetivos dados pela maioria quando questionados sobre. Perceba que o todo costuma ser sempre negativo. Talvez por desconhecimento. Talvez por gosto. Talvez por ignorância em saber sob quais preceitos místicos este homem guiou sua vida. Num mundo onde o sucesso costuma ser medido por quão famoso um alguém é ou por quantos zeros possui sua conta bancária, considerar que aquele menino, nascido em berço de ouro, um milionário descendente de uma família tradicional cristã, terminaria seus dias sem dinheiro e afirmando ser a Grande Besta apocalíptica, é para muitos um fim trágico.

Mas aqueles que assim o consideram ignoram toda a trajetória de vida deste homem. Do quanto suas atitudes e investimento representam a vanguarda de seu tempo. A quebra de paradigmas, os apontamentos da hipocrisia, a criação de uma nova religião que garantisse a liberdade de toda a humanidade, o reduzir-se ao mínimo para elevar-se ao máximo, o transformar a si próprio naquilo que cria como fundamento básico: que todo homem, não importa como comece, e toda mulher, não importa como termine, é sem dúvidas e sempre, uma estrela. 

por Allan Trindade


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domingo, 4 de novembro de 2018


Exótico. Eis uma palavra bastante conhecida e que quando usada pela maioria das pessoas, tende a expressar muito mais um sentimento que uma definição fria. Este vocábulo costuma ser evocado quando de alguma maneira sentimos que o objeto a qual nos deparamos desperta em nós uma estranheza tal, que ficamos sem saber o que exatamente dizer daquilo, uma indecisão estranha que nos deixa em cima do muro para definir se gostamos ou não, se achamos bonito ou feio, se queremos apenas olhar ou tocar, mas que indiscutivelmente nos atrai e chama a atenção. 

Segundo descrições comuns, exótico é um adjetivo a qual se atribui aquilo que não é originário do país em que ocorre, que é estrangeiro, ou ainda, que é esquisito, excêntrico, extravagante. É fato que poderíamos concordar ipsis litteris com estes termos, mas caso seja este o caso, faríamos apenas um acréscimo a esta definição: de que exótica é também, e sem dúvidas, a mitologia nórdica.




MITOLOGIA NÓRDICA é um livro escrito por Neil Gaiman, com 286 páginas, divididas em 16 capítulos e publicado no ano de 2017 pela editora Intrínseca.


Embora este seja nosso entendimento, parece que Neil Gaiman não concordaria de todo com esta opinião, já que para ele, embora seja difícil escolher uma dentre as várias mitologias, esta é sua favorita.  

Saídos do norte da Europa e descendo para o sul junto com suas campanhas de guerra e busca por novas terras para morar, aqueles antigos homens e mulheres conhecidos popularmente como vikings, trouxeram consigo sua ciência, língua, cultura, religião e seus deuses, de modo que de tão impressivos, perpetuaram-se também através dos nomes dados aos dias da semana encontrados na língua inglesa, tais como: Tyr/Tuesday (terça-feira), Odin/Wednesday (quarta-feira), Thor/Thursday (quinta-feira) e Frigga/Friday (sexta-feira). Divididos em dois grupos distintos conhecidos como Vanir,  deuses relacionados a natureza e menos belicosos, opostos aos Aesir, aqueles de comportamento notadamente mais aguerrido, é de todo este contexto que surge também a influência para as histórias em quadrinhos e filmes de super heróis que tratam das aventuras de Thor e seus relacionados. Entretanto, embora este e muitos outros livros sobre esta conjuntura tenham sido escritos, Gaiman nos salienta que muito pouco sobrou da tradição oral dos mitos, visto que só começaram a ser registrados quando o Cristianismo já era a religião dominante.


Aqui os protagonistas das histórias costumam ser sempre o já citado Thor, Odin e seu irmão, Loki. Odin, o principal dentre todos os deuses, tem diversos nomes. Viaja pelo mundo querendo conhecer a realidade das pessoas e vive acompanhado de dois corvos: Hugin (pensamento) e Munin (memória). Contempla todo o universo de seu trono, Hlidskjalf e trouxe a guerra para o mundo. Thor forja trovões, é ruivo, não muito inteligente, mas o mais forte dos deuses. Simpático e franco, usa um cinturão, Megingjord para duplicar sua força. Sua arma é um martelo, Mjölnir. Ele é filho de Jürd, deusa da terra e tem três filhos com Sif. Thor defende Asgard e Midgard. Loki encanta por sua beleza, é sensato, convincente e diferentemente de seu sobrinho, é astuto e inteligente. Mas seu interior é cheio de ódio. Filho de Laufey com Farbaut, é irmão por jura de sangue de Odin. Dentre e acima de todos está a Yggdrasil, a mais bela e frondosa de todas as árvores. Yggdrasil cresce através dos nove mundos, finca suas raízes em três deles e se eleva acima acima dos céus. Foi nela que Odin se sacrificou para obter o conhecimento de tudo através das Runas.

Os nove mundos são: Asgard, lar dos Aesir; Álfheim, lar dos elfos da luz; Nídavellir, lar dos elfos negros; Midgard, o mundo dos homens; Jötunheim, morada dos gigantes; Vanaheim, casa dos Vanir; Niflheim, o mundo escuro e finalmente Muspell, o mundo das chamas. Há ainda um mundo extra, que carrega o nome de sua governante, Hel, o local para onde os mortos que não tiveram uma passagem honrada em batalha vão. Dados estes entendimentos básicos sobre toda a cosmogonia nórdica, e até mesmo sua gênesis, não citada nesta resenha por nós vide sua complexidade e exotismo, que pode, se exposta em poucas palavras, mais confundir que informar o leitor, mas que é devidamente tratada pelo autor em capítulo exclusivo dedicado a esta função, dá-se início aos diversos contos. Embora organizados aqui de forma mais ou menos progressiva, faz necessário destacar que os mesmos podem ser lidos de modo aleatório, sem grandes perdas no entendimento.

Num total de doze, seus títulos são: A Cabeça de Mímir e o Olho de Odin, Os Tesouros dos Deuses, O Mestre Construtor, Os Filhos de Loki, O Casamento Incomum de Freya, O Hidromel da Poesia, Thor na Terra dos Gigantes, As Maçãs da Imortalidade, A História de Gerda e Frey, A Pescaria de Hymir e Thor, A Morte de Balder, Os Últimos Dias de Loki e Ragnarök - O Destino Final dos Deuses.

Não podemos negar que há mais de uma década atrás, quando da primeira vez que tivemos contato com estas histórias através da narrativa de Thomas Bulfinch em seu Livro de Ouro da Mitologia, toda esta excentricidade sobre deuses que vivem em grandes salões em um mundo dominado pelo gelo, gigantes que se confundem com montanhas e vazios que possuem geleiras, se comparados, aqui parecem mesmo fazer bem mais sentido. A lógica, que pode ser a lógica do absurdo em muitos casos, ganha certa simpatia quando percebemos que os relatos estão quase sempre limitados aos mundos divinos, e não ao mundo dos homens, e que os deuses de lá não tem mesmo a pretensão de serem perfeitos ou mesmo éticos sob a nossa perspectiva. As histórias são repletas de brigas, traições, magia e resultados que nem sempre estarão de acordo com o entendimento daquilo que nós consideraríamos correto ou justo para os dias de hoje. Neil torna esta leitura interessante e cativante sem precisar alterá-la, como fazem muitos quadrinistas e roteiristas modernos. Sentimos que há muito de genuíno aqui.

A mitologia nórdica parece nos ensinar que devemos estar sempre prontos para a eminência da traição, da injustiça, do golpe, da guerra, da covardia, do Ragnarök, e quanto a isso, não há exotismo algum que nos separe. Que o leitor fique atento: não importa quão distante esteja o hemisfério sul do norte, Midgard de Asgard, os Aesir dos Vanir, o passado do presente, a Ponte do Arco-Íris une deuses aos homens no campo de batalha, onde todos sangram igual. Lembre-se que os únicos que serão dignos de adentrar os salões do Valhalla serão os guerreiros. Portanto, se não quer ser condenado ao Hel, lute!

por Allan Trindade



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