segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Rio de janeiro, 12 de dezembro de 2004. Domingo

É noite. Eu fujo. Fujo de algo ao qual não sei o que é, mas sinto sua forte presença se aproximando cada vez mais rápido. Corro até que finalmente chego a um lugar que me parece seguro, um lugar com um grande gramado iluminado por numerosas velas fixadas no chão, velas que eu sei que são de oferendas. Não toco em nenhuma. No fim do caminho algo se destaca a vista: uma enorme chaminé de fábrica, daquelas com tijolos vermelhos. Minha mente permanece inquieta, talvez pelo fato de saber que estou sendo seguido, mas o pior é não saber por quem ou pelo quê.

Por um momento tento mas em vão, concluo que continuar correndo não irá me salvar do contato com a coisa... então fecho meus olhos e me concentro no meu objetivo: corro e salto. É fascinante, a gravidade simplesmente não existe pra mim! Voo pelos ares apenas com meu impulso e vontade. Vejo a chaminé se transformar em miniatura perante meus olhos. 

Minha velocidade me preocupa, subo rápido demais. Giro como um pião e num movimento súbito abro braços e pernas, e meu corpo para no ar. Estou entre as nuvens, as estrelas acima da minha cabeça e o mundo a meus pés. 

Êxtase! ...nada mais me preocupa, posso finalmente relaxar.

SONHOS LÚCIDOS é um livro escrito por Dylan Tuccillo, Jared Zeizel e Thomas Peisel, com 255 páginas, divididas em 6 capítulos e publicado no ano de 2015 pela editora Sextante.

Sonhamos todos os dias! Sim, você sonha todos dias, mesmo que não se lembre sempre de seus sonhos, eles aconteceram e acontecerão todos os dias.

Mas se sonhamos todos os dias, por que não lembramos de todos nossos sonhos? Os motivos podem ser diversos e explicados através de perspectivas científicas, ocultistas ou ainda das duas. Mas a razão principal pode ser bastante simples: você sempre sonha mas não se lembra sempre porque acredita que não sonha todos os dias, e que é normal se esquecer dos seus sonhos. Esta teoria parece mesmo plausível se levarmos em consideração que é bastante comum ouvirmos esse tipo de fala vindo da maioria das pessoas. Mas segundo alguns especialistas devemos evitá-la. De acordo com os autores, é assim que desprogramamos este boicote mental e mudamos nossa relação com o mundo onírico.

Falando assim parece fácil, mas se estamos tratando de vícios, não é de uma hora pra outra que conseguimos mudá-los, correto? Sendo assim, é por isso que precisamos substituir os hábitos que nos levam a apagar da memória nossos sonhos, por aquelas práticas que nos farão não apenas lembrar de cada um deles, mas ter consciência e fazermos lá todas as coisas que por um motivo ou outro não fazemos aqui. Mas como fazer isso então? É através deste livro que você aprenderá!

Talvez você ainda esteja se questionando sobre os benefícios de desenvolver a habilidade de lembrar e controlar seus sonhos, mas se teve a experiência de lucidez ao sonhar ao menos uma vez na vida, sabe o quão maravilhosa é esta sensação. A liberdade é praticamente absoluta e as limitações estão quase sempre restritas a sua capacidade imaginativa. Voar costuma ser um dos feitos mais marcantes para a maioria dos onironautas. Mas nem só de sensações vivem aqueles que desafiam as águas do esquecimento e muitos são aqueles que através do sonhar conquistaram coisas novas, como o caso de Paul Mcartney que sonhou com a melodia de Yesterday, Elias Howe que criou a máquina de costura, Dmitri Mendeleev e a tabela periódica, assim como muitos outros casos onde pessoas encontram seus entes queridos já desencarnados e podem com isso superar os traumas da separação, ou ainda os clássicos exemplos do Xamanismo onde indígenas tratam das questões pertinentes a tribo e seu futuro com seus guias espirituais.

Mas para entender melhor sobre quando as técnicas de controle dos sonhos deixaram os muros das religiões e sociedades secretas e alcançaram o mundo do vulgo, vamos partir do começo. Tudo se iniciou em meados da década de 70, onde dois cientistas, Keith Hearne e Alan Worsley, e anos mais tarde, Stephen LaBerge, queriam provar que sonhos lúcidos eram reais. Levando em consideração a atonia do sono - estado onde o corpo fica inerte e só o diafragma e os olhos se movem - fizeram o teste: Worsley deveria movimentar os olhos oito vezes da esquerda para a direita enquanto estivesse dormindo. Aparelhos conectados, tudo pronto, Alan dormiu e voilà! Seus olhos se mexeram conforme combinado. Assim, os cientistas puderam concluir que mesmo dormindo, algumas pessoas tinham a capacidade de manter certo nível de consciência. A partir daquele experimento então, as técnicas de viagem astral se ampliariam, e se tornariam bem menos místicas e mais pragmáticas.

Este título disserta sobre uma série de questões científicas que tratam da relação do homem com o sonho e ainda os diversos questionamentos, tais como o local de sua existência e função, que tem sido feitos durante toda a história da humanidade, passando pelos sumérios, egípcios, gregos, romanos, hindus, cristãos, até dúvidas e definições mais modernas como aqueles de Freud, Jung, Aserinsky, Kleitman dentre outros. E embora o livro tenha um caráter bastante materialista se comparado aqueles de origem ocultista, uma coisa parece ainda conectar os dois mundos: a vontade. E aqui, saímos de seu aspecto teórico, e partimos para seu aspecto prático.

Segundo os autores, é muito importante que o pretendente a viajar conscientemente pelo mundo dos sonhos queira realmente fazê-lo, e por isso deve afirmar esta intenção no presente: estou sempre lúcido nos sonhos! Para além disso, um ambiente tranquilo é importante, além de hábitos alimentares que não favoreçam tanto os estágios absolutamente profundos de sono, tais como o consumo de cigarros, maconha e café. Ter um caderno específico para anotá-los também será fundamental. Dada esta preparação básica a técnica é apresentada, uma técnica que propõe a interrupção do sono após seis horas dormidas, contendo instruções de sensações auto induzidas e afirmações positivas com a intenção da lucidez.

O livro dá dicas sobre como treinar sua consciência para viajar por lá de forma tranquila e proveitosa, sempre respeitando seu tempo. Uma vez que tenha alcançado a lucidez, aproveite! Se você não acha que pode voar por si mesmo, crie asas. Se precisa ir para um outro país, use uma máquina de teletransporte. Se quer explorar o fundo dos mares, vire um peixe. Sua imaginação é o seu limite. Os autores tratam ainda de pesadelos, curas, incubação de sonhos, predição do futuro e dos seres - humanos e não humanos - que podemos encontrar por lá, o nível de consciência deles e de que forma esta relação pode lhe ser proveitosa, mas ressaltam que deve se tratar seus habitantes com educação, afinal de contas você não sabe quem ou o que são eles de fato...

Sonhos Lúcidos é um daqueles livros que dá prazer de ler e ver. É ricamente ilustrado e tem uma diagramação em estilo de revista, com caixas de relatos independentes espalhadas aqui e acolá, e capítulos que sempre são finalizados com um resumo. É feito tanto para aqueles que nunca ouviram falar em viagem astral, como para aqueles já familiarizados com este universo, uma vez que sua neutralidade não apele nem para o campo científico ou esotérico, estando mais preocupado em apresentar técnicas leves, descontraídas e efetivas a todos os interessados. Prático e ideal.

por Allan Trindade



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