Uma busca rápida pelo tema Ocultismo na internet e dois nomes se
apresentarão sem muita demora em sua pesquisa: Aleister Crowley e Goetia!
Aleister Crowley? Um Mago britânico que cruzou o mundo em sua Busca através do
conhecimento e do desvelar dos mistérios da Magia...Goetia? um sistema mágico
por muito tempo evitado tamanha a força de seu rito e a potencialidade de seus
72 demônios. O quê eles tem em comum? A fama! A fama de serem capazes, a fama
de serem terríveis! Entretanto, a fama nem sempre acompanha a realidade e é
função dos buscadores da verdade descobrirem, por si mesmos, o quanto de
realismo há entre as histórias fantásticas e os buchichos do vulgo...
A Goetia Ilustrada de Aleister Crowley é um livro escrito por Lon Milo
DuQuette e Christopher Hyatt, com 158 páginas e publicado no Brasil pela Madras editora. O
livro divide-se em dois aspectos básicos que se interpenetram: o relato das
experiências dos autores com evocações goéticas e instruções básicas sobre os
processos evocatórios, incluindo-se nestes a adaptação para conceitos atuais de Magia e Thelema, tais como: substituição dos nomes usados no exergo e triângulo
para o panteão thelêmico, adaptação prática de alguns itens do Arsenal Mágico
prescrito nos grimórios originais, sugerem uma nova visão sobre o que é um
demônio segundo conceitos modernos e como tratá-los, além de novas ilustrações
dos espíritos e seus sigilos feitos por David Wilson.
Crowley “participa” de forma direta e indireta no livro. Em seu aspecto
indireto, contribui com o sistema desenvolvido por ele mesmo para dar uma nova
roupagem, segundo a organização dos autores neste livro específico, para as
prescrições evocatórias encontradas no grimório original, o Lemegeton. De forma
direta, possui um capítulo inteiro chamado “A interpretação iniciática da
Mágicka Cerimonial” , no qual dá a sua opinião sobre o que são os demônios
evocados, que para ele, podem ser explicados como “os espíritos da Goetia são porções do cérebro humano. Seus
selos representam, portanto, métodos de estimular ou regular essas regiões
particulares (através do olho).” p.20
Os autores (e não nos fica claro quem, já que os capítulos não são
assinados) parecem colocar em pauta a opinião dos "psicologistas", que defendem uma opinião puramente psicológica das manifestações, através de relatos de
experiências pessoais que sugerem uma consciência parahumana, e uma individualidade
dos seres evocados, que não concebe o conceito absolutista e antropocêntrico de
que os demônios são meras expressões da nossa psiquê. E só por isso o livro já
vale a leitura. Toda essa conceitualização absolutamente psicológica da Magia
surge no séc. XIX e exclui, sob alguns aspectos, a existência de seres que
possuem sua própria individualidade e vida, em planos existenciais que não
aqueles necessariamente relacionados ao ser humano.
No campo prático, o livro não nos traz os elementos originais, portanto,
caso você não tenha lido As Clavículas de Salomão/Lemegeton ainda, recomendamos
que o faça previamente à leitura deste título. O ritual é dedicado a thelemitas,
que também sejam familiarizados com o Sistema Enochiano, uma vez que traz, como
evocação preliminar, uma das Chamadas deste sistema. E continua com descrições
técnicas sobre o uso do Ritual Menor do Pentagrama, etc...e segue sugerindo,
como uma possibilidade de trabalho a ser executado, evocações para a solução de
problemas psicológicos, que nos fazem concluir que, segundo a visão dos
autores, psicologia e espiritualidade caminham juntos, sem se excluir.
Como ponto negativo, nos parece extremamente desnecessário o uso do
subtítulo Evocação Sexual para o livro, uma vez que apenas um curto capítulo à
seu final disserte sobre a prática do sexo como uma alternativa ritualística,
porém, que de tão pobre em sua descrição, mais trará dúvidas sobre o tema, que
virá a instruir de alguma maneira...
O livro apresenta paralelos entre Tradição e modernidade; Psicologia, Magia, Thelema e Magia Salomônica...para os já familiarizados com tais
sistemas, vale a leitura, para todos os outros, recomendamos a aquisição prévia
de um título mais introdutório.
"O mal é o inimigo. O mal são os deuses de outros homens. O mal são
os terrores da noite. O mal é o esmagador sentimento de desmoronar.
Contudo, todas essas imagens são contrassensos. O mal, assim como outras
ideias, existe porque nós, como humanos, existimos.
A natureza não conhece o Mal, nem o Bem, nem, aliás, a Lei. Estas são
criações da mente humana, "explicações" que nos ajudam a aquietar os
"terrores da noite". A mente humana exige a crença em "sua"
ideia de "ordem" unicamente pelos propósitos da mente humana.
Assim, a natureza do mal é a natureza humana." p.35
por Allan Trindade
por Allan Trindade
Parabéns pelo Blog.
ResponderExcluirGostaria da Resenha da História da Magia do Papus
Excelente resumo. Fica até mais interessante ler o livro depois disso
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