sexta-feira, 4 de maio de 2018

Como dirigentes do grupo, era comum que eu e C. chegássemos mais cedo para verificar se tudo estava adequado para as palestras que eram oferecidas nas tardes de quase todos finais de semana. Tudo pronto, sentávamos e conversávamos longamente sobre Astrologia, Magia e seu tema favorito: Alquimia, até a chegada dos convidados...essa era nossa rotina há quase dez anos atrás. Naturalmente eventualidades aconteciam, e dentre estas, algumas se destacam a minha memória.

Naquela tarde uma pessoa diferente surgiu. Chegou antes de todos e por isso tivemos tempo de incluí-la em nossa conversa. Mostrou-se bastante interessada em nosso trabalho de pesquisa sobre Ocultismo e da forma como apresentávamos isso para o vulgo e buscadores e, enfaticamente, destacou que sempre teve interesse em nos visitar. Mas os elogios rapidamente se transformariam em auto promoção. Alegava ser descendente de tradições e linhagens religiosas e esotéricas diversas, e mesmo com a pouca idade que tinha, dizia-se membro e ex membro dos mais variados segmentos, falante de línguas mortas e detentora de grimórios antigos. Assim ela dizia.

C., com aquela sutileza que sempre carregou, pediu de forma gentil para ver sua mão, ao passo que aproveitei a oportunidade para da minha cadeira fazer o mesmo: uma mão quadrada e gorda, com apenas três linhas profundamente marcadas em sua palma, um Monte de Vênus e um Monte da Lua visivelmente protuberantes...nenhum, absolutamente nenhum signo. Nos entreolhamos. Foi suficiente. C. recostou-se em sua cadeira. Pusemos-nos de forma educada e calada a ouvi-la até a chegada dos demais convidados.

O passar dos anos apenas confirmariam aquilo que já tínhamos descoberto em menos de um minuto... que mãos podem falar mais que bocas.

A MÃO E OS NOSSOS DESTINOS é um livro escrito por Baptista de Oliveira, com 160 páginas e publicado no ano de 2017 pela Madras editora.

Em 1938 a realidade do mundo era outra. Óbvio pode parecer para todos em um primeiro momento, uma vez que se nem mesmo os dias sejam iguais, quanto mais realidades de décadas atrás. Porém este ano fora especial. Não por ter sido marcado por grandes acontecimentos históricos, salvo aqueles relacionados aos países e movimentos europeus que já davam sinais do que estava prestes a acontecer, ou para aqueles tantos outros que aficcionados por desportos acompanhariam os jogos mundias de futebol na França. 1938 deu passagem para um grande cataclisma sócio-político que atingiria todo o globo no ano seguinte e que ficaria marcado sob a alcunha de Segunda Guerra Mundial. Foi neste ano que este livro fora originalmente lançado. E Baptista, seu autor, era sem dúvidas um visionário, mas ainda sim, um homem de seu tempo.

Em sua introdução o autor salienta que apesar de sua ligação com o Kardecismo e da importância das obras de Allan, sempre sentiu falta de algo a mais, a qual encontrara no Ocultismo, e em especial, na Quiromancia. Sendo este conhecimento aquele conhecido como dado a capacidade de traduzir as linhas e sinais presentes em nossas mãos à interpretação do quiromante, nos fala sobre o desenvolvimento desta arte desde os séculos passados e sua relação com a Astrologia - usada em conjunto com esta - até sua independência em tempos mais modernos, onde se desenvolveu por métodos mais cognitivos através das mãos de Sinclair, Desbarolles, dentre outros, até o século XX.

Contrariando o senso comum que costumeiramente relega a Quiromancia ao plano da adivinhação e do misticismo, segundo Baptista, a mesma assim não pode ser limitada, pois funciona como uma espécie de mapa para a parametrização de análises psicológicas desde que usada juntamente com observações de aspectos físicos gerais. De modo a sustentar seus argumentos, sugere que a mesma seja experimentada em lugares onde se possam observar extremos comportamentais - como manicômios, por exemplo - e compará-los as linhas e montes destacados das mãos daqueles indivíduos. Ainda sob esta perspectiva, cita uma série de outros tipos de conhecimentos - não necessariamente relacionados ao contexto ocultista -, como a Fisionomia, Grafologia e Frenologia, e que estas podem contribuir proveitosamente para os estudos das leituras de mãos. E aqui reside um problema.

O período pré Segunda Guerra Mundial foi uma época marcada por uma série de ideias revolucionárias que se pretendiam mudar toda a realidade mundial. Cada qual em seu contexto, não foram apenas os políticos, cientistas e militares que se enveredaram por estas searas, mas também os ocultistas, e não foram poucos aqueles que, utilizando-se de argumentos esotéricos desenvolveram ideais racistas, sendo o mais famoso deles Heinrich Himler, um dos principais generais de Hitler. 

O autor desta obra por mais de uma vez cita e destaca um nome em especial: Gall. Este é Franz Joseph Gall, médico alemão que no século XVIII desenvolveu a ideia de que não apenas o cérebro era responsável pelo comando dos órgãos e ânimos do corpo, mas que seu tamanho, forma e crânio davam indicativos sobre o caráter e personalidade de uma pessoa. Tais ideias foram usadas por grupos eugenistas e alguns ocultistas, mas foram rejeitadas pela Academia. Que o leitor fique atento a este ponto.

Em seguida, o autor finalmente nos introduz a um exame detalhado e introdutório sobre como funciona uma análise quiromântica e quais aspectos são analisados. A forma da mão como um todo, cada um dos dedos, os montes em número de sete - ou aquelas partes mais protuberantes que se elevam das palmas-, as falanges, linhas, os signos, punho, diferenças entre lados, além de citar uma série de exemplos, inclusive dele próprio, que confirmariam a eficácia da Quiromancia e deveriam servir como incentivos a estudos mais aprofundados desta matéria, não apenas para o campo científico geral mas para o próprio indivíduo, que se bem orientado, poderia inclusive encontrar melhores conselhos para as tomadas de decisões de sua própria vida.

Este é um título introdutório, que não se aprofunda no tema, mas dá uma boa perspectiva sobre o que seja e de que forma são aplicados os métodos quiromânticos. É certo que apesar desta observação, o livro se encerra em si: pensamos que um indivíduo que absorva as indicações dadas nesta leitura - salvo aquelas de caráter duvidoso alertadas acima - pode desenvolver de forma proveitosa a intuição e habilidades propostas. A falta de mais exemplos gráficos - pois alguns são apresentados mas pensamos não serem suficientes - pode dificultar a visualização de algumas explicações, mas nada que comprometa o entendimento geral. 

Se é seu objetivo entender melhor sobre Quiromancia, não há dúvidas de que você já deveria ter esse livro em mãos.

por Allan Trindade

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