domingo, 15 de março de 2015


Brida.
Este livro marcou minha pré-adolescência e por isso decidi que ele deveria ser o primeiro título deste blog...

 Já não me lembrava mais exatamente o contexto da história, apenas que tratava de bruxaria e algo descrito no livro como a "Tradição do Sol"...sentei-me para iniciar a releitura e para minha estranha surpresa, o livro se passa na Irlanda, país a qual passei quase um ano da minha vida morando. Coincidência? Talvez... mas para mim, estes eram motivos mais que suficientes para continuar a leitura...


Com 190 páginas, o livro conta a história de uma jovem adulta, que intrigada pelas questões existenciais características da idade, direciona seu foco para o aprendizado da magia. Com uma introdução que nos leva a crer que aquela seja a história real de uma Irlandesa dentre os meandros da bruxaria, o livro possui um desenvolvimento leve, bastante carente na descrição de cenários que compõem a paisagem Irlandesa, e clichê, já que foca sua narrativa sobre a temática da busca de uma pós-adolescente pelo amor de sua vida. O título contém passagens interessantes, como aquelas máximas de efeito que muitas vezes nos levam a refletir sobre algo que tenha passado despercebido, mas estas são exceções no livro.

Brida, que mora em Dublin, parte de sua cidade em busca de um famoso mago que vive como um eremita, no meio de uma floresta em uma cidade afastada. Ele é um mago da "Tradição do Sol" que - sem dar a entender exatamente do que se trata tal denominação - lhe explica que, para aprender sobre os Mistérios, terá de descobrir se seu caminho será o mesmo que o dele, ou seu exato oposto: "A Tradição da Lua".

Dentre idas e vindas, e uma busca sem muito esforço, após quase ter desistido de tudo já na primeira experiência, a jovem conhece aquela que seria sua mestra; "Wicca"...seu nome é Wicca. E é neste ponto que as imagens se tornam um pouco distorcidas...


Como dito anteriormente, já no prólogo, o autor nos leva a entender que aquela é uma história real. Sendo assim, partimos do princípio de que nomes, rituais e sistemas citados terão suas correlações minimamente respeitadas quando mencionadas de forma direta no livro. Qual sentido haveria de ter em uma personagem, descrita como uma bruxa, mestra de uma Tradição, se chamar Wicca se não para insinuar que aquela seja exatamente a Tradição a que ela pertença? E se é este o caso, não faz o menor sentido que rituais sejam rituais pagãos com orações e citações cristãs! (O que faz a "Virgem Maria" no meio de um Sabbat?!...estou até agora tentando entender...)


A tentativa constante do autor em sincretizar sistemas religiosos absolutamente opostos desce goela abaixo causando estranheza ao paladar e torções involuntárias aos músculos da face. Para os laicos e sincréticos, como era o meu caso há 13 anos atrás, tais detalhes podem até ser ignorados, mas para aqueles que já viveram e conviveram com bruxas e magistas, e que possuem histórias reais para compartilhar, Brida não passa de um livro de auto ajuda para adolescentes carentes...

por Allan Trindade

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Um comentário:

  1. Para mim, Brida foi um livro de grande reflexão, pois muitas de suas dúvidas e questionamentos também foram, e alguns são, os meus. A dificuldade com o simples e atração pelo complexo, tudo nos leva a refletir nossa busca, onde procuramos e o que encontramos.
    Sobre o comentário quanto ao nome, ainda no inicio do livro, o autor diz que Brida (se é mesmo este o nome da mulher) pediu para que ele trocasse os nomes e colocou outros empecilhos para a publicação do livro. Talvez o nome da mestra Wicca, tenha sido escolhida, pois eram esses os ensinamentos que passava, ainda que concorde contigo sobre a estranheza de Maria no livro. Mas também não considero impossível. Ainda no inicio de minha jornada, separava e categorizava toda religião e crença, hj percebo que esse é um trabalho impossível, o mesmo Deus atua em todas as religiões, muitas vezes com outros nomes ou dividido em partes, mas isso são coisas do homem e não de Deus. Assim, Maria, por ser um grande exemplo de mulher pode ter sido usada também em outras crenças, assim como Joana Darc, Madre Tereza, e outras tantas santas e sabias, cristãs e pagãs (apesar das diferenças de crenças, nunca deixaram de ser exemplos a humanidade).

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