“Aleister Crowley e o Tabuleiro Ouija” é um livro curioso por vários
fatores, que incluem desde o seu título, até seu conteúdo. Publicado no Brasil
pela Madras editora, com um total de 158 páginas, é escrito por Jerry Edward
Cornelius, ex-membro da OTO e thelemita há décadas. Porém, pouquíssima referência
a estes temas serão encontradas no interior deste título...
Como era de se esperar, o autor inaugura o livro relatando uma parte da
história e desenvolvimento do tabuleiro Ouija. Sem citar casos famosos como os
das Irmãs Fox, foca sua descrição em grande parte sobre aspectos judiciais e disputas
de patentes do tabuleiro...o que é certamente interessante notar, vide o quanto
de materialidade está por trás de algo tão comumente relacionado à espiritualidade.
Cornelius intitula o livro com o nome de Crowley, pois baseia parte de
seus argumentos em uma nota escrita pela Besta para um jornal, sobre a
utilização do jogo dos espíritos. Entretanto, vai além, e possui uma intenção
clara de tentar elevar o tabuleiro - que segundo o autor possui sua má fama em
função da indústria de cinema e sua má utilização pelo vulgo - a uma Arma mágica
que deveria fazer parte do Arsenal de todos os magistas. Para isso, ao
invés de criar um sistema novo que pudesse então ser utilizado como uma
contribuição extra aos sistemas já existentes, prefere, através de um discurso
profundamente proselitista, relacionar a Ouija ao Sistema Enochiano...e é sobre
esta base que grande parte do livro é desenvolvida.
Se você é uma pessoa que espera uma visão imparcial ou mais “científica”
sobre os “por quês” do tabuleiro, terá que se acostumar com as afirmações
constantes e incisivas de que, por exemplo, os seres evocados através da Ouija
são elementais que se utilizam das Cascas astrais para enganar os participantes
de uma sessão, fingindo desta forma serem entes queridos ou personalidades
famosas. Segundo o autor, seja para seu bel prazer, ou ainda para o ganho de
algum tipo de recompensa, tais entidades - se não evocadas através de um sistema
mágico Tradicional - tal qual o é o Enochiano, só trarão aos partícipes
problemas de menor ou maior intensidade.
Acredito, que ao ter escrito tal livro, o autor tenha posto seus argumentos a prova e, portanto, tenha praticado o que indica ser eficiente antes de todas suas afirmações. Baseado nisso acho válida a ideia de experimentar unir estes dois métodos tão aparentemente distintos. Entretanto, não me parece que tal junção seja realmente necessária, visto que ambos os sistemas possuem cada um a sua maneira, seus próprios procedimentos, objetivos e são completos per si...portanto, e como sempre, a escolha é sua!
Considerações à parte sobre seu conteúdo didático cabem ainda alguns comentários
sobre a péssima tradução e revisão feita para este livro no Brasil. A seguir
relaciono alguns dos pontos aos quais em princípio pensara serem apenas exceções,
mas que logo em seguida, por sua constância, notei serem infelizes erros
grosseiros, inadmissíveis em alguns pontos, que infelizmente me fazem
desconfiar da obra traduzida como um todo:
pg 83: Livro da Revelação ao invés de Apocalipse
pg 95: “é imaterial” ao invés de “é irrelevante”
pg 142: “The Temple of the Holy Ghost” como “O Templo do Espectro Sagrado” ao invés de “O Templo do Espírito Santo”.
pg 83: Livro da Revelação ao invés de Apocalipse
pg 95: “é imaterial” ao invés de “é irrelevante”
pg 142: “The Temple of the Holy Ghost” como “O Templo do Espectro Sagrado” ao invés de “O Templo do Espírito Santo”.
Aleister Crowley e o Tabuleiro Ouija não é um livro para inexperientes no campo do psiquismo, do espiritualismo ou da magia. Sua versão brasileira, vide os problemas citados acima, que podem ser ainda maiores em número, não é recomendada para qualquer um!
por Allan Trindade
Gostei do blog!!!
ResponderExcluirObs: Não acho PDF desse livro, encontrar Deus deve ser mais fácil.
Também queria o PDF
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