segunda-feira, 30 de março de 2015

Encontrei este livro por um acaso, se é que podemos dizer que o acaso existe. Como de costume, antes ou depois da escola, sempre entrava em uma livraria que fica próxima ao prédio. Naquele tempo, eu tinha prometido para mim mesmo que não ia mais comprar livros físicos, já que eles pesam e ocupam espaço...e espaço é sempre um problema quando sua casa são praticamente suas malas. 

Caminhando entre algumas estantes, na ilha de novidades, no centro do setor de ocultismo, pilhas e pilhas de livros em promoção. Minha mente insistia: 'livros físicos não!',...mas meus olhos me conduziam ao pecado. E foram eles os culpados da visão deste título que com um belo adesivo vermelho de 5,00 euros chamava ainda mais minha atenção. Um pouco impressionado pela quantidade de páginas, 562 para ser mais exato, dei uma folheada despretensiosa para ver seu conteúdo. Muito bem editado, com imagens, fotos, notas e um índice a qual relacionava seus 12 capítulos. Após ler o prefácio, concluí: sou de fato um pecador, e o pior, sem o menor arrependimento!

The Book of English Magic, escrito por Philip Carr- Gomm & Richard Heygate é uma daquelas graciosíssimas surpresas que são colocadas em nossos caminhos em momentos em que menos esperamos. O livro contém doze capítulos divididos em diferentes temas e que basicamente são uma introdução bastante completa para estudantes iniciantes e avançados de ocultismo. Sua leitura é de um inglês acessível, mesmo para aqueles que não são totalmente fluentes no idioma, e ainda contém uma extensa introdução a cada tema exposto, entrevista com praticantes dos sistemas pesquisados, bibliografia e indicações de cursos e websites para se aprofundar na matéria de seu interesse, além de servir como um ótimo guia turístico para todos aqueles que pretendem visitar a Inglaterra.

Como o nome pode sugerir para alguns, o título é razoavelmente pretensioso, no que tange a ideia dos autores quanto aos sistemas mágico-esotéricos expostos em seu conteúdo. Conforme dito anteriormente, o livro é de fato uma introdução e um resumo dos principais sistemas mágicos utilizados e/ou estudados por grande parte dos ocultistas ocidentais nos dias atuais. Sendo assim, é sempre importante manter em mente que apesar de a maioria destes sistemas terem tido uma maior visualização após grandes nomes do esoterismo britânico, eles não são necessariamente ou exclusivamente pertencentes ao Reino Unido, seja por sua origem ou desenvolvimento.  

A citação de grandes nomes, tais quais, Samuel Lidell Mathers, Wyllian Wynn Westcott, William Robert Woodman (fundadores da Golden Dawn) Dion Fortune (uma das mais proeminentes membros da Ordem), Aleister Crowley (membro de igual destaque e organizador do sistema Thelêmico), Arthur Edward Waite (responsável pela criação de um dos baralhos de tarô mais famosos do mundo ilustrado pelas mãos de Pamela Colman Smith), são como que uma obrigatoriedade quando tratamos do tema, porém, é preciso lembrar ainda que muitos destes foram influenciados por indivíduos que não eram ingleses, tal como Eliphas Lévi, francês nascido sob o nome Alphonse Louis Constant, que foi por sua vez, segundo os próprios citados, o grande inspirador para o renascimento da magia ocidental no século XX, além de outros.

Não obstante, os próprios sistemas em si são oriundos de diferentes regiões da Europa, e em alguns casos, África e Ásia...logo, apesar de seu florescimento e merecido mérito pertencerem a terra da Rainha, mais justo seria intitular o livro como The Book of European Magic.

Detalhes a parte, o resumo da obra pode ser descrito como; indispensável! The Book of English Magic é um livro para se ter, ler, reler, praticar, curtir e compartilhar!

por Allan Trindade

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segunda-feira, 23 de março de 2015

“Aleister Crowley e o Tabuleiro Ouija” é um livro curioso por vários fatores, que incluem desde o seu título, até seu conteúdo. Publicado no Brasil pela Madras editora, com um total de 158 páginas, é escrito por Jerry Edward Cornelius, ex-membro da OTO e thelemita há décadas. Porém, pouquíssima referência a estes temas serão encontradas no interior deste título...

Como era de se esperar, o autor inaugura o livro relatando uma parte da história e desenvolvimento do tabuleiro Ouija. Sem citar casos famosos como os das Irmãs Fox, foca sua descrição em grande parte sobre aspectos judiciais e disputas de patentes do tabuleiro...o que é certamente interessante notar, vide o quanto de materialidade está por trás de algo tão comumente relacionado à espiritualidade.

Cornelius intitula o livro com o nome de Crowley, pois baseia parte de seus argumentos em uma nota escrita pela Besta para um jornal, sobre a utilização do jogo dos espíritos. Entretanto, vai além, e possui uma intenção clara de tentar elevar o tabuleiro - que segundo o autor possui sua má fama em função da indústria de cinema e sua má utilização pelo vulgo - a uma Arma mágica que deveria fazer parte do Arsenal de todos os magistas. Para isso, ao invés de criar um sistema novo que pudesse então ser utilizado como uma contribuição extra aos sistemas já existentes, prefere, através de um discurso profundamente proselitista, relacionar a Ouija ao Sistema Enochiano...e é sobre esta base que grande parte do livro é desenvolvida.

Se você é uma pessoa que espera uma visão imparcial ou mais “científica” sobre os “por quês” do tabuleiro, terá que se acostumar com as afirmações constantes e incisivas de que, por exemplo, os seres evocados através da Ouija são elementais que se utilizam das Cascas astrais para enganar os participantes de uma sessão, fingindo desta forma serem entes queridos ou personalidades famosas. Segundo o autor, seja para seu bel prazer, ou ainda para o ganho de algum tipo de recompensa, tais entidades - se não evocadas através de um sistema mágico Tradicional - tal qual o é o Enochiano, só trarão aos partícipes problemas de menor ou maior intensidade. 

Acredito, que ao ter escrito tal livro, o autor tenha posto seus argumentos a prova e, portanto, tenha praticado o que indica ser eficiente antes de todas suas afirmações. Baseado nisso acho válida a ideia de experimentar unir estes dois métodos tão aparentemente distintos. Entretanto, não me parece que tal junção seja realmente necessária, visto que ambos os sistemas possuem cada um a sua maneira, seus próprios procedimentos, objetivos e são completos per si...portanto, e como sempre, a escolha é sua!

Considerações à parte sobre seu conteúdo didático cabem ainda alguns comentários sobre a péssima tradução e revisão feita para este livro no Brasil. A seguir relaciono alguns dos pontos aos quais em princípio pensara serem apenas exceções, mas que logo em seguida, por sua constância, notei serem infelizes erros grosseiros, inadmissíveis em alguns pontos, que infelizmente me fazem desconfiar da obra traduzida como um todo:

pg 83:     Livro da Revelação ao invés de Apocalipse
pg 95:     “é imaterial” ao invés de “é irrelevante
pg 142:   “The Temple of the Holy Ghost” como “O Templo do Espectro Sagrado” ao invés de “O Templo do Espírito Santo”.

Aleister Crowley e o Tabuleiro Ouija não é um livro para inexperientes no campo do psiquismo, do espiritualismo ou da magia. Sua versão brasileira, vide os problemas citados acima, que podem ser ainda maiores em número, não é recomendada para qualquer um!


por Allan Trindade


segunda-feira, 16 de março de 2015

Iniciar a leitura de "O Mundo Esotérico de Madame Blavatsky" foi uma experiência curiosa, por ver como alguns me observavam - quando dentro de algum transporte público - com este título na mão. As reações se deram por diferentes tipos de pessoas, que dentre olhares de curiosidade, e alguns pequenos sinais corporais, se destacaram até o ponto de uma abordagem direta. 

A primeira delas foi um homem, que já há algumas estações do metrô me olhava impaciente, como que na intenção de me falar algo ou puxar algum assunto. Não deu tempo, mas ao passar por ele para sair do vagão, subitamente pegou no meu braço e disse: "Blavatsky?! Muito bom!", com um sorriso meio desconcertado, ao que respondi também sorrindo de forma simpática, mas já de saída. 


O outro, num outro dia, entrou no vagão distribuindo algum tipo de livreto. Ao chegar a minha frente, olhou para a capa do livro e disse: "- Ah Blavatsky? Estou estudando sobre ela na faculdade!"...trocamos algumas frases até que ele me entregou o tal livreto, que era na verdade um pequeno fanzine de poesia, que vendia ao preço que quem quisesse pagar, mas que curiosamente tinha um “Sigilo Mágico” na capa. E por isso perguntei: 

"Você estuda magia ou esoterismo?" 
"Não, não...só faço poesia mesmo..." 
"Então quem fez este Sigilo pra você?" 
"Sigilo? (perguntou sem entender) Este desenho? Eu mesmo que fiz, na verdade juntei vários símbolos e transformei eles num só, tem um significado, mas é meio longo para explicar..." 
Eu, após dar um sorriso de satisfação por saber como curiosamente as coisas muitas vezes acontecem, disse: "Não precisa explicar, perguntei só por curiosidade mesmo...boa sorte!" 

Já o terceiro, estava do outro lado da estação, era um senhor, que lia uma edição do Kabbalah Revelada de Knorr von Rosenroth publicado pela Madras Editora. Se achegou para comentar sobre Blavatsky, se apresentar como Maçom, e dizer que achava muito importante que mais pessoas - e principalmente os jovens - tivessem interesse pelos escritos dela.


Mas, apesar das manifestações dos citados, o livro não é um livro de Helena Petrovna Blavatsky e sim sobre ela, esta figura que tanto povoou a fala e os ouvidos de tanta gente ao redor do mundo no século XIX - e me parece que até o século XXI...

A edição é uma coletânea de relatos reunidos por Daniel Caldwell e traz em seu conteúdo os argumentos contra, mas principalmente, a favor da defesa de Blavatsky como uma legítima Iniciada e detentora de certos dons especiais. Com um desenvolvimento um pouco maçante e repetitivo, o livro traz de maneira mais ou menos cronológica, através de diferentes relatos de diferentes pessoas, que, de uma maneira ou outra, tiveram a oportunidade de viver ou se relacionar com a madame - incluindo-se nestas, figuras de destaque da Sociedade Teosófica, tais como Coronel Olcott, Annie Besant e Leadbeater - a biografia de uma das mulheres que é uma das figuras mais significativas para o esoterismo ocidental.

Com 352 páginas, o livro pode ser um banho de água fria (do Ganges) sobre a fronte daqueles que se prendem demais aos aspectos humanos – e quem sabe mundanos – dos que por vezes são aclamados como mestres por aqueles de alma menos investigativa. Porém, a exemplo destes últimos, o livro é também um convite e nos instiga a querer entender como uma figura tão controversa, tão envolta em escândalos de supostas falcatruas e charlatanismo, possa ter sido mestra e criadora de uma Sociedade que influenciou e influencia, através de seus ensinamentos orientais, mentes das mais simples as mais sagazes, até os dias de hoje... 

por Allan Trindade


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domingo, 15 de março de 2015


Brida.
Este livro marcou minha pré-adolescência e por isso decidi que ele deveria ser o primeiro título deste blog...

 Já não me lembrava mais exatamente o contexto da história, apenas que tratava de bruxaria e algo descrito no livro como a "Tradição do Sol"...sentei-me para iniciar a releitura e para minha estranha surpresa, o livro se passa na Irlanda, país a qual passei quase um ano da minha vida morando. Coincidência? Talvez... mas para mim, estes eram motivos mais que suficientes para continuar a leitura...


Com 190 páginas, o livro conta a história de uma jovem adulta, que intrigada pelas questões existenciais características da idade, direciona seu foco para o aprendizado da magia. Com uma introdução que nos leva a crer que aquela seja a história real de uma Irlandesa dentre os meandros da bruxaria, o livro possui um desenvolvimento leve, bastante carente na descrição de cenários que compõem a paisagem Irlandesa, e clichê, já que foca sua narrativa sobre a temática da busca de uma pós-adolescente pelo amor de sua vida. O título contém passagens interessantes, como aquelas máximas de efeito que muitas vezes nos levam a refletir sobre algo que tenha passado despercebido, mas estas são exceções no livro.

Brida, que mora em Dublin, parte de sua cidade em busca de um famoso mago que vive como um eremita, no meio de uma floresta em uma cidade afastada. Ele é um mago da "Tradição do Sol" que - sem dar a entender exatamente do que se trata tal denominação - lhe explica que, para aprender sobre os Mistérios, terá de descobrir se seu caminho será o mesmo que o dele, ou seu exato oposto: "A Tradição da Lua".

Dentre idas e vindas, e uma busca sem muito esforço, após quase ter desistido de tudo já na primeira experiência, a jovem conhece aquela que seria sua mestra; "Wicca"...seu nome é Wicca. E é neste ponto que as imagens se tornam um pouco distorcidas...


Como dito anteriormente, já no prólogo, o autor nos leva a entender que aquela é uma história real. Sendo assim, partimos do princípio de que nomes, rituais e sistemas citados terão suas correlações minimamente respeitadas quando mencionadas de forma direta no livro. Qual sentido haveria de ter em uma personagem, descrita como uma bruxa, mestra de uma Tradição, se chamar Wicca se não para insinuar que aquela seja exatamente a Tradição a que ela pertença? E se é este o caso, não faz o menor sentido que rituais sejam rituais pagãos com orações e citações cristãs! (O que faz a "Virgem Maria" no meio de um Sabbat?!...estou até agora tentando entender...)


A tentativa constante do autor em sincretizar sistemas religiosos absolutamente opostos desce goela abaixo causando estranheza ao paladar e torções involuntárias aos músculos da face. Para os laicos e sincréticos, como era o meu caso há 13 anos atrás, tais detalhes podem até ser ignorados, mas para aqueles que já viveram e conviveram com bruxas e magistas, e que possuem histórias reais para compartilhar, Brida não passa de um livro de auto ajuda para adolescentes carentes...

por Allan Trindade

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