domingo, 28 de março de 2021

Otiot é uma palavra hebraica que significa "letras" (ot, no singular). Nada além disso. De acordo com a tradição cabalística, foi através da permutação das otiot que Hashem criou tudo que existe.

Mesmo a escolha da letra Beit para dar início à Criação foi uma decisão minuciosamente calculada, quando todas
as demais se apresentaram para cumprir esse papel e foram recusadas com argumentos que fundamentavam cada decisão.


OTIOT é um oráculo criado por Marcelo Bueno, contém 22 cartas e foi publicado no ano de 2018 pela Daemon editora.

E é assim que Marcelo Bueno começa descrevendo em seu manual as razões para a criação deste oráculo que se utiliza das 22 letras do alfabeto hebraico. Manual este que, embora não acompanhe o deck, pode ser adquirido através do contato direto com o autor ou seu site.

Bueno deixa claro que o uso de oráculos não é uma prática aprovada pela Lei judaica, conforme expresso em Deuteronômios 18 : 9 -13 mas que entende que homens de grande desenvolvimento espiritual são capazes de ler tais letras em tudo, visto serem elas, segundo a perspectiva judaico-cabalística, as formadoras de todas as coisas que existem e as palavras os códigos da criação. 

Gematria, notariqon, cálculos, transposições, são apenas alguns dos diversos meios utilizados por cabalistas para descobrir a real natureza das coisas e os oráculos são, em sua opinião, meios para se trabalhar tanto aspectos premonitórios (quando usados para prever eventos futuros) ou divinatórios ( destinados ao auto conhecimento e evolução espiritual). Mas destaca que seus usos não devem servir como muletas que tornem seus praticantes dependentes de suas predições, mas que os resultados devem servir como orientadores, conselheiros sobre aquilo que seja mais viável de ser feito, mantendo sempre em mente que o destino não está traçado, que o livre arbítrio é regra, e que as coisas podem sempre mudar. 

Outro elemento presente nos fundamentos cabalísticos e apresentado pelo autor é a Árvore da Vida. Aqui Marcelo diz que a Árvore é usada para representar os fluxos da criação, e que decidiu por usar o diagrama luriânico da Árvore para correlacionar seu oráculo. Para além disso, traz as associações existentes entre o Tarô e as letras hebraicas, as diferenças entre as Escolas ocultistas da Inglaterra e da França nestas correspondências, deixando claro que tais preferências sobre este ou aquele sistema são de cunho pessoal e nada interferem no uso deste deck. 

Cada carta possui letra, nome, seu valor numérico, posição na Árvore da Vida,  e correlações outras como dias da semana e datas, signos e planetas astrológicos, significado oracular e correspondência com as partes do corpo. Elementos próprios para serem usados e interpretados durante a leitura de acordo com a natureza das perguntas.

Segundo Bueno, qualquer método de disposição das cartas usado no Tarô ou mesmo em outros tipos de oráculo podem ser adaptados para o uso deste baralho, mas traz como exemplo o método de cruz, na qual cinco cartas são dispostas neste formato onde cada casa representa uma sephirah da Árvore da Vida.

Otiot tem cartas de ótima qualidade para o jogo, que podem ser embaralhadas sem dificuldades e possuem tamanho padrão de cartas de tarô. Tem uma aparência com cores agradáveis que transitam do amarelo claro a vários tons de azul e verde dando uma ótima impressão gráfica no resultado. Serve tanto para aqueles que queiram usar o deck como método oracular ou ainda para aqueles que queiram memorizar o significado de cada uma das letras do alfabeto hebraico e meditar sobre suas diversas associações cabalísticas. 

por Allan Trindade


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sexta-feira, 12 de março de 2021

Polêmico. Este é um dos adjetivos sugeridos por Barbieri a este coletivo tão controverso chamado de Exu. 

Você pode estranhar o fato de usarmos o termo coletivo para nos referirmos a Exu, porém isto se dá de forma intencional visto que esta palavra serve para definir tanto o orixá homônimo de origem yorubá, quanto todo o grupo de entidades que pegaram Seu nome emprestado para definirem a si próprias.

EXU é um livro escrito por Alan Barbieri, com 253 páginas divididas em 25 capítulos e foi publicado no ano de 2020 pela editora Mariwô.

Segundo Alan, esta é apenas uma das características de Exu, que vive sempre em transformação e que embora seja comumente associado ao mal, é justo e até mesmo caridoso, sendo a ignorância e o sincretismo cristão os culpados por sua associação ao Diabo. Tal engano teria sido iniciado por um nigeriano cristão de nome Samuel Crowther, quando em 1843 traduziu a Bíblia para o yorubá e substitui as referências ao demônio opositor do Deus judaico cristão, a Exu. Barbieri destaca o absurdo de tal comparativo visto ser Exu a força que impulsiona os homens a ação para sua própria evolução espiritual, e não uma criatura sedenta pela desgraça humana tal como a figura de satanás.

O livro traça uma linha progressiva de explicação sobre estas figuras da espiritualidade africana e brasileira. Vindo das terras de lá, Esu, neste ponto ainda o Orixá, é apresentado como tendo uma relação próxima e controversa com Oxalá, que se recusava a lhe prestar os devidos respeitos conforme mandado por Olorun. Em seguida, o autor nos apresenta os diversos epítetos atribuído ao Orixá dos Caminhos, que quando vistos por leigos, passam a impressão de se referirem a outros seres, porém, tais epítetos apenas marcam características de Exu em suas diversas formas e campos de atuação. 

Ao chegar em terras tupinikin, Exu passaria então a integrar diversos outros cultos brasileiros, carregando qualificações positivas e negativas, e misturando-se as tradições europeias e americanas que aqui se condensavam. E é assim que Exu deixa de ser apenas um Orixá para se tornar a fonte nominal da falange de todos os espíritos desencarnados que Dele pegam o nome e recebem o grau. 

Nas encruzilhadas, onde os exus costumam ser cultuados, pratos com farofa e sacrifícios animais compõem seus ebós, mas Barbieri deixa claro que apesar de respeitar todas as formas de culto, em seu terreiro não há derramamento de ejé (sangue) e que é hipocrisia daqueles que criticam tais práticas mas consomem carne de animais fruto de matadouros que não dispensam o mínimo respeito pela vida daqueles seres.

O autor nos diz ainda que nada é por acaso, e que somos consequência de nossos atos desta ou de outras vidas, e que Exu é o aplicador da lei do merecimento, sendo o responsável por dar a cada um aquilo que merece. Os exus são vistos então como agentes da ordem, espíritos responsáveis por fiscalizar as ações do mundo e decidir quais consequências devem ser tomadas em função de cada situação. 

Os mais atentos hão de perceber que tais conceitos se aproximam muito de ideias como lei do karma e lei do retorno, e aqui faz-se necessário esclarecer um ponto. 

Alan Barbieri é umbandista, e portanto, embasa grande parte de seus conceitos sobre o que sejam os exus, sob a lei de Umbanda. Sendo assim, que o leitor saiba que embora tais conceitos sejam amplamente difundidos como verdades sobre a realidade total de exu e pomba gira, nem todas as vertentes de culto a estes seres concordam sobre tais pontos. Em outras palavras: saiba que existem vertentes de linhas de Quimbanda que não atribuem as ações de Exu valores éticos ou morais, definindo-os como seres amorais, livres e liberados para agirem da forma que bem entenderem sem que isto lhes cause qualquer choque de retorno.

Barbieri fala ainda sobre a ação das entidades na vida das pessoas, quais critérios a espiritualidade usa para elevar espíritos ao grau de exus, a relação destes seres com a sexualidade, as falanges e as relações com os Orixás, receitas de diferentes tipos de padê para diversas finalidades, explicações sobre assentamentos e ervas, e instruções sobre como fazer firmezas para seus exus pessoais e cuidar deles em sua casa.

Um livro leve, muito bem diagramado, que apresenta história, teoria e prática num só conjunto. Útil para iniciantes que conheçam ou não seus exus de frente, mas igualmente interessante para aqueles que já tenham alguma experiência dentro das práticas e que queiram ter sempre em mãos um livro de consultas rápidas. Daqueles livros que vale a pena ler e ter.

por Allan Trindade


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