sexta-feira, 27 de março de 2020

... Equilíbrio é a base da Obra. Se tu mesmo não tiveres uma fundação estável, sobre o que ficarás
para dirigir as forças da Natureza?
...Estabeleça a ti mesmo em um equilíbrio de forças, no centro da Cruz dos Elementos, aquela Cruz de cujo centro o Verbo Criador foi emitido no amanhecer do Universo.
Sê, portanto, rápido e ativo como os Silfos, contudo evita a frivolidade e extravagância; sê enérgico e forte como as Salamandras, mas evita irritabilidade e ferocidade; sê flexível e atencioso com as imagens como as Ondinas, todavia evita indolência e volubilidade; sê aplicado e paciente como os Gnomos, porém evita grosseria e avareza.
Desse modo, gradualmente desenvolverás os poderes de tua alma, e te habilitarás a controlar os Espíritos dos elementos. ...

- Liber Librae



O RITUAL MENOR DO PENTAGRAMA é um livro escrito pelo Oásis Quetzalcoatl, corpo local da Ordo Templi Orientis, com 52 páginas, divididas em 8 capítulos e foi publicado no ano de 2019 pelo Clube de Autores.


O pentagrama. Figura de uma estrela de cinco pontas com traçados que conectam todos seus lados. Um símbolo universal, porém, de diferentes significados. Taxado como sendo o selo do próprio demônio por alguns, este gráfico tão facilmente encontrável nos mais diversos contextos mágicos costuma significar principalmente uma coisa em síntese e de acordo com a Tradição: o homem em seu mais perfeito equilíbrio. Os mais associativos não cometerão erro se ao virem o relacionarem ao Homem Vitruviano de Da Vinci. 

Se para alguns tal explicação faz-se suficiente, para tantos outros, de natureza mais investigativa, e por que não dizer, esotérica, não se darão por satisfeitos e quererão saber mais. E para seu acalanto, o ocultismo nos oferece mais. Segundo a Filosofia Mágica, o pentagrama não representa apenas o homem pleno, pura e simplesmente por uma capacidade associativa com a figura humana, mas, essencialmente porque cada uma de suas pontas representam um elemento, a saber: terra, fogo, água e ar, encimados pelo quinto elemento, o espírito. Tais componentes são correspondentes a diversos aspectos não materiais da existência humana, como a relação que se faz da água com os sentimentos, ou do ar com o intelecto, por exemplo, e é o espírito que não apenas reúne sob si todos os outros, como os equilibra e controla. 

Através desta lógica, muitos são os rituais que possuem em sua estrutura este símbolo tão cheio de sabedoria e poder, e não diferente, fora assim também criado o ritual que dá nome a este livro. O Ritual Menor do Pentagrama nos foi legado a partir da criação da Ordem Hermética da Aurora Dourada, ou como também é deveras conhecida, Golden Dawn. Estruturado de modo a cumprir diversos usos, como a invocação das energias elementais, é praticado costumeiramente como uma ferramenta de banimento de energias indesejáveis, precedendo qualquer ritualística de caráter mágico, divinatório ou religioso. Mas não apenas. Levando em consideração o fato de símbolos esotéricos serem por princípio imagens que resumem e facilitam o acesso imediato de seus adeptos aqueles conceitos complexos que já tenham sido absorvidos previamente, espera-se que o praticante realize este rito ao menos uma vez ao dia, de modo a tornar-se aquilo que o símbolo representa: um homem em seu perfeito equilíbrio. Ao rodear-se de pentagramas, o homem torna-se o pentagrama e o pentagrama torna-se o homem.

Esta publicação faz parte de uma série de ensaios escritos pelos membros do Oásis Quetzalcoatl, um corpo local da Ordo Templi Orientis, que visa facilitar, em sua brevidade de 50 páginas, o acesso a todos aqueles interessados em compreender um pouco mais as origens deste ritual tão comumente falado. Em sua estrutura, o livro nos apresenta capítulos que dissertam sobre O Que é o RMP e de Onde Provém, Correspondências Cabalísticas, Os Usos do RMP, A Cruz Cabalística, O Exercício da Cruz Cabalística, além é claro, de todas as instruções sobre como praticá-lo, tanto a maneira tradicional, quanto sobre os modos de adaptá-lo a seu próprio universo.

Um livro simples para quem busca explicações simples.

por Allan Trindade



domingo, 22 de março de 2020

Magia divina e sagrada revelada por Deus a Moisés, Aarão e Davi, Salomão e outros santos, patriarcas e profetas para ensinar-lhes a verdadeira Sapiência Divina, que foi transmitida por Abraham, filho de Simão, ao seu filho Lamek, e cujo texto original em hebreu foi traduzido em Veneza, no ano de 1458.

pg. 9

A MAGIA SAGRADA DE ABRAMELIN é um livro escrito por Abraão, o Judeu, com 215 páginas, divididas em três livros internos e foi publicado no ano de 2007 pela Madras Editora.


Eis um dos grandes clássicos literários para o ocultismo moderno. Este livro que influenciou indivíduos importantes como Samuel Mathers - principal expoente da Golden Dawn - e Aleister Crowley - desenvolvedor da religião conhecida como Thelema - é peça fundamental para o entendimento do fundamento das doutrinas acima citadas. Mas o que há de tão importante nesse livro? Importância é um valor muito pessoal e pessoas distintas podem não necessariamente concordar sobre a utilidade do mesmo. Porém, para todo estudante sério de ocultismo, faz-se indispensável conhecer e saber o que objetiva esta obra: fornecer um método de contato do magista para com seu Sagrado Anjo Guardião. 



Diferentemente de muitos grimórios contemporâneos, como aqueles das Clavículas de Salomão, que embora tragam uma fundamentação e fórmulas até mesmo semelhantes as encontradas nesta obra, o diferencial d'A Magia Sagrada de Abramelin reside no fato de além de prescrever fórmulas mágicas para a obtenção dos mais diversos  fins, desde o enfeitiçamento de pessoas, passando por excentricidades como quadrados mágicos para destruir edificações e licantropia, todos as fórmulas aqui contidas, segundo este sistema, só são passíveis de serem conquistadas a partir do contato e liberação de seu próprio anjo. 


O livro começa com seu autor, Abraão, alertando sobre os poderes contidos neste grimório. Ele o escrevera para seu filho, chamado Lameck, e espera que o mesmo conceba que todo o conhecimento aqui disposto deva ser tratado com a máxima cautela e respeito a Deus, vide que toda sabedoria aqui é divina e não deve jamais ser permitida que caia nas mãos de feiticeiros inescrupulosos. Segundo Abraão, todo este trabalho é fruto de uma longa jornada em busca de um conhecimento verdadeiro, iniciada após seus vários anos de aprendizado de Cabala com seu pai, um rabino, aprendizado este que fora interrompido em função de sua morte. Empenhado em saber ainda mais sobre os Conhecimentos Santos, viajou por toda Europa e África junto de seu amigo, Samuel, até sua morte, dois anos após o início em 1397.

Desolado e pensando em desistir, foi no Egito que conheceu Aarão, que lhe falou sobre um ancião que vivia no deserto, chamado Abramelin. Encontrando-o falou sobre seu interesse em aprender a Magia Sagrada, ao passo que este lhe pediu 10 florins de ouro para dar como esmola, que jejuasse por três dias, recitasse os salmos e copiasse a mão dois livros, sob a promessa de fazer o bem e ser obediente a Deus. Feito isto, voltou para casa disposto a por os conhecimentos recebidos em prática. Superando as tribulações que encontrara para a consecução, desde coisas simples como contendas em seu  casamento, até elementos mais complexos como a resistência frente as tentações demoníacas, recebera, após meses de dedicação com jejuns, purificações e orações diárias, a visita de seu anjo por três dias. E foi a partir de então que alcançou a graça de curar 1413 pessoas, recebeu montantes de dinheiro e teve a possibilidade de presentear reis com espíritos familiares. 

Tudo isto nos conta Abraão, sempre envolto em uma aura de extrema advertência e reticência: " tenha consciência dos perigos desta empresa. Seja temente a Deus. Resista as tentações do demônio. Não entregue este livro para feiticeiros e pessoas sem caráter. Não acredite na tolice dos astrólogos que creem nas influências dos astros, nem tampouco em suas tabelas de horários. Seja asseado, mantenha a mente em oração durante todo o tempo, cuide de seu altar, evoque Deus e seu Anjo. "

O autor ainda nos alerta sobre a necessidade de saber distinguir a verdadeira da falsa magia perpetrada nos tempos modernos. Faz-se necessário destacar aqui que este é um grimório teúrgico, de forte influência judaico-cabalística, que considera que apenas esta fórmula é segura, verdadeira e abençoada por Deus para ser praticada. Segundo Abraão, todos os outros livros que contenham coisas como círculo de proteção, ou apelo a questões planetárias, são enganadores, diabólicos ou uma fusão de ambos.

O objetivo aqui é simples: entrar em contato com seu anjo. O método é complexo: isolar-se de tudo e todos por um período de cerca de seis meses dedicando-se exclusivamente a esta finalidade, com rituais de evocação diários, purificação e oração. A consecução consiste em: uma vez recebida a visita do anjo, o mesmo lhe instruirá sobre como proceder em relação aos demônios que vivem na Terra de modo a subjugá-los para que te sirvam em seus objetivos mágicos. 

Levando em consideração que Deus e os Anjos pertencem a escalas superiores de manifestação espiritual, cabe ao magista rogar a autorização destes para controlar os demônios que aqui já vivem. Sem este contato e autorização divina, qualquer ato mágico é considerado como sendo um ato ilusório e diabólico, que tem grandes chances de condenar o magista e aqueles que creem em seus feitiços, fazendo-os sucumbir como marionetes nas mãos destes seres infernais.

Dividido em três livros internos, A Magia Sagrada de Abramelin começa contando a autobiografia do autor, passa pela segunda parte onde argumenta quais são as formas legítimas de magia e o porque deste ser o único grimório confiável, explica os procedimentos a serem seguidos para a comunicação com o anjo, sendo finalizado então por uma série de listas de nomes e hierarquias demoníacas, além de diversos quadrados mágicos a serem usados pelo magista para os mais diversos fins.

Embora seja extremamente repetitivo e proselitista em proporções quase iguais, o pouco que sobra torna esta obra obrigatória em qualquer biblioteca de ocultismo que se preze, não necessariamente pelo seu conteúdo, mas certamente por seu valor histórico.

por Allan Trindade




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segunda-feira, 9 de março de 2020


Asa de morcego. Olho de boi. Pelo de búfalo. Uma pitada de veneno de escorpião. E uma criança que seja filha de um anão. 

Misturar todos os ingredientes em um caldeirão fervente. Sob a luz da lua cheia numa noite quente. Evocar os diabos de chifre de corte e beijar a bunda preta de um bode.

THE SATANIC RITUALS é um livro escrito por Anton Szandor LaVey, com 220 páginas, divididas em 11 capítulos e foi publicado no ano de 1972 pela Avon Books.

Não, este ritual não existe. Eu acabei de inventá-lo. E apesar de tê-lo criado neste momento, rituais como este preenchem os livros de contos infantis e testemunhos de vítimas da santa inquisição católica, que sob as mais diversas formas de tortura, inventavam coisas deste tipo para se livrarem o mais rápido possível da dor e tormento extremo a que eram expostos sob a acusação de bruxaria e satanismo. Se podemos afirmar que a humanidade possui facilidade para a criatividade, o que dizer sobre nossa disposição para a insanidade?

Insanidade esta que pouco ou nenhuma relação tem com a realidade. Insanidade esta que sob a justificativa de vingar o sacrifício fictício de fetos em rituais sabáticos, matou mais pessoas inocentes que nenhum satanista jamais foi capaz. Ao menos não os satanistas de Lavey, seguidores deste homem que deixa claro nas linhas de seu livro sagrado, chamado de A Bíblia Satânica, que o sacrifício de animais e crianças não faz parte das práticas satanistas vide a pureza contida nestes seres. E se podemos garantir que a Bíblia Satânica não autoriza o assassinato de crianças, fato é que não podemos dizer o mesmo da Bíblia Sagrada, aquela dos cristãos, onde o deus de israel não apenas sacrifica seu próprio filho, como autoriza o extermínio dos pequenos como visto nas passagens que contam as histórias de Eliseu, Êxodo, dentre outras. Ao que parece o infanticídio suja mais o dedo histórico daqueles que acusam, do que daqueles que são acusados. Que mundo irônico este em que vivemos, não?!

Mas tudo bem, comparar as Bíblias deve ser uma artimanha de satanás que está me fazendo pecar e desviar do caminho que é falar sobre um outro livro, aquele que foi escrito como um complemento para a Bíblia Satânica, o livro chamado Os Rituais Satânicos.

Sim, este livro é um complemento, logo, caso você não tenha lido a Bíblia Satânica, é melhor que o faça antes. Embora Lavey comece este título de uma forma bem semelhante a sua primeira publicação, mais uma vez ressaltando que o Diabo vem sendo usado de forma irrestrita pelos mais diversos tipos de abraâmicos, sempre com o intuito de acusar seus opositores ideológicos de serem seus seguidores, ou ainda sobre a passividade das modernas escolas de bruxaria que se esquivam a todo custo de qualquer acusação de que seus rituais, ou mesmo seu deus cornudo, tenham qualquer relação com satanismo, as semelhanças se encerram aí, visto que esta publicação não é filosófica ou ideológica, mas essencialmente prática. 

Lavey considera que a fantasia desempenha um papel importante em qualquer religião e que os rituais satânicos são usados não para escravizar o praticante com fantasias sobre espiritualidade, mas para que o adepto entre num estado alterado de consciência, de maneira que possa manipular de forma livre suas crenças e emoções, e assim alcançar seus próprios objetivos. Partindo do princípio de que é através da tensão que as mudanças são produzidas, concebe que a magia reproduz o movimento de retração e expansão do universo. Portanto, o praticante puxa para si aquilo que deseja e empurra de si aquilo que não quer mais, sempre motivado pela intensidade das situações. A ação mágica aqui leva em consideração o magista em si, sua energia e da vítima, e que os efeitos, em geral, afetam muito mais a psique e vontade, que um dano físico direto. É importante notar que não há a crença da interferência de espíritos ou deuses e que a energia dos envolvidos é direcionada para alterar o estado mental da vítima, de modo que ela produza as alterações físicas desejadas sobre si mesma. Se for para o bem, que ela tenha forças para conquistar, se for o mal, que ela se boicote e se destrua.

Os rituais apresentados são classificados em dois tipos: ritos para fins específicos ou cerimônias e celebrações festivas. O livro apresenta o contexto histórico do rito e em seguida, a forma de realizá-lo. Homens e mulheres podem desempenhar as mesmas funções, desde que as polaridades sejam analisadas e combinadas de modo prévio, e destaca o mesmo para grupos homossexuais.
Todos os rituais são pensados como peças de um teatro, onde atores e plateia participam ativamente, com roteiro e emoção, de modo que o grand finale seja proveitoso para todos. Portanto é importante estar conscientemente ali, querer estar ali e saber por que está ali: qualidade é mais importante que quantidade! E que o oficiante saiba distinguir os mais adequados. 

Sobre suas origens, alega que são de influência esotérica advindas predominantemente da Alemanha e França, vide a riqueza do drama satânico produzido por esses países. Lembremo-nos que muitas dos contos infantis ou mesmo infanto-juvenis da Europa tinham contextos e finais dignos de filmes de terror, mas que muitos foram alterados ao caírem nas mãos de Walt Disney. As versões que conhecemos sempre tem um final feliz, mas a realidade dos livros é bem outra...

A sequência de rituais são:

THE ORIGINAL PSYCHODRAMA 
Le Messe Noir

L'AIR EPAIS
The Cerimony of the Stifling Air

THE SEVENTH SATANIC STATEMENT 
Das Tierdrama

THE LAW OF THE TRAPEZOID 
Die Elektrischen Vorspiele

NIGHT ON BALD MOUNTAIN 
Homage to Tchort

PILGRIMS OF THE AGE OF FIRE 
The Statement of Shaitan

THE METAPHYSICS OF LOVECRAFT 
The Cerimony of the Nine Angles and The Call to Cthulhu

THE SATANIC BAPTISMS 
Adult Rite and Children's Cerimony

THE UNKNOWN KNOWN


Sentimos decepcionar o leitor que tivesse a esperança de encontrar neste livro fórmulas contendo sacrifícios de animais ou crianças. Não, eles não fazem parte desta obra. Todos estes rituais transcendem a prática e são interessantes não apenas pela contextualização histórica, mas também pela ideia que apresentam, sempre focados num fundamento subversivo. Neste complemento à Bíblia Satânica, Lavey nos convida a não mais pensar Satã como o outro, como aquele que não gostamos, como símbolo de nossas desavenças, mas a incorporarmos Satã em nós mesmos visto que para nossos opositores nós já somos ele. A proposta de antes era ideológica, a proposta aqui é prática, o objetivo da literatura de Lavey é fazer de todas esses ingredientes a receita para a sua vida, com boas pitadas daqueles temperos especiais que sempre dão gosto as suas obras: a ironia e o deboche.


por Allan Trindade


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