segunda-feira, 27 de abril de 2015

Na antiguidade o conhecimento era algo restrito e elitista. Reservado em muitos casos as altas hierarquias sociais, e ao clero, saber ler e escrever era um privilégio de poucos. Livros eram difíceis de serem confeccionados, caros e em muitos casos, perigosos! Escrever sobre aquilo que mexia com o imaginário popular era sempre um risco...principalmente quando o assunto era religião. Em função de dar credibilidade para alguma obra, ou ainda para se isentar de eventuais problemas futuros, muitos livros publicados na Idade Média eram então atribuídos a personalidades famosas, com um bom apelo social, que podiam oferecer três vantagens: dar visibilidade para a obra, alavancar sua venda, e ainda salvar o verdadeiro autor de virar "churrasco" nas mãos dos cristãos...

Clavícula de Salomão é publicado pela Pallas Editora, adaptado por Irene Liber, com 199 páginas, capa dura e um ótimo acabamento gráfico. Apesar de uma pequena introdução sobre sua origem mitológica, no qual descreve o pseudo recebimento deste conhecimento por Salomão através de um dos anjos do Deus de Israel, o livro é essencialmente prático e muito útil para consultas rápidas. Repleto de tabelas, pantáculos planetários, rituais diversos, e toda uma atualização moderna para a construção e consagração do seu templo pessoal, vestimentas e armas mágicas. Seu subtítulo, "As Chaves para a Magia Cerimonial" parece fazer jus, ao menos em princípio, à seu conteúdo.

A autora foi feliz em sua participação: adaptou linguagem e elementos antigos do título original para a logística e praticidade dos tempos modernos. É um livro de ótimo apelo para ocultistas interessados em um manual atual de magia. Dividido em duas partes, no Livro I, intitulado de "Fundamentos da Arte Mágica", você encontrará informações sobre os Espíritos que governam os planetas, utilização do uso de perfumes e defumadores, as oferendas corretas a serem ofertadas paras os Espíritos, roupas, armas e paramentos gerais, suas funções, inscrições e consagrações. Já o Livro II, "Operações da Arte Mágica", descreve rituais específicos para objetivos específicos, tais como: operações para interrogar os Espíritos, operações para amizade e amor, para proteção em viagens, contra roubos e logros, para obter riqueza e prosperidade, etc...

Mas há também aquilo que (infelizmente) não está lá...

O Clavicula Salomonis, seu título em latim, não é apenas famoso per se, mas também por, conforme acreditado por alguns, ter contido em sua origem um capítulo inteiramente dedicado a algumas entidades infernais, classificadas por 72 nomes, pantáculos, aparência e áreas de atuação, conhecidas como os Demônios da Goétia.
Intitulado de Lemegeton, e referido por muitos como o sistema Goético, ou simplesmente Goétia, tal livro - seja ele considerado um capítulo ou um grimório em si - não faz parte do conteúdo desta publicação em específico. A falta deste, que para alguns seria o único motivo para adquirir o grimório como um todo, não parece desfalcar em nada a qualidade desta edição publicada pela editora Pallas.

Ter este livro em sua biblioteca pessoal não só lhe facilitará em muito a consulta sobre questões que necessitam de uma resposta rápida, como poderá lhe fornecer o conhecimento necessário para o sucesso a médio e longo prazo, para operações realmente transformadoras...

por Allan Trindade


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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Não se iluda: ser escritor, pertencer a Sociedades Secretas ou até mesmo ser um dos nomes mais destacados do esoterismo ocidental, não torna ninguém isento de falhas e erros. Se considerarmos que pela história esta parece ser uma regra, Papus, certamente, não é uma exceção!

Mas antes de continuarmos, entenda uma coisa: Esoterismo não é religião! Esoterismo é o conjunto de conhecimentos Tradicionais, e em muitos aspectos Ocultos, que dão base para a formação daquilo que vulgarmente se chama religião, ao que nós comumente nos referimos como Exoterismo.

O ABC DO OCULTISMO, publicado pela editora Martins Fontes, e escrito por um dos ocultistas mais famosos do século XX, Papus, é uma decepção em muitos momentos. Com um total de 345 páginas, a intenção do autor em escrever uma obra que seja uma espécie de introdução ao ocultismo, nos parece em princípio, bastante válida, e tenta resumir em capítulos distintos temas base para uma continuidade de estudos a posteriori do assunto em questão.

Lotada de referências externas a escritores modernos e antigos, em especial Alexandre Saint-Yves d'Alveydre - o criador do Arqueômetro -, além de todo um belo conjunto de imagens que ilustram suas explicações, a primeira vista, o livro pode soar como obrigatório a qualquer um que se pretenda ser ocultista algum dia. E de fato, por ser um escritor clássico, citado em qualquer conversa trivial sobre o esoterismo, há de se ter o mínimo de conhecimento sobre as ideias que o autor expressara em vida, para se ter o mínimo de noção opinativa.

Entretanto, antiguidade não é desculpa para falta de bom senso. O livro é péssimo em seu princípio, completo de referências a dados pseudo científicos (ou em outras palavras, e até em certos momentos, mitológicos), além de afirmações convictas sobre a existência de "realidades" que carecem do mínimo fundamento factual. Dentre estes absurdos, afirma categoricamente que Atlântida existiu[pg.3], nos fornece um mapa sobre sua localização[pg.4 e 5] e ainda se propõe a indicar os locais de migração "dos povos que lá viveram" para o resto do mundo. Porém, talvez o maior de todos os disparates esteja mesmo na página 117: " ... As erupções vulcânicas são produzidas por curto-circuitos da eletricidade vital terrestre, e o centro da Terra é habitado por seres de forma humana, mas com brânquias. ..."

Não obstante, abusa do neologismo até não poder mais...e mesmo assim vai além, e entope o leitor com extensa nomenclatura pseudo rebuscada, que se pretende diferenciar nuances encontradas dentro de sistemas e filosofias, que por mais que possam fazer sentido para um estudante mais avançado, são absolutamente descartáveis e desnecessárias para o buscador iniciante. Neste sentido, Papus mais parece uma espécie de Omar Khayyam - não o original, mas o charlatão brasileiro - com seu extenso conhecimento geral, que como um prestidigitador, desvia a atenção do público com diversos movimentos desnecessários para por fim, exibir seu grande truque...

Alguns de seus capítulos parecem compensar as baboseiras expostas em seu princípio. Fornece reflexões interessantes sobre Magia e até mesmo toma partido e comenta sobre o quanto alguns, moldados e condicionados pelos preconceitos da crença dominante, excluem de seu contexto esta palavra, mesmo que, sob nomenclatura diversa, lhe sejam adeptos. Traz ainda abordagens simples sobre os temas: Maçonaria, Egito, Alquimia, Astrologia etc...simples não por carecerem de coerência ou faltarem em qualidade, mas por terem a proposta única de serem uma introdução ao tema.  Veja que ainda assim, não estamos concordando com todas as afirmativas expressadas pelo autor, mas em alguns aspectos, podemos dizer que ainda há aquilo que se possa aproveitar.

O livro contém um ensinamento oculto, indireto por assim dizer. Nos leva a compreender sobre aquela necessidade clássica; é preciso saber separar o joio do trigo...ou, de forma mais direta e menos elegante; aquilo que presta, do resto!

Eu sinceramente espero que os absurdos encontrados neste título não sejam um reflexo geral de toda a imagem de tão aclamado ocultista, para que, quem sabe, possa afirmar doravante, que a primeira impressão não é a que fica...


por Allan Trindade

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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Uma das palavras que mais despertam a curiosidade das pessoas é sem dúvidas Ouija! Seja por conhecer seu significado, ou não, após uma pequena explicação, qualquer um terá algo para dizer sobre a brincadeira do copo, do compasso, ou o jogo dos espíritos...

Desde que me interessei mais pelo tema, percebi a carência de material escrito sobre tal item em língua portuguesa...que certamente não padece do mesmo problema em inglês. E foi nesta busca que sem muito esforço encontrei Ouija: The Most Dangerous Game de Stoker Hunt. Eu estava procurando por um livro introdutório sobre o assunto, que me desse uma noção didática tanto da história, quanto dos aspectos práticos para a utilização do tabuleiro. De fato, o título parece ter se encaixado bem em minhas expectativas iniciais...


Com um total de 156 páginas, Ouija é escrito em estilo jornalístico; investigativo e imparcial. 
Dividido em 5 capítulos, o autor cita casos históricos e famosos e ainda vai em busca de adeptos de diversas religiões, e de não religiosos, para saber o que praticantes e estudiosos de diferentes vertentes tem a dizer sobre " o jogo mais perigoso ". Cristãos, wiccas, espiritualistas, ateus, parapsicólogos... cada um em seu tempo, dissertam sobre as vantagens, desvantagens, ambas, ou nenhuma das duas, de "brincar" com este famoso e curioso tabuleiro.

É um livro introdutório, que desperta sua curiosidade em saber o que as pessoas que se dedicam, ou se dedicaram a testar tais evocações, tem a dizer de acordo com suas próprias experiências. É muito mais informativo que prático, porém, com isso não quero dizer que não há instruções sobre como iniciar uma sessão. Tais instruções são deixadas para o final, e se resumem a basicamente aquilo que todos nós já sabemos: bastam alguns pedaços de papel com letras escritas, uma mesa,  um copo e uma pequena prece...sem muito mistério ou complicação.

Contudo, talvez haja uma razão para o subtítulo do livro ser "The Most Dangerous Game"...é fato que, de acordo com os relatos, sejam eles de cunho espiritualista ou psicológico, iniciar uma sessão de Ouija sempre resultará algum efeito. Dois casos merecem destaque e valem a pena serem citados aqui para justificar tais argumentos. O primeiro surgiu a partir de um teste científico da Toronto Society of Psychical Research intitulado “The Philip Experiment”. A ideia era simples: Philip era um personagem criado a partir da mente dos cientistas que supostamente vivera em algum ponto do passado. Toda a história (inventada) de Philip foi decorada pelos voluntários na tentativa de que, mesmos conscientes de que tudo não passava de fantasia, pudessem produzir algo de real... curiosamente, resultados e efeitos dos mais diversos foram alcançados através deste experimento.


Já o segundo, conta a história de Pearl Curran, uma mulher que através de sua curiosidade, entrou em contato com um espírito de nome Patience Worth, e através dela, recebeu diversos prêmios de poesia e escrevera o equivalente a 29 livros, que segundo a análise de técnicos literários, não podiam mesmo terem sido escritos pela simples dona de casa.

Alguns dirão que tudo não passa de automatismo, ou autossugestão, outros dirão ser a Ouija um instrumento de evocação de espíritos, ou como diríamos em termos mágicos, uma verdadeira Arma necromântica. O trabalho de pesquisa executado pelo autor realmente nos deixa no meio do caminho sobre qual dos lados acreditar, mas isso é um questionamento que virá apenas após você ter a plena certeza de que se tentar, a Ouija vai funcionar!

por Allan Trindade

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segunda-feira, 6 de abril de 2015

“Por que algumas pessoas falam tão mal da Wicca?”...“Por que algumas pessoas ridicularizam a Wicca?”...“Por que existe tanta variedade na Wicca?”...“ Afinal de contas, o que é a Wicca?”...

Fazia pouco tempo que havia chegado à conclusão de não saber nada sobre a estrutura dogmática desta religião, quando me deparei com um nome em uma de minhas pesquisas na internet: Mario Martinez. Li todo o conteúdo de seu site e, curioso em me inteirar um pouco mais sobre o assunto, decidi estabelecer um contato mais próximo com o autor, que se deu através de algumas poucas trocas de emails, que não podiam mesmo ter continuidade vide meu parco conhecimento sobre o assunto. Era preciso me aprofundar mais, e foi assim, que numa feira itinerante, encontrei um de seus livros...

Wicca Gardneriana possui 185 páginas, escrito por Mario Martinez e publicado pela editora Gaia. Dividido por capítulos encabeçados por temas específicos, tais como: “As Bases Wiccanianas”, “A Deusa e o Deus”, “Desenvolvendo Nosso Poder Pessoal”, “Wicca, Sexo e Nudez Ritual”, alguns ainda contém subdivisões que se propõem a citar certas especificidades dentro do tema geral. O livro é uma introdução, mas é também um guia prático em alguns aspectos para todos aqueles que se pretendam em algum momento, percorrer o Caminho e aceitar o desafio de se tornarem Sacerdotes Wiccanianos. Porém, nem tudo é tão perfeito quanto parece...

Dotado de uma exaltação constante à 'Magia Natural Europeia', o autor leva os mais desavisados a crer que existira em algum momento, alguma espécie de unidade continental na bruxaria em seus tempos ancestrais, à que se refere constantemente como a "Antiga Religião" [pg.22]; pensamento que me parece um tanto fantasioso por questões óbvias de etnia, logística, educação, religião, geografia, etc., de várias épocas em diversos países da Europa, além de carecer de embasamento histórico para tais afirmações.

Diz que deuses como Dionísio, Baco e Cernunos possuem as mesmas características divinas e físicas, chegando ao ponto de afirmar [pg.22] que Dionísio e Baco possuíam chifres! Num outro momento [pg.109] alega que “...plantas possuem um sistema nervoso tremendamente desenvolvido, demonstram sentimentos e preocupações...”. Eu destacaria ainda outros pontos, mas estes me pareceram ser os mais absurdos. Entretanto, não quero com isso dizer que o trabalho como um todo seja descartável, já que todas as vezes que fala única e exclusivamente sobre a Wicca, sem usar de subterfúgios pseudocientíficos ou ainda de estranhos sincretismos, parece haver coerência.


É um livro que eu certamente não recomendo, vide a quantidade de erros contidos e proselitismo exacerbado, a não ser que assim como eu, o encontre a um preço barato em uma feira qualquer...


por Allan Trindade