quinta-feira, 5 de agosto de 2021


Este é um tarô dedicado às deidades da religião iorubá e ao candomblé brasileiro.

Os iorubá são um povo africano da Nigéria que imbuíram muitos trabalhos artísticos, especialmente cerâmicas, com cultura e um senso de beleza, revelando grande respeito e admiração pela natureza. Muitos desses trabalhos são o resultado de uma inspiração artística ligada ao mundo espiritual.

Durante os séculos passados, os iorubá, como muitos outros povos africanos, foram deportados à América, contribuindo inocentemente para uma das páginas mais obscuras da História da humanidade: a escravidão.

O TARÔ AFRO BRASILEIRO é um baralho idealizado por Alice Santana e desenhado por Giuseppe Palumbo, contém 78 cartas acompanhadas de um livreto explicativo, e fora publicado no ano de 2014 por Lo Scarabeo.

A grande tenacidade e lealdade que sentiam por suas raízes e tradições os permitiu manter os princípios fundamentais da antiga religião africana viva no candomblé brasileiro e em Cuba, na santeria. Mas não é apenas isso: esses princípios desenvolveram-se lado a lado por aproximadamente 400 anos e até hoje são fortes as semelhanças entre as tradições. A religião iorubá que se desenvolveu no Haiti, porém, tem aspectos diferentes e uma direção um pouco mais obscura.

Em todo caso, esse baralho se inspira, primariamente, tanto no candomblé brasileiro quanto na santeria cubana, com uma face mais brilhante e benigna.

As primeiras evidências de tráfico de escravos data de 1538 quando milhões de negros da Guine, Angola e especialmente, Dahomey (hoje, Benin) foram levados ao Brasil. O tráfico ilegal continuou depois do ano de 1888, quando foi decretada a Abolição da Escravatura, quando muitos iorubás ainda chegaram ao Brasil, até o século XIX.

A cidade de Salvador, na Bahia, tornou-se um ponto de encontro das raças africanas e culturas muito diferentes se misturaram. As crenças iorubás se espalharam e se tornaram um princípio unificado na cultura dos escravos. Elas também foram enriquecidas por aspectos trazidos por outros grupos étnicos envolvidos. 

Assim, os escravos se encontraram lutando contra a destruição sistemática de sua identidade cultural e o banimento da manifestação da sua fé, sendo que apenas o catolicismo era permitido. Esta falta de liberdade deu abertura ao sincretismo nos cultos, fazendo com que as deidades iorubás se encontrassem com os santos católicos.

Os deuses iorubás são chamados Orixás. Cada um representa uma forma de energia da natureza e podem ser ligados à energia do tarô, particularmente, com os 22 arcanos maiores.

Os praticantes do candomblé acreditam que cada pessoa é guiada por um ou mais Orixás, o que dá a ela as características dessa deidade; como na astrologia existem pessoas com diferentes aspectos pessoais dependendo do seu signo e seu ascendente.

Os Orixás não são representados de forma antropomórfica ou zoomórfica, mas por símbolos. Para comunicarem-se com os mortais em seus encontros espirituais, porém, as deidades assumem uma forma humana, acostando ou incorporando um médium, batizado e consagrado na cultura e no culto do candomblé.

Nessas práticas, os Orixás se revelam, proferindo sua imensa sabedoria àqueles presentes; sugerem orações, curas e tudo mais que estiver em seu poder, com o propósito simples de ajudar e melhorar a experiência humana.

[texto extraído do livreto que acompanha o deck]


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domingo, 1 de agosto de 2021

Embora alguns fundamentalistas torçam o nariz para a associação da palavra Cabala a expressão 'hermética', fato é que esta junção vem sendo praticada há centenas de anos, pelas mais diversas escolas e indivíduos ocultistas, evidenciando assim uma fusão histórica e sincretismo do esoterismo judaico àquele de origem ocidental em suas várias nuances. 

Se para alguns tal mescla representa uma 'corrupção e apropriação dos saberes de um povo', para outros tal fenômeno apresenta-se como uma consequência inevitável do tempo, contato e evolução do conhecimento.

E esta parece ser a linha de pensamento pela qual se baseia Marcelo Del Debbio, que apresenta nesta obra uma evolução progressiva daquilo que é Cabala em seu sentido mais puro e judaico, até sua partícula independente conhecida como Kabbalah Hermética. 

KABBALAH HERMÉTICA é um livro escrito por Marcelo Del Debbio, contém 672 páginas divididas em 10 capítulos e foi publicado no ano de 2016 pela Daemon editora.

Segundo o autor, tudo teria começado no Egito, terra de grandes conhecimentos e sabedorias antigas, que recebia entre suas dunas, pirâmides e oásis a visita de representantes dos mais diversos povos e etnias afim de não apenas aprender, mas intercambiar conhecimento. 

A grande influência do povo de Kemet sobre os demais povos se daria por sua grande preocupação com os aspectos mágicos da vida e da morte, que os tornaram grandes sábios não apenas das ciências físicas, mas igualmente daquelas de caráter espiritual. Gregos, judeus, romanos e até mesmo nigerianos teriam recebido e trocado tais saberes com eles e entre si, cada qual adaptando o desenvolvimento de suas conclusões as suas próprias culturas e simbolismos, fazendo com que, mesmo separados por fronteiras, tempo e línguas, pudessem compreender uns aos outros por arquétipos e conclusões comuns.

A Cabala judaica, referida também como merkabah ou bereshit, representaria então esta herança herdada desde aqueles tempos, atribuída pelos judeus ao próprio Moises, que das terras do faraó teria recebido e compartilhado com seu povo tal conhecimento. 

Os anos passariam e diversas seriam as Escolas de pensamento que dentro da cultura judaica transformariam os conceitos herdados por judeus de gerações e nações posteriores.  Da Espanha a Alemanha, a Europa veria o nascimento de livros conhecidos como Bahir, Zohar, dentre outros além de uma série de cabalistas que por suas ideias diferenciadas, marcariam seus nomes na história.

Com a perseguição perpetrada pelos cristãos contra o povo judaico, a expulsão de suas terras ou ainda a prática de conversões forçadas a Igreja de Roma, o ocidente testemunharia uma progressiva abertura destes conhecimentos cabalísticos, antes restritos aqueles que professavam a fé judaica, que pouco a pouco se mesclariam e sincretizariam a fé cristã, sem entretanto, perderem suas raízes originais. Assim, mesmo que da porta para fora a Cabala ganhasse novos ares, dentro das sinagogas ela ainda manteria suas características próprias. 

Tal abertura faria com que indivíduos de filosofias e religiosidades distintas pudessem perceber novamente aquilo que seus ancestrais faziam e praticavam: a troca de conhecimento. Assim, helenistas, cristãos, judeus, alquimistas, e os mais recentes, rosacrucianistas, veriam nestes conhecimentos comparados a similaridade, até então oculta, existente entre suas diversas concepções de vida e espiritualidade.

O Renascimento sustentaria com força este olhar direcionado para o passado, cativando a mais nova certeza de muitos naquele momento: há mais riqueza em juntar que separar.

A repetição das antigas práticas de intercâmbio cultural e espiritual faria surgir grandes personalidades deste contexto histórico, referidas até os dias de hoje, e que além de outros sistemas e religiões, passariam a citar, direta ou indiretamente, a Cabala em seus escritos. Aquilo que viria a ser conhecido genericamente como Kabbalah Hermética teria como base esoteristas independentes, ou de religiões diversas, tais como: Roger Bacon, Robert Fludd, Agrippa, Paracelso, Eliphas Levi, Isaac Newton, Guaita, Papus, Samuel Mathers, Aleister Crowley, Dion Fortune, dentre outros.

Assim, a Kabbalah Hermética mantém o nome original de sua fonte, a Cabala (judaica), porém  a diferencia de si própria, pois em seu aspecto hermético, mescla uma série de outros sistemas e formas de pensamento, representando assim um agregado sistemático do esoterismo ocidental em suas mais diversas formas.

Neste livro, Del Debbio nos abrilhanta com uma infinidade de associações tendo como base a Árvore da Vida, suas sephiroth e caminhos, correlacionando cada uma destas partes a centenas de imagens, deuses, oráculos, religiões, histórias e tudo mais que for possível para que se entenda esta curiosa conexão entre as coisas.

O livro tem uma estética enciclopédica, o que significa que além de poder ser estudado, ele também pode ser usado como uma espécie de fonte de consultas rápida para tirar dúvidas de correspondências, sincretismos e associações que se queira. Assim, além de informativo, é essencialmente prático, oferecendo texto e imagem em seu conteúdo do começo ao fim.

Mas é fato, destina-se aqueles de mente aberta, que mantém em suas ideias aquele antigo ensinamento semita que nos diz: "Deus nos fez com uma boca e dois ouvidos para que possamos falar menos, escutar e aprender mais."

por Allan Trindade


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sábado, 22 de maio de 2021

Você sabe o que é Astrologia? É com esta pergunta que Anne inicia seu livro, questionando até que ponto os detratores deste conhecimento antigo de fato dominam suas especificidades para tecerem críticas minimante aceitáveis sobre esta ciência. É fato, nenhuma forma de conhecimento está isenta de críticas ou mesmo erros, e com a Astrologia não haveria de ser diferente, porém, devemos levar em consideração um ponto importante destacado pela autora: a Astrologia faz parte do contexto da humanidade há no mínimo 4.000 anos. Ora, será mesmo que um conhecimento tão antigo, praticado até os dias de hoje, poderia ser mesmo tão inútil, ou reduzido a um simples texto exposto em um jornal qualquer com meia dúzia de sugestões sobre seu signo ?

INTRODUÇÃO À ASTROLOGIA é um livro escrito por Anne Barbault, contém 297 páginas divididas em 13 capítulos e foi publicado no ano de 1987 pela editora Nova Fronteira.


Barbault não foge a luta e após introduzir a obra com uma série explicações sobre signos, planetas e seus significados, as doutrinas astrológicas, divididas aqui em duas basicamente: aquela que considera a influência dos astros sobre os seres, e aquela que apenas marca a sincronicidade de eventos, além de uma rápida - e nem tão entendível assim para leigos -explanação  sobre mapas astrais, destina sua obra a explicar para os críticos no que erram em seus argumentos ao acusarem a Astrologia de ser um mero corpo de conhecimentos supersticiosos e ilógicos.

Ela assim esclarece: a Astrologia não fora praticada apenas por indivíduos considerados ignorantes, que outrora acreditaram na existência de deuses e influências planetárias. Da Babilônia ao Egito, da China a Europa, da Índia até a América, por todos os continentes tal conhecimento fora praticado e estudado, de Tertuliano a Agostinho, Tomás de Aquino a Nostradamus, Dante a Shakespeare, Fernando Pessoa, Copérnico, Kepler, Plotino, Paracelso, Galileu, Newton e Giordano Bruno, nomes célebres, de grande importância e influencia para os diversos campos do conhecimento e da ciência humana, que de uma forma ou de outra estiveram envolvidos com esta forma do saber. Seriam estes homens tão sábios para desvendar os grandes mistérios da vida e do universo, e ao mesmo tempo tão toscos a ponto de não perceberem a ineficácia da Astrologia? Absurdo nos parece aqueles que creem nisso.

Longe de nós parecer com isto estarmos nos utilizando de qualquer tipo de falácia de apelo a autoridade, porém faz-se necessário expor aqui o conceito, embora os objetivos e forma desta resenha nos impeçam de aprofundar os detalhes apresentados pela autora ao citar tais indivíduos.

São vários os mapas comparativos de personalidades e eventos, de casos específicos de gêmeos que apresentam comportamentos e escolhas iguais mesmo quando separados na infância, de pessoas que tendo nascido com uma conjuntura astral específica tiveram destinos muito semelhantes, e uma série de outros exemplos que de fato nos fazem pensar sobre a real validade da Astrologia.

Você pode pensar que por mais que a autora apresente uma série de exemplos em forma de mapas, este quantitativo jamais abarcará um número realmente grande de análises comparativas para que se classifique a Astrologia como ciência. Caso pense assim, você está certo. Porém, segundo Anne, a Astrologia não pleiteia para si o posto de ciência conforme os 'métodos cartesianos' empregados pelas outras formas de conhecimento humano. Para a autora, tal como a Psicologia, que é aceita como ciência por grande parte daqueles que dela fazem uso, a Astrologia também assim deveria ser vista, pois tal como a Psicologia, também se utiliza de símbolos e métodos comparativos para indicar tendências futuras e comportamentos passados, cada qual, obviamente, a sua maneira.

Sendo, portanto, a Astrologia uma forma de conhecimento simbólico, de caráter associativo e psicológico, que não apregoa necessariamente que Planetas ou Signos influenciem o comportamento de pessoas de um jeito físico, metafísico ou espiritual, mas que pelo contrário, marca tendências que foram comparativamente registradas durante todos estes milhares de anos de existência, não fazendo sentido desta forma acusá-la de algo que esta forma de conhecimento não promete.

Entretanto, Barbault deixa claro que sim, existem astrólogos que creem em fatalismos, em influências planetárias, confecções de talismãs, poder de pedras e plantas, e coisas do tipo, mas segundo sua perspectiva, estes representam um tipo específico de astrólogos, e não podem ser usados como referência para definir o que seja a Astrologia como um todo, que poderia ser vista como uma forma de "psicologia dos astros", por assim dizer.

Diferentemente da maioria dos livros introdutórios sobre o tema, que mais se ocupam em dar explicações sobre signos, planetas e mapas, em Introdução à Astrologia você conhecerá igualmente a opinião de críticos das mais diversas áreas em contrapartida as opiniões de uma astróloga vivida e experiente com esta forma do saber humano. Bastante interessante.


por Allan Trindade

 



domingo, 16 de maio de 2021

Louvado sejas Tu, Ó! Osíris, senhor da eternidade, Un-nefer,
Hoorkhuit cujas formas são múltiplas e cujos atributos são excelentes, que é Ptah-Seker-Tem em Yunnu, o senhor do lugar escondido, e o criador de Het-ka-Ptah e dos deuses daquele lugar, o guia do outro mundo, que os deuses glorificam quando tu estás em Nut. Ísis abraça a ti em paz, e ela guiou para longe dos teus caminhos os demônios de tua boca. Tu voltaste tua face para Amentet, e tu fazes a terra brilhar como cobre refinado. Os mortos se levantam para te ver, eles respiram o ar e procuram a tua face quando o disco se levanta no horizonte; seus corações estão em paz pois eles contemplam a ti, Ó! Tu que és eternidade e imortalidade. 

AS IDÉIAS DOS EGÍPCIOS SOBRE A VIDA FUTURA é um livro escrito por E.A Wallis Budge, contém 121 páginas divididas em 5 capítulos e foi publicado no ano de 2004 pela Madras Editora.

Budge é sem dúvidas uma das figuras mais fundamentais para a egiptologia. Seus livros tiveram uma inegável importância para muito daqueles trabalhos de pesquisa que se desenvolveriam com o passar dos anos dentro deste ramo científico e costumam representar a porta de entrada para aqueles que decidem se enveredar por estes estudos. Embora deva-se sempre ter em mente que a egiptologia é uma ciência viva, que está em constante processo de evolução, vide as constantes descobertas de tumbas e elementos outros, ninguém que tenha real interesse em saber sobre os mistérios da terra de Kemet pode dispensar os escritos de consagrado autor.

Wallis esclarece que as páginas contidas neste livro objetivam apresentar as ideias dos egípcios antigos sobre ressurreição e vida após a morte, embora saiba que em milhares de anos de existência daquele povo, crenças e hábitos mudaram, além de nunca ter havido realmente um único conceito exposto e aceito de forma dogmática por toda a gente ou sacerdotes. Muito de seu embasamento entretanto advém dos comparativos existentes entre diversos tipos de fontes primárias, sendo a principal delas o livro conhecido popularmente como Livro Egípcio dos Mortos, que embora obscuro sob muitos aspectos, deixa clara a crença na existência de vida além da vida material.

Aqui o autor nos apresenta uma série de textos oriundos de diversas fontes originais que atestam o fato da crença em um ser único e superior, referido como Netjer, que tem a capacidade de manifestar-se de diversas formas a partir de Si próprio. Tais manifestações que podem ser entendidas como deuses em certo sentido, são conhecidas como Netjeru - plural de Netjer. Segundo Budge, apesar do comentário de alguns detratores da religiosidade egípcia, que costumavam considerá-los um povo supersticioso e sem fundamento, muito destes ataques residiam sobre o fato da não compreensão da maleabilidade do pensamento religioso daquele povo. Netjer, ou Deus, é um e ao mesmo tempo vários, pois expande sua própria forma e manifestação, multiplicando-se em sua própria criação. Tal como o Sol que expande sua própria luz a todos os cantos, assim o é Rá, a primeira manifestação conhecida do Criador. 

Para além disso, um outro elemento de igual importância dentro de sua religiosidade relacionava-se ao culto a ancestralidade representada por Osíris, o deus do submundo. Sendo Osíris o deus que superou a própria morte, tinham os egípcios antigos em sua figura a esperança do prolongamento da própria vida, a ser continuada no Duat, com a chance de viverem a imortalidade junto a este deus de benevolência no Campo dos Juncos - espécie de paraíso egípcio. O hábito de cuidarem e eventualmente mumificarem seus mortos residiria então sob o conceito de que, tal como Osíris, que tem seu corpo preservado graças aos encantamentos de Ísis e Thoth, caso reproduzissem no falecido feitiços específicos, garantiriam que o morto se encontrasse com tal deus no além, tendo sua alma devidamente preservada, para quem sabe, voltar ou ressuscitar um dia. 

Budge traça com estes elementos uma série de associações com a moderna crença cristã, que não por acaso, teria herdado muito dos conceitos egípcios, adaptando-os ao seu novo deus conhecido como Jesus. O sincretismo teria então o efeito de modificar a crença dos egípcios, fazendo-os substituir um dos mais populares deuses de seu panteão, por aquele deus judaico-romano. Um outro fator possivelmente colaborativo para tal mudança pode ter sido aquele da não existência da necessidade da mumificação dentro da crença cristã, visto ser essa prática inacessível para a maioria dos egípcios que não poderiam pagar por tais serviços.

O autor salienta que a crença egípcia, por sua grande maleabilidade, tampouco preocupava-se em qualquer tipo de dogmatismo ou obrigatoriedade. Uma pessoa, ou cidade, podia trocar de divindade livremente, e o faziam costumeiramente quando aquele deus não lhes atendia em suas expectativas. 

A continuidade, Wallis apresenta o Julgamento de Osíris, onde os mortos eram avaliados e podiam garantir - ou não - sua entrada no paraíso. Sobre a crença na ressurreição, pregada inclusive por cristãos até os dias de hoje, afirma não possuir elementos necessários para definir com exatidão se era vista de tal forma. A dúvida reside se criam na ressurreição literal dos corpos, e por isso o preservavam através da mumificação para evitar o apodrecimento e assim tê-los de forma "aceitável", ou se na verdade a crença residia sobre a ideia de que para a preservação do ka - espécie de alma -havia a necessidade de se preservar o corpo físico, para que assim o ka continuasse existindo no pós vida e pudesse voltar para eventualmente se comunicar com os vivos.

Especulações diversas, conceitos filosóficos e científicos, pluralidade de pensamento, riqueza material e espiritual, muita coisa a se descobrir. É esta a sensação que livros como estes nos passam sobre aquele povo tão maravilhoso e misterioso. Estudar egiptologia pode ser encantador, mas pode lhe causar efeitos colaterais irreversíveis: o desejo de querer sempre saber mais!

por Allan Trindade


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domingo, 28 de março de 2021

Otiot é uma palavra hebraica que significa "letras" (ot, no singular). Nada além disso. De acordo com a tradição cabalística, foi através da permutação das otiot que Hashem criou tudo que existe.

Mesmo a escolha da letra Beit para dar início à Criação foi uma decisão minuciosamente calculada, quando todas
as demais se apresentaram para cumprir esse papel e foram recusadas com argumentos que fundamentavam cada decisão.


OTIOT é um oráculo criado por Marcelo Bueno, contém 22 cartas e foi publicado no ano de 2018 pela Daemon editora.

E é assim que Marcelo Bueno começa descrevendo em seu manual as razões para a criação deste oráculo que se utiliza das 22 letras do alfabeto hebraico. Manual este que, embora não acompanhe o deck, pode ser adquirido através do contato direto com o autor ou seu site.

Bueno deixa claro que o uso de oráculos não é uma prática aprovada pela Lei judaica, conforme expresso em Deuteronômios 18 : 9 -13 mas que entende que homens de grande desenvolvimento espiritual são capazes de ler tais letras em tudo, visto serem elas, segundo a perspectiva judaico-cabalística, as formadoras de todas as coisas que existem e as palavras os códigos da criação. 

Gematria, notariqon, cálculos, transposições, são apenas alguns dos diversos meios utilizados por cabalistas para descobrir a real natureza das coisas e os oráculos são, em sua opinião, meios para se trabalhar tanto aspectos premonitórios (quando usados para prever eventos futuros) ou divinatórios ( destinados ao auto conhecimento e evolução espiritual). Mas destaca que seus usos não devem servir como muletas que tornem seus praticantes dependentes de suas predições, mas que os resultados devem servir como orientadores, conselheiros sobre aquilo que seja mais viável de ser feito, mantendo sempre em mente que o destino não está traçado, que o livre arbítrio é regra, e que as coisas podem sempre mudar. 

Outro elemento presente nos fundamentos cabalísticos e apresentado pelo autor é a Árvore da Vida. Aqui Marcelo diz que a Árvore é usada para representar os fluxos da criação, e que decidiu por usar o diagrama luriânico da Árvore para correlacionar seu oráculo. Para além disso, traz as associações existentes entre o Tarô e as letras hebraicas, as diferenças entre as Escolas ocultistas da Inglaterra e da França nestas correspondências, deixando claro que tais preferências sobre este ou aquele sistema são de cunho pessoal e nada interferem no uso deste deck. 

Cada carta possui letra, nome, seu valor numérico, posição na Árvore da Vida,  e correlações outras como dias da semana e datas, signos e planetas astrológicos, significado oracular e correspondência com as partes do corpo. Elementos próprios para serem usados e interpretados durante a leitura de acordo com a natureza das perguntas.

Segundo Bueno, qualquer método de disposição das cartas usado no Tarô ou mesmo em outros tipos de oráculo podem ser adaptados para o uso deste baralho, mas traz como exemplo o método de cruz, na qual cinco cartas são dispostas neste formato onde cada casa representa uma sephirah da Árvore da Vida.

Otiot tem cartas de ótima qualidade para o jogo, que podem ser embaralhadas sem dificuldades e possuem tamanho padrão de cartas de tarô. Tem uma aparência com cores agradáveis que transitam do amarelo claro a vários tons de azul e verde dando uma ótima impressão gráfica no resultado. Serve tanto para aqueles que queiram usar o deck como método oracular ou ainda para aqueles que queiram memorizar o significado de cada uma das letras do alfabeto hebraico e meditar sobre suas diversas associações cabalísticas. 

por Allan Trindade


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sexta-feira, 12 de março de 2021

Polêmico. Este é um dos adjetivos sugeridos por Barbieri a este coletivo tão controverso chamado de Exu. 

Você pode estranhar o fato de usarmos o termo coletivo para nos referirmos a Exu, porém isto se dá de forma intencional visto que esta palavra serve para definir tanto o orixá homônimo de origem yorubá, quanto todo o grupo de entidades que pegaram Seu nome emprestado para definirem a si próprias.

EXU é um livro escrito por Alan Barbieri, com 253 páginas divididas em 25 capítulos e foi publicado no ano de 2020 pela editora Mariwô.

Segundo Alan, esta é apenas uma das características de Exu, que vive sempre em transformação e que embora seja comumente associado ao mal, é justo e até mesmo caridoso, sendo a ignorância e o sincretismo cristão os culpados por sua associação ao Diabo. Tal engano teria sido iniciado por um nigeriano cristão de nome Samuel Crowther, quando em 1843 traduziu a Bíblia para o yorubá e substitui as referências ao demônio opositor do Deus judaico cristão, a Exu. Barbieri destaca o absurdo de tal comparativo visto ser Exu a força que impulsiona os homens a ação para sua própria evolução espiritual, e não uma criatura sedenta pela desgraça humana tal como a figura de satanás.

O livro traça uma linha progressiva de explicação sobre estas figuras da espiritualidade africana e brasileira. Vindo das terras de lá, Esu, neste ponto ainda o Orixá, é apresentado como tendo uma relação próxima e controversa com Oxalá, que se recusava a lhe prestar os devidos respeitos conforme mandado por Olorun. Em seguida, o autor nos apresenta os diversos epítetos atribuído ao Orixá dos Caminhos, que quando vistos por leigos, passam a impressão de se referirem a outros seres, porém, tais epítetos apenas marcam características de Exu em suas diversas formas e campos de atuação. 

Ao chegar em terras tupinikin, Exu passaria então a integrar diversos outros cultos brasileiros, carregando qualificações positivas e negativas, e misturando-se as tradições europeias e americanas que aqui se condensavam. E é assim que Exu deixa de ser apenas um Orixá para se tornar a fonte nominal da falange de todos os espíritos desencarnados que Dele pegam o nome e recebem o grau. 

Nas encruzilhadas, onde os exus costumam ser cultuados, pratos com farofa e sacrifícios animais compõem seus ebós, mas Barbieri deixa claro que apesar de respeitar todas as formas de culto, em seu terreiro não há derramamento de ejé (sangue) e que é hipocrisia daqueles que criticam tais práticas mas consomem carne de animais fruto de matadouros que não dispensam o mínimo respeito pela vida daqueles seres.

O autor nos diz ainda que nada é por acaso, e que somos consequência de nossos atos desta ou de outras vidas, e que Exu é o aplicador da lei do merecimento, sendo o responsável por dar a cada um aquilo que merece. Os exus são vistos então como agentes da ordem, espíritos responsáveis por fiscalizar as ações do mundo e decidir quais consequências devem ser tomadas em função de cada situação. 

Os mais atentos hão de perceber que tais conceitos se aproximam muito de ideias como lei do karma e lei do retorno, e aqui faz-se necessário esclarecer um ponto. 

Alan Barbieri é umbandista, e portanto, embasa grande parte de seus conceitos sobre o que sejam os exus, sob a lei de Umbanda. Sendo assim, que o leitor saiba que embora tais conceitos sejam amplamente difundidos como verdades sobre a realidade total de exu e pomba gira, nem todas as vertentes de culto a estes seres concordam sobre tais pontos. Em outras palavras: saiba que existem vertentes de linhas de Quimbanda que não atribuem as ações de Exu valores éticos ou morais, definindo-os como seres amorais, livres e liberados para agirem da forma que bem entenderem sem que isto lhes cause qualquer choque de retorno.

Barbieri fala ainda sobre a ação das entidades na vida das pessoas, quais critérios a espiritualidade usa para elevar espíritos ao grau de exus, a relação destes seres com a sexualidade, as falanges e as relações com os Orixás, receitas de diferentes tipos de padê para diversas finalidades, explicações sobre assentamentos e ervas, e instruções sobre como fazer firmezas para seus exus pessoais e cuidar deles em sua casa.

Um livro leve, muito bem diagramado, que apresenta história, teoria e prática num só conjunto. Útil para iniciantes que conheçam ou não seus exus de frente, mas igualmente interessante para aqueles que já tenham alguma experiência dentro das práticas e que queiram ter sempre em mãos um livro de consultas rápidas. Daqueles livros que vale a pena ler e ter.

por Allan Trindade


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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Entenda: nenhuma religião estruturada com rituais, dogmas, deuses, entidades ou santos, surge do nada. Todas as religiões são consequência de uma ou mais fontes que influenciam aquela nova percepção sobre a vida material e espiritual. E com o Cristianismo não é diferente.

Se você já viu a Bíblia ao menos uma vez na vida sabe que o Antigo Testamento é um livro judaico, e que é, portanto, oriundo do Judaísmo, tendo sido o próprio Jesus um judeu. Isso já seria suficiente para dizer que o Cristianismo não é uma religião totalmente original assim, correto? Mas se baseado nisso você acha que o Judaísmo é a única religião que ajudou a formar o Cristianismo tal como o conhecemos hoje, este livro vem para lhe mostrar que você está redondamente enganado.

A ORIGEM EGÍPCIA DO CRISTIANISMO é um livro escrito por Lisa Ann Bargeman contém 158 páginas divididas em 24 capítulos e foi publicado no ano de 2012 pela editora Pensamento.

Se você é o tipo de pessoa que adora estudar história ou religião e realmente se dedica a esses assuntos, cedo ou tarde notará algo interessante: você sempre será levado para o Antigo Egito. E isso não se dá por nenhum tipo de conspiração Illuminati ou por chips implantados em nossas cabeças pelos aliens, mas por um fator histórico incontestável: o Egito foi uma das mais poderosas e importantes nações do mundo antigo, perdurando por mais de 4.000 anos como uma terra próspera que exportava conhecimento científico e religioso para grande parte do mundo. 

Localizado em uma área privilegiada do norte da África, esta terra de grandes faraós sempre atraiu o fascínio dos mais diferentes povos, e sua abundância, em todos os sentidos, fez escola entre cientistas, magistas e religiosos de todos os tempos. 

Para entender a lógica do argumento de Lisa Bargeman neste livro é antes de mais nada necessário entender o contexto e manter a cronologia em mente. Sendo assim, lembre-se que o Cristianismo, se calculado a partir do suposto nascimento de Jesus, possui pouco mais de 2.000 anos. Judeus, gregos, romanos, egípcios e uma série de outros povos viviam em constante contato muito antes deste tempo, chamado de "antes de cristo", tendo sido o Egito em seu período faraônico uma das maiores potências daquele período. 

Era coisa comum que nações menores, como da Grécia por exemplo, enviassem cidadãos gregos até aquelas terras para aprender ciência, magia e aquilo que chamamos de religião, mas que também poderia ser entendida por mitologia ou mesmo filosofia. Sem haver uma distinção clara entre tais conhecimentos naqueles tempos, também era relativamente comum que tais saberes fossem absorvidos e adaptados as novas culturas, ganhando roupagens novas de acordo com o local para onde se ia e levava tais conhecimentos. Por isso, Het-Heru poderia ser chamada de Hathor e ser sincretizada com Vênus ou mesmo Afrodite, sem que isso ofendesse a quem quer que seja. 

E por que isso funcionava? Pois em se tratando de politeísmo, o fenômeno da crença se manifesta naturalmente de forma inclusiva e não exclusiva. Se Deus é um, mas se manifesta através de diversas formas – e esta é a maneira a qual a visão religiosa egípcia interpretava tal conceito -, a forma que o outro cultua a Deus, chamando-o por outros nomes, ou considerando outras formas de Sua manifestação, não pode mesmo ser ofensiva, visto que todas são partes d’Ele mesmo.
 
Mas o que acontece quando alguém diz que só há uma forma de enxergar e cultuar a Deus?

No começo deste texto falamos sobre nenhuma religião ser totalmente original, absorvendo elementos ritualísticos e ideológicos de religiões contemporâneas ou predecessoras. Sendo o Cristianismo, herdeiro do conceito monoteísta de visão espiritual oriunda do Judaísmo, não poderia jamais admitir que sua religiosidade também fora fruto da inegável influência egípcia que possui, sendo a religião egípcia considerada pagã e, portanto, incorreta e até demoníaca para alguns. Logo, se para os politeístas antigos admitir que sua religião absorveu elementos de outras religiões politeístas era algo natural, para monoteístas como os cristãos, esse tipo de admissão pode ser uma ofensa para seu próprio conjunto de crenças, que é sempre pregado como original, oriundo e ou inspirado por seu próprio Deus único, e de nenhum outro. Mas os elementos históricos são muito mais certeiros que as crendices alheias e são incisivos para provar a realidade: o Cristianismo é inegavelmente uma religião construída a partir de uma grandessíssima influência pagã, e segundo a autora, indiscutivelmente egípcia!

Maria seria nada menos que uma versão cristã de Ísis, que também gerou seu filho, Hórus, de maneira independente. Osíris também fora assassinado e traído num banquete, ressuscitou, e se tornou o salvador e pastor que conduzia seu rebanho de seguidores no pós vida, tal como se diz sobre Jesus. A morte, segundo os papiros egípcios, é seguida por um Julgamento onde o indivíduo deve declarar-se inocente frente as possíveis acusações de ter roubado, matado, etc. sob risco de ser condenado, tal como na perspectiva cristã de julgamento. Múmias eram produzidas baseadas na crença da ressurreição da carne tal como dito na Bíblia. As imagens dos deuses egípcios ficavam guardadas das vistas do público dentro dos templos, saindo apenas em datas especiais quando eram carregadas e acompanhadas por uma caravana de seguidores que ali faziam suas promessas e orações e aguardavam por bênçãos, tal como católicos fazem hoje em dia em suas procissões. O faraó era um líder de Estado mas também o sumo sacerdote, tal como o Papa nos dias de hoje. 

Todos estes elementos e muitos outros são apontados durante toda esta obra que, embora curta e pouco aprofundada, é rica em conteúdo comparativo para que todos aqueles que tem o interesse pela pesquisa e que assim o façam, se sintam inegavelmente compelidos a admitir aquilo que muitos adoram negar: que não há religião superior a verdade.

por Allan Trindade

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domingo, 3 de janeiro de 2021

A magia - enquanto ferramenta da crença humana que pensa ser possível alterar a realidade presente ou futura através do uso de entidades espirituais - possui um interessante desenvolvimento evolutivo quando vista de perto. Se antes poderíamos dizer que esta se limitava a ideia de que desencarnados, fadas, anjos, demônios e divindades ditavam o sucesso ou fracasso das operações ritualísticas, modernamente vimos surgir um novo conceito, uma nova forma de prática, mais crua, direta e independente, distante dos objetivos místicos e teúrgicos tão comumente vistos em suas correntes mais tradicionais, e que normalmente faz uso apenas da intenção e energia mental do praticante. 

Com o advento da Magia do Caos, uma nova classe de magistas faria surgir, em meio aos influxos astrais que nos circundam, sigilos e servidores mágicos criados a partir das próprias energias psíquicas e também não raras as vezes seminais. Moderna e curiosa. Vanguardista com pitadas de tradicionalismo. Excêntrica em suma. Mas será eficaz?

O GRIMÓRIO DOS QUARENTA SERVIDORES é um livro escrito por Tommie Kelly, com 256 páginas divididas em 6 capítulos e foi publicado no ano de 2019 pela Penumbra Livros.

Todos aqueles que já ouviram falar ao menos uma vez em magia do caos, muito provavelmente já ouviram dizer que se trata de um sistema mágico que lida com sigilos. Sigilos podem ser basicamente definidos como formas gráficas aleatórias, criadas a partir de textos modificados que contém a intenção mágica do praticante ocultada em suas linhas. Estes sigilos são feitos com uma intenção única, por exemplo, conseguir uma quantia específica de dinheiro, um livro, algum sentimento que o magista não disponha naquele momento, ou quaisquer outras coisas que sua criatividade e intenção mandarem. São feitos para serem absorvidos, destruídos e esquecidos. Funcionam como disparos mágicos do praticante lançados a partir de sua mente consciente contra as barreiras de sua própria mente subconsciente, plantados ali para germinarem em meio às trevas em direção à luz da superfície de sua vida. Se comparados a uma terminologia mais tradicional, são como feitiços, sem utilizar-se, entretanto de todos os elementos naturais, tais como pedras, animais e ervas que estes costumam exigir. Para um praticante de magia do caos, um pedaço de papel, caneta e um orgasmo costumam ser suficientes.

Porém, se podemos dizer que sigilos não possuem nada além de uma função específica, limitada e que estão destinados ao esquecimento literalmente, o mesmo não pode se dizer de uma outra ferramenta mágica igualmente característica deste segmento moderno de magia: os servidores. Servidores são iguais a sigilos do caos por sua artificialidade. Não são entendidos como sendo fadas, espíritos ou mesmo divindades advindas dos processos universais da criação, mas ao contrário, são frutos da mente do próprio magista, que os produz intencionalmente com forma, nomes, selos, comportamento, áreas de atuação e meios de subsistência pré-programados, tal como robôs, porém, astrais. Agem em função de sua programação e o principal: são feitos com personalidade e para durar.

Tudo bem, talvez você esteja pensando que este conceito não é tão novo assim e já vem sendo ensinado pela Tradição há muito tempo, visto que alguns os chamariam simplesmente de elementares, mas há uma pequena diferença entre estes conceitos que preferimos não entrar em detalhes aqui para não tornar o texto desnecessariamente extenso. Neste ponto pensamos ser suficiente dizer que embora ambos os conceitos sejam conhecidos pela tradição mágica, sigilos e servidores foram adaptados e modernizados de acordo com as diretrizes da magia do caos que por sua vez, bebe fortemente de fontes advindas do Zos Kia Cultus.

Tudo isso para falarmos deste interessante livro de Tommie Kelly chamado O Grimório dos Quarenta Servidores. Por não terem uma existência prévia, servidores dependem apenas da criatividade e habilidade mágica daquele que os criou para tornarem-se vivos. E foi lançando mão de suas competências artísticas alinhadas a sua experiência com o oculto, que este magista decidiu gerar quatro dezenas de seres, cada um alinhado com um objetivo específico que lhes dá nome, desenhados com sigilos próprios e formas características que ilustram toda a obra. E que bela obra: capa dura, ótima diagramação com conteúdo em cores, e para aqueles que apoiaram a produção do projeto (pois este livro fora produzido incialmente a partir de metas de crowdfunding), ainda alguns brindes como moeda, marcadores de páginas, adesivos dentre outros.

O livro é chamado de grimório pois traz em seu conteúdo os conceitos do autor sobre o que seja magia e como a mesma funciona, suas opiniões sobre o que sejam sigilos, servidores e egrégoras, divinação, feitiços e o principal: como ativá-los através de um extenso ritual sugerido, a ser praticado diariamente durante mais de quarenta dias (um para cada servidor), para que eles estejam sempre a sua disposição no momento em que você precisar. O livro ainda foi ampliado, em função do alcance das metas estendidas, com uma série de apêndices contendo entrevistas e tabelas adicionais que visam melhorar o entendimento sobre a função de cada um dos quarenta. Tudo muito bem explicado e organizado, apesar do aparente estranhamento que a palavra caos possa causar na mente de alguns...

E para aqueles que adquirem o conjunto, o grimório vem acompanhado de um deck contendo cada um dos quarentas servidores de modo que estes possam também ser usados na forma de cartas como oráculo para divinação, ou qualquer outro uso que você resolva dar, o autor faz questão de salientar. Além dos quatro diabos, quatro servidores extras incluídos no final da publicação. 

No começo desta resenha questionamos a eficácia destes métodos modernos, muito mais como uma provocação, coisa bem característica deste segmento que é essencialmente empírico. Aqui não há nenhum apelo à tradição, a antiguidade, ou sucessão de linhagens mágicas. Tudo é feito a panos claros com um objetivo preciso de resultados, sem entretanto se emocionar com a eventual falta deles. O grimório dos quarentas servidores oferece uma experiência moderna de interação com entidades artificiais que podem ter muito a lhe oferecer. Ou não, afinal de contas, isso só você, e quem sabe eles, poderão de fato dizer... 

por Allan Trindade



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