domingo, 1 de agosto de 2021

Embora alguns fundamentalistas torçam o nariz para a associação da palavra Cabala a expressão 'hermética', fato é que esta junção vem sendo praticada há centenas de anos, pelas mais diversas escolas e indivíduos ocultistas, evidenciando assim uma fusão histórica e sincretismo do esoterismo judaico àquele de origem ocidental em suas várias nuances. 

Se para alguns tal mescla representa uma 'corrupção e apropriação dos saberes de um povo', para outros tal fenômeno apresenta-se como uma consequência inevitável do tempo, contato e evolução do conhecimento.

E esta parece ser a linha de pensamento pela qual se baseia Marcelo Del Debbio, que apresenta nesta obra uma evolução progressiva daquilo que é Cabala em seu sentido mais puro e judaico, até sua partícula independente conhecida como Kabbalah Hermética. 

KABBALAH HERMÉTICA é um livro escrito por Marcelo Del Debbio, contém 672 páginas divididas em 10 capítulos e foi publicado no ano de 2016 pela Daemon editora.

Segundo o autor, tudo teria começado no Egito, terra de grandes conhecimentos e sabedorias antigas, que recebia entre suas dunas, pirâmides e oásis a visita de representantes dos mais diversos povos e etnias afim de não apenas aprender, mas intercambiar conhecimento. 

A grande influência do povo de Kemet sobre os demais povos se daria por sua grande preocupação com os aspectos mágicos da vida e da morte, que os tornaram grandes sábios não apenas das ciências físicas, mas igualmente daquelas de caráter espiritual. Gregos, judeus, romanos e até mesmo nigerianos teriam recebido e trocado tais saberes com eles e entre si, cada qual adaptando o desenvolvimento de suas conclusões as suas próprias culturas e simbolismos, fazendo com que, mesmo separados por fronteiras, tempo e línguas, pudessem compreender uns aos outros por arquétipos e conclusões comuns.

A Cabala judaica, referida também como merkabah ou bereshit, representaria então esta herança herdada desde aqueles tempos, atribuída pelos judeus ao próprio Moises, que das terras do faraó teria recebido e compartilhado com seu povo tal conhecimento. 

Os anos passariam e diversas seriam as Escolas de pensamento que dentro da cultura judaica transformariam os conceitos herdados por judeus de gerações e nações posteriores.  Da Espanha a Alemanha, a Europa veria o nascimento de livros conhecidos como Bahir, Zohar, dentre outros além de uma série de cabalistas que por suas ideias diferenciadas, marcariam seus nomes na história.

Com a perseguição perpetrada pelos cristãos contra o povo judaico, a expulsão de suas terras ou ainda a prática de conversões forçadas a Igreja de Roma, o ocidente testemunharia uma progressiva abertura destes conhecimentos cabalísticos, antes restritos aqueles que professavam a fé judaica, que pouco a pouco se mesclariam e sincretizariam a fé cristã, sem entretanto, perderem suas raízes originais. Assim, mesmo que da porta para fora a Cabala ganhasse novos ares, dentro das sinagogas ela ainda manteria suas características próprias. 

Tal abertura faria com que indivíduos de filosofias e religiosidades distintas pudessem perceber novamente aquilo que seus ancestrais faziam e praticavam: a troca de conhecimento. Assim, helenistas, cristãos, judeus, alquimistas, e os mais recentes, rosacrucianistas, veriam nestes conhecimentos comparados a similaridade, até então oculta, existente entre suas diversas concepções de vida e espiritualidade.

O Renascimento sustentaria com força este olhar direcionado para o passado, cativando a mais nova certeza de muitos naquele momento: há mais riqueza em juntar que separar.

A repetição das antigas práticas de intercâmbio cultural e espiritual faria surgir grandes personalidades deste contexto histórico, referidas até os dias de hoje, e que além de outros sistemas e religiões, passariam a citar, direta ou indiretamente, a Cabala em seus escritos. Aquilo que viria a ser conhecido genericamente como Kabbalah Hermética teria como base esoteristas independentes, ou de religiões diversas, tais como: Roger Bacon, Robert Fludd, Agrippa, Paracelso, Eliphas Levi, Isaac Newton, Guaita, Papus, Samuel Mathers, Aleister Crowley, Dion Fortune, dentre outros.

Assim, a Kabbalah Hermética mantém o nome original de sua fonte, a Cabala (judaica), porém  a diferencia de si própria, pois em seu aspecto hermético, mescla uma série de outros sistemas e formas de pensamento, representando assim um agregado sistemático do esoterismo ocidental em suas mais diversas formas.

Neste livro, Del Debbio nos abrilhanta com uma infinidade de associações tendo como base a Árvore da Vida, suas sephiroth e caminhos, correlacionando cada uma destas partes a centenas de imagens, deuses, oráculos, religiões, histórias e tudo mais que for possível para que se entenda esta curiosa conexão entre as coisas.

O livro tem uma estética enciclopédica, o que significa que além de poder ser estudado, ele também pode ser usado como uma espécie de fonte de consultas rápida para tirar dúvidas de correspondências, sincretismos e associações que se queira. Assim, além de informativo, é essencialmente prático, oferecendo texto e imagem em seu conteúdo do começo ao fim.

Mas é fato, destina-se aqueles de mente aberta, que mantém em suas ideias aquele antigo ensinamento semita que nos diz: "Deus nos fez com uma boca e dois ouvidos para que possamos falar menos, escutar e aprender mais."

por Allan Trindade


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