sexta-feira, 23 de março de 2018

- Oi, Allan! Gostaria de tirar uma dúvida com você sobre pantáculos...
- Olá, ...! Sobre qual sistema estamos falando?
- Salomônico. É que eu fiz um pantáculo para...e não obtive resultado nenhum.
- Entendi. Fez em papel ou em metal?
- Papel mesmo.
- Exorcizou e consagrou suas Armas?
- Basicamente, do meu jeito.
- Fez no dia apropriado?
- Não.
- Na hora apropriada?
- Não sei.
- Então deixa eu ver se entendi. Você simplesmente desenhou um pantáculo num papel, com uma caneta profana, num dia qualquer, sem nem saber que horas fez, e presumo eu, sem nenhum dos exorcismos e evocações que mandam a Tradição e quer, mesmo sem ter seguido nada da forma correta, que a coisa funcione?
- Mas é que me disseram que é tudo uma questão mental, que o que vale é a intenção...
- Te disseram, você acreditou e olha que engraçado, não funcionou! Eu lhe recomendo procurar uma igreja, pois o que você está querendo com a sua "questão mental e pensamento positivo" não é magia, o que você quer na verdade é um milagre e milagre, meu caro, é uma outra jurisdição!

A CLAVÍCULA DE SALOMÃO é um livro organizado por Samuel Lidell Mathers, com 287 páginas, divididas em dois livros internos, publicado no ano de 2015 , pela editora Chave.

A tradição de grimórios mágicos oriundos da Idade Média carrega consigo uma característica comum: a falta de uma autoria precisa e exata. Embora tais títulos costumeiramente carreguem nomes de personalidades famosas em seus cabeçalhos, oriundas, de uma forma geral, de textos sagrados no qual se apoiam e definem muito das características de suas práticas internas, tais personas podem nunca terem de fato escrito tais livros, em verdade, tais indivíduos podem nunca ter existido.

Salomão é apenas mais um destes exemplos. Por seu histórico literário de relação com mulheres e práticas pagãs, um dos mais famosos reis do Judaísmo tem sido usado de forma mais ou menos frequente em tempos antigos, e até os dias de hoje, para justificar e fundamentar certas práticas mágicas. Segundo o mito, Salomão teria recebido tais ensinamentos através de um anjo, os transmitira a seu filho Roboão, e a partir deste contexto, tais textos teriam chegado até as nossas mãos. Fato é que os escritos mais antigos conhecidos datam de períodos do século XIV ao XVI, data bem mais recente que aquela que teria reinado o filho de Davi, que supostamente vivera no século X a.e.c.

A este legado, e seus diversos grimórios e pergaminhos, damos o nome de Tradição Salomônica, enquanto que para sua magia, chamamo-no-nas de Magia Salomônica. Toda esta conjuntura agrega em si elementos de cunho essencialmente mágico, porém, com uma forte influência religiosa baseada no Cristianismo e Judaísmo, além de pagã e notáveis elementos oriundos da bruxaria. Coube a Samuel Mathers, proeminente magista do século XIX e uma das vanguardas da história moderna do ocultismo, a função de reunir em uma única edição os diversos manuscritos existentes no British Museum, atribuídos ao monarca judeu e oferecê-los ao grande público. Sendo esta então a referida edição deste trabalho, assinado por ele em 1888, mesma data em que junto a Woodman e Westcott fundara a Golden Dawn.

Em seu prefácio, Samuel destaca a inovação desta publicação para os padrões da época, que falhavam em apresentar uma compilação integral e corrigida de tais textos, uma vez que muitos deles continham erros nas transcrições em hebraico. Sobre o mal entendimento de algumas pessoas ao confundirem o Grimorium Verum e a Clavícula Ridolta com estas atribuídas a Salomão, e salienta que não são, uma vez que aquelas sejam magia negra. Que omitira alguns ritos em função de sua malignidade e uso de sangue, e que o Lemegeton, aquele onde se encontram os demônios da Goetia, não está aqui. Faz-se necessário lembrar que Mathers era essencialmente um teurgista, que cria na magia em sua função mística para o desenvolvimento espiritual do homem.

Dadas as devidas introduções de editores, listas de gravuras e histórias mitológicas, já comentadas por nós em parágrafos anteriores, chegamos ao Livro I. É aqui que o leitor encontrará toda uma série de instruções sobre a necessidade de se crer em Deus para a consecução, tabelas sobre os dias e horas planetárias indicadas para cada tipo de trabalho, diversas orações com exortações e referências bíblicas para que os espíritos se manifestem no ritual, imagens dos pantáculos planetários e como fazê-los, além de alguns rituais com objetivos medievais, tais como: frustrar a caça de outrem, percorrer grandes distâncias sem cansaço, encontrar tesouros enterrados e desencantá-los, dentre outros.

No Livro II traz uma nota prefacial onde sugere que é preciso ser um Mestre da Arte para obter êxito nestes experimentos e que é preciso defender este livro dos incautos. Novamente sobre dias e horas, a aparência dos espíritos, locais apropriados, jejuns, orações, exorcismos, sacrifícios animais, vestimentas, armas, banhos e companheiros para os rituais. Aqui estão reunidos os aspectos preparatórios do magista para o cumprimento dos rituais expostos no Livro I.

O livro se encerra com um apêndice, indicado como sendo um Fragmento Ancestral da Clavícula de Salomão, Traduzido do Hebraico por Eliphas Lévi, presente em seu Philosophie Occulte, serie II, onde fala sobre Cabala e relaciona as sephirot com as qliphot e seus anjos. Uma invocação cabalística de Salomão e uma tabela com alfabetos místicos.

Este é um livro histórico. Traz notas de rodapé dos vários envolvidos que enriquecem ainda mais o conteúdo apresentado e deixam claro o quão rica e complexa a Magia Salomônica em essência é. Possui um ótimo acabamento, diagramação clara, capa dura e folhas de alta qualidade que certamente tornam esta edição própria até mesmo para ser usada dentro de um ritual. Simplesmente obrigatório.

por Allan Trindade


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