Pode não parecer, mas a facilidade de comunicação instantânea é um
advento bem recente da história da humanidade. Especificamente falando sobre
celulares multifuncionais, computadores e internet em quase todos os lugares,
toda esta realidade ainda comemora sua primeira década de existência. Para
muitos, nascidos e criados com conexão direta ao plano virtual, vislumbrar
contextos anteriores talvez seja uma tarefa no mínimo difícil: disquetes, k7s,
Lps,...foram divindades menores, que tiveram uma importante participação neste
mundo, mas que caíram com a chegada de um novo deus único. Aquele que, sendo
onipotente, onipresente e onisciente, depois do tetragrammaton com seu YHVH, do
pentagramaton com seu YHSVH, seguiria esta curiosa progressão, sendo então o
hexagramaton dos nossos tempos, com seu G O O G L E.
Antes dele a vida era bem
mais difícil, ao menos no campo da pesquisa: era preciso se dedicar de verdade
para encontrar informações sobre os temas que lhe interessavam; bibliotecas
seriam seu browser, jornaleiros suas lojas virtuais, cartas seu
whatsapp, e seus amigos seu site de notícias. Paciência seu loading, papel seu
word, lápis seu ctrl+c e caneta seu pdf, porém, considerando no mínimo um dia
inteiro para a execução de todas estes "rituais".
Se para assuntos comuns a tarefa já não era fácil, o que dizer sobre
temas de menor apelo popular, como
religião e ocultismo?
Lembro com certa clareza das minhas idas semanais as bancas de revistas
em busca de novidades. Certos assuntos eram recorrentes e já não supriam mais
minhas necessidades: sociedades secretas e "TODOS OS SEGREDOS da Maçonaria
finalmente revelados"...curioso é pensar que todo este sensacionalismo parece
funcionar até os dias de hoje. Frustrante. Porém, um dia tudo mudou, e recebi
um convite em minha casa - não de nenhuma Ordem, como eu tinha a ilusão de que
um dia aconteceria, mas - para me tornar assinante de uma nova publicação da
editora Abril: A Revista das Religiões! Li a sinopse e quase não acreditei: uma
revista que abordava especificamente o tema religião de forma imparcial?! Devo
até ter me emocionado...porém disso eu não lembro. Assinei! No mês seguinte
recebi meu primeiro exemplar.
COLEÇÃO DIVINDADES é um conjunto de quatro livros publicados pela
editora Abril, no ano de 2004, com 98 páginas cada, sob o título da Revista das
Religiões.
O primeiro título chama-se Divindades Gregas, traz em seu prefácio a
notável diferença de percepção existente do nosso ponto de vista para com o dos
gregos antigos, quando tratamos seus Deuses como símbolos e sua religião como
mitologia. Traz ainda apontamentos sobre os fatores possíveis para o surgimento
da religião helênica, ou Helenismo, com seus cultos domésticos, e da mudança
radical que marcou o fim da era
olimpiana: o advento do Cristianismo. Em sua lista de Deuses e Semi-Deuses
apresentados através de suas histórias e curiosidades, destacam-se: Zeus, Hera,
Hades, Posêidon, Afrodite, Dioniso, Atena, Apolo, Hermes, Héracles, Asclépio,
Orfeu e Prometeu.
O segundo exemplar, intitulado como Divindades Afro-Brasileiras, aborda
os tipos africanos que chegaram ao Brasil e suas misturas. Nos traz boas
referências para pesquisa, que se contropõem a ignorância popular de considerar
a África como um lugar único, tal qual um país, sem diferenças étnicas,
religiosas ou linguísticas, que mais do que nunca, em tempos de orgulho pela
ancestralidade preta, deveriam ser tratadas com muito mais rigor que se tem
praticado por grupos ou pessoas em específico, que apelam para a demagogia em
detimento do critério científico e
histórico. Os Deuses comentados são: Exu, Ogum, Oxóssi, Omolu, Nanã, Iemanjá,
Xangô, Oxalá, Iansã e Oxum.
O número três, Divindades Indianas, fala sobre o gigantesco número de
adeptos da religião Hindu e as razões para, apesar de seus milhões de Deuses,
esta religião também ser passível de ser considerada monoteísta. Aborda as
origens históricas e sincréticas entre Drávidas e Árias, e os aglomerados de
povos de compõem uma das maiores religiões do mundo. Além de curiosidades sobre
os vários braços e cabeças das divindades e interessantes correlações com conceitos
ocidentais, tais como a Trindade, ou Trimurti, e os novos movimentos
vaishnavas. Os Deuses aqui são: Krishna, Vishnu, Shiva, Parvati, Brahma, Agni,
Varuna, Indra, Kama, Ganesh e Skanda.
O último e não menos interessante, trata das Divindades Egípcias, e em
seu prefácio também nos dá indicativos históricos sobre a formação do povo
egípcio, e sua relação milenar com o rio Nilo. O Alto e Baixo Egito, a
unificação e a formação da religião khemética, ou Khemetismo, sua adoração ao
Sol, seus Deuses com cabeças de animais, o faraó como divindade encarnada, e a
sucessão desses como influenciadores e modificadores não só para a
religiosidade local, como para a eleição de uma divindade principal de seu
panteão. Seus Deuses: Osíris, Ísis, Hórus, Rá, Seth, Amon, Hathor, Áton, Nut,
Anúbis.
Como era de se esperar a revista não durou muito. Novamente recebi uma
carta sendo informado que a publicação encerrava seu ciclo, e que eu poderia
trocar o número de edições restantes da assinatura, por algum outro título da
editora. Fiquei triste. Mas tal qual homens, espíritos e Deuses, tudo tem seu
fim...mas será que este fim há de ser eterno?
por Allan Trindade
Bom dia, colega !!!!
ResponderExcluirEu só consegui comprar a parte sobre Divindades Gregas, pena ...
Vc também já ouviu falar de uma outra publicação da editora Abril "Aventuras na História" ?!?! Eu possuo do primeiro número até junho de 2007 ...
Tchau e até a próxima vez !!!!!